Geraldo Lino
(Alerta em Rede) - Qualquer livro de Ciências ou Geografia do ensino médio informará aos seus leitores que o petróleo é um conjunto de hidrocarbonetos líquidos formados a partir da decomposição de detritos orgânicos em ambientes marinhos e na ausência de oxigênio, para evitar a sua destruição por bactérias aeróbias. Por isso, a pesquisa petrolífera é feita em bacias sedimentares de origem marinha, nas quais existam estruturas geológicas capazes de aprisionar o petróleo assim formado em depósitos com volumes suficientes para justificar a exploração comercial. Não obstante, desde há muito se discute a possibilidade da formação inorgânica do petróleo, proposta ainda no século XIX por Alexander von Humboldt e Dmitri Mendeleyev (o criador da Tabela Periódica dos Elementos). Na antiga URSS, na década de 1950, cientistas russos e ucranianos desenvolveram toda uma formulação teórica sobre o chamado petróleo abiótico (ou abiogênico) e, nos dois países, petróleo e gás natural têm sido encontrados e explorados em formações geológicas não-sedimentares, em profundidades e condições que excluem a possibilidade de que sejam provenientes de migrações de formações sedimentares sobrepostas ou vizinhas.Embora a teoria abiótica seja rejeitada pela corrente principal das geociências no Ocidente, nos últimos anos o interesse nela vem aumentando aos poucos, na medida em que evidências empíricas e experimentais demonstram que não se trata de uma idéia marginal. Em junho de 2005, a venerável Associação Americana de Geólogos de Petróleo (AAPG), a maior e mais antiga organização do gênero do mundo, abriu espaço na pauta da sua reunião anual, realizada em Calgary, Canadá, para uma “Conferência sobre a origem do petróleo”. Mesmo tendo colocado na sua página a advertência de que não endossava ou recomendava as conclusões do debate, o simples fato de a AAPG ter incluído o tema na agenda é bastante significativo da mudança de ares a respeito. Os objetivos do evento foram assim descritos: a) apresentar as mais recentes informações que apoiam uma origem orgânica e inorgânica do petróleo e debater as hipóteses sobre a formação de petróleo e gás natural; b) discutir as ramificações de uma gênese inorgânica do petróleo na estimativa das reservas de petróleo e gás das bacias sedimentares, incluindo as rochas do embasamento, e na determinação das reservas de petróleo e gás; c) explorar o significado de uma formação inorgânica do petróleo para os suprimentos futuros de petróleo e gás natural. (Para os não-iniciados nos arcanos da Geologia, embasamento é o termo aplicado às rochas situadas abaixo das formações de rochas sedimentares, sendo estas formadas por variados processos a partir de detritos de outras rochas.)
Leia mais no Alerta em Rede...
Nenhum comentário:
Postar um comentário