sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Da série pilantras golpistas: Leandro Colon é ainda menino de recados de pilantra Noblat

Mídia e Congresso: a transparência criada por Sarney e a Internet estão acabando com o jabá de colunistas pilantras

'Aí, então, é hora de fechar o Congresso?'
Heráclito Fortes


Em 2001, Ricardo Boechat foi expulso do O Globo por conduta inaceitável para os padrões éticos da profissão. Foi flagrado combinando as condições de uma matéria com a fonte. O tema tratado poderia influenciar num assunto delicado na época: a privatização/doação do setor de telefonia, envolvendo milhões de reais. Mas aquele não era um caso isolado. A relação entre jornalistas consagrados, lobistas e conglomerados econômicos (principalmente transnacionais) é uma triste realidade na cobertura do Congresso Nacional. Muitos grupos econômicos e até políticos vêm-se muitas vezes chantageados por maus profissionais da imprensa, como Boechat.
O argumento que dá força a esta ignomínia é a idéia que os teóricos de comunicação chamam de “teoria do "espelho", segundo a qual, por ser supostamente imparcial e objetiva, a grande mídia "refletiria" a pluralidade e a diversidade de opiniões que existe na sociedade. Os jornalistas seriam poderosos mediadores entre os fatos e seus leitores/ouvintes/espectadores. A opinião pública se formaria a partir de pequenos grupos, situados no topo da pirâmide social e depois viria "descendo", por degraus, até a base da pirâmide, o povão. No primeiro degrau da "cascata" estaria a elite econômica e social; no segundo, as elites políticas e, no terceiro, a mídia, seguida pelos chamados formadores de opinião – intelectuais, religiosos, artistas, educadores, líderes empresariais e sindicais, jornalistas –; e, finalmente, no último degrau, a grande maioria da população.

A evolução tecnológica e o fim do colunismo de “jabá”

Mas não é isto que ocorre atualmente. O mundo se transformou com a revolução tecnológica. A opinião pública de hoje, por causa da Internet e, curiosamente, da transparência de instituições como o Senado, é um processo muito mais complexo. A população, hoje, não vê os acontecimentos políticos apenas mediados pelo cabresto dos ditos “formadores” de opinião. A população já está se vacinando das crises políticas construídas pela grande mídia. Não é por acaso, portanto, que alguns jornalistas tentam desesperadamente desqualificar a base da população que dá 84% de aprovação ao Presidente Lula, quando acusam o presidente de "populismo", isto é, de tentar governar comunicando-se diretamente com sua base social, ignorando a mediação de instâncias tradicionais como os partidos e a grande mídia. Quer dizer: os jornalistas acham que suas opiniões são a própria opinião pública, mas a realidade diz o contrário. Se não fosse assim, como explicar os 84% de Lula, mesmo com a atuação ostensiva da mídia contra ele?
E como diziam os romanos, “leão ferido dá mordeduras mais violentas”. Os colunistas/lobistas, que vivem do jabá, estão cada vez mais raivosos. Atacam violentamente o Congresso Nacional justamente porque estão perdendo, cada vez mais, espaço junto à classe política como elemento mediador entre os fatos que ocorrem no Congresso e a massa que, hoje, pode acessar informações nos blogs ou assistir os debates ao vivo na TV Senado. Diante da evolução dos mecanismos de transparência da instituição, jornalistas pilantras estão perdendo o “ganha-pão”: a chantagem. Sarney, o mais recente “boi de piranha” dessa gente, depois de 50 anos de experiência na vida pública e em cargos eletivos, já andou diagnosticando: a chamada “democracia representativa’, como a conhecíamos há até bem pouco tempo, está com os dias contados diante da democratização do acesso à Internet, aos blogs e a toda a parafernália eletrônica que o avanço tecnológico trouxe. Tais recursos começam a produzir certo tipo de democracia direta que coloca em xeque não só os políticos tradicionalmente eleitos, mas, também, os empregos de colunistas, jornalistas e comentaristas políticos pagos, que sempre tiveram o monopólio no condicionamento da opinião pública. Sarney tem razão.
O colunismo político profissional está com os dias contados.

Fim da “Conta Movimento do Banco do Brasil” e criação do SIAFI: transparência e controle do Orçamento


Por isso, há um indisfarçável ódio dos chantagistas de plantão para com Sarney, pois ele foi o grande responsável pela transparência da Casa e, por conseguinte, pela transformação dos caçadores de jabás em elementos inúteis. Explico: jornalistas e colunistas que, hoje, procuram estigmatizar Sarney como símbolo do que é “pouco transparente”, fazem isso por pura vingança corporativa. Sabem que, quando colocam em questão os detalhes dos gastos do Senado, se utilizam ou do portal “Contas Abertas” para suas acusações, ou consultam diretamente os dados do próprio SIAFI – Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal. A contradição é: como podem considerar Sarney “pouco transparente”, se tais mecanismos de consulta do Orçamento só existem justamente por causa de uma decisão política corajosa de Sarney quando foi Presidente da República? Para quem não sabe, foi o presidente Sarney que elaborou programa de redução das despesas e revisão dos gastos públicos, dando sistematização e transparência ao processo orçamentário (unificando o Orçamento e criando o SIAF) e saneando o Banco do Brasil e o Banco Central. Já em 1986, criou a “Secretaria do Tesouro” e acabou com a “Conta Movimento do Banco do Brasil”, o que viabilizaria, mais tarde, a Lei de Responsabilidade Fiscal e a atuação do COAF, por exemplo. Quem se lembra, hoje, do que era a conta movimento do Banco do Brasil? Era o instrumento mais importante e mais desagregador da política brasileira. O Banco do Brasil tinha uma carteira que administrava recursos resultantes de emissões de papel-moeda e que se destinava a socorrer empresas de amigos do governo, inclusive da grande mídia. Era a “maquininha ´mágica` de fazer dinheiro”, um dos fatores mais importantes que pesava sobre a inflação e que tornavam privados os recursos que deveriam ser públicos. Pois foi Sarney o primeiro Presidente que teve coragem de acabar com esta aberração de fazer dinheiro e inflação, criando a Secretaria do Tesouro. Não existe, na História da República, gesto maior de moralização e transparência de recursos públicos do que este, uma verdadeira revolução no trato com o dinheiro público, pois todo mundo que chegava à Presidência deixava essa monstruosidade orçamentária continuar porque era altamente útil ao aliciamento político. E isso nunca deu manchete de jornal. Mas, como era de se esperar, o ato do Presidente Sarney provocou a ira de importantes políticos e o surgimento de inimigos poderosos nas elites e nos jornais. É, pois, no mínimo, uma contradição, jornalistas amestrados de hoje acusarem Sarney de não ser transparente, quando se utilizam justamente nos mecanismos de transparência criados por ele.

TV Senado: uma revolução para a transparência

Por outro lado, já como presidente do Senado, Sarney aplicou no Legislativo a revolução que havia iniciado na Presidência da República. O Senado Federal, desde o final dos anos 70, era a casa de menor prestígio do Congresso Nacional. Durante a Ditadura Militar, a presença dos senadores biônicos desprestigiou a instituição. Mas este cenário mudou durante a década de 90, justamente por causa da decisão de Sarney de criar, com a ajuda do competente jornalista Fernando César Mesquita, a TV Senado, que passaria a ser referência para todas as demais TVs públicas que viriam. Com ela, a transmissão ao vivo das Sessões Plenárias e das reuniões das comissões abriu ao país uma realidade conhecida por poucos. Conforme o chefe da Secretaria de Comunicação da época, Fernando César Mesquita, a imprensa “divulgava menos de 1% dos fatos produzidos pelos senadores quando não se omitia ou distorcia os fatos. Agora, eles seriam acompanhados passo a passo no Senado”. Os jornalistas especialistas na cobertura da Casa foram os que mais chiaram, pois perderam o monopólio na tradução do que ocorria. Quer dizer, perderam o poder de manipular opiniões. No início, eram somente quinze horas no ar, transmitidas apenas para Brasília. Em maio de 1996, o sinal da TV Senado já estava em todo o Brasil pelo sistema de satélite digital. Antes de completar um ano, a TV Senado já transmitia sua programação durante vinte e quatro horas, inclusive nos finais de semana. Com a explosão de CPIs, os índices de audiência aumentaram e chegaram a superar o desempenho de diversas TVs comerciais. O povo começou a ver que o que os colunistas falavam não era bem uma verdade absoluta.
Portanto, aquela idéia do excelente Bob Fernandes de que "cerca de 12 jornalistas conduzem a opinião pública a respeito da política nacional" parece não se sustentar mais. É verdade que alguns jornalistas ainda acreditam nisso e confundem o inquestionável poder da mídia com o seu poder individual. É verdade que colunistas medíocres, - mas influentes -, como Ricardo Noblat, Gustavo Krieger, Eliana Catanhede, Dora Kramer, Reinaldo Azevedo, Ricardo Boechat e Alexandre Garcia continuarão recebendo seus jabás. Mas é verdade também que a transparência da própria instituição evoluiu muito. E evoluiu justamente por causa daquele que vem sofrendo os maiores e mais vis ataques: José Sarney. Parece que os boechatos da vida não perdoam o que fez Sarney quanto à transparência desde que foi Presidente da República. É isso.

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