quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Argemiro Ferreira


A página de obituários do jornal O Globo registrou segunda-feira, no alto, a morte no sábado, 12, do cientista Norman Borlaug (foto acima), aos 95 anos (leia o obituário AQUI). Destaque obviamente merecido, dada a importância do personagem, a quem se atribui responsabilidade parcial pela chamada revolução verde, que provavelmente salvou milhões de pessoas da fome na segunda metade do século passado.
Mas os leitores só encontraram no jornal um resuminho anêmico. Tiveram de recorrer à internet para completá-lo. Era de se supor que O Globo – que já poderia ter dado a notícia no domingo, como fizeram os jornais de Londres (leia a do Guardian AQUI), cujo horário quatro horas à frente do nosso – soubesse bem mais sobre o tema. Pois em 1970 ninguém festejou tanto como esse jornal o Nobel da Paz dado a Borlaug.
As razões de O Globo na época não eram os méritos de Borlaug – que os tinha. Naquele ano recorde de atrocidades praticadas pela ditadura militar no Brasil as organizações da família Marinho estavam ocupadíssimas na defesa dos torturadores e assassinos do regime, denunciados no mundo inteiro. Era o tempo do “Pra Frente Brasil” na Copa do México, da euforia da Bolsa, do “Brasil Grande” do ditador Médici.
O Itamaraty da ditadura mobilizara uma operação internacional, com respaldo explícito na mídia aliada do regime (em especial O Globo, mas com papel de destaque para Ruy Mesquita, do Estadão), além de voluntários sinistros como o empresário norueguês Henning Boilesen, radicado no Brasil (à frente do grupo Ultra) e freqüentador dos porões da tortura na OBAN de São Paulo.
Como os jornais lembraram agora, nos obituários do cientista, o próprio Borlaug custou a acreditar na notícia, ao recebê-la de sua mulher Margaret, no México. Foi tal a surpresa que chegou a suspeitar que não passava de brincadeira. Não achava que seria o escolhido em 1970 pelo comitê norueguês – que cabe ao Parlamento desse país selecionar, procedimento distinto dos demais prêmios Nobel, decididos na Suécia.
Leia mais no excelente Blog do Argemiro Ferreira...

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