Prezado senador José Sarney:
Como historiador e cidadão, aprendi a admirá-lo pela determinação e espírito patriótico com que enfrentou as imensas dificuldades da delicada transição democrática nos Anos 80. Até então, era uma admiração abstrata. Apenas o reconhecimento de um brasileiro para com um político que se tornou decisivo para a nossa História. Mas, como seu assessor de imprensa nos últimos seis anos, além da honra em poder servi-lo, pude constatar que a sua dedicação e o seu respeito pelas liberdades civis não são como a retórica fácil dos demagogos. E não se restringem ao seu desempenho como homem público. Fazem parte da sua própria essência, de seu dia-a-dia, da forma cordial como lida com seus servidores, com seus pares, com a imprensa e com os cidadãos. Lembro-me que, quando decidi exercer minha cidadania através de um blog pessoal sobre política, o senhor me deu todo apoio, só exigindo o óbvio: que o blog não afetasse meu desempenho no trabalho. Recomendação que venho seguindo fielmente. Faço questão de destacar que, por diversas vezes, mesmo sendo seu assessor, pude discordar de suas opiniões políticas no meu blog. Cheguei a fazer severas críticas, por exemplo, ao presidente Lula, cujo governo o senhor apóia integralmente. E este fato jamais foi motivo de admoestações de sua parte. Recordo também o caso das “cotas para afro-descendentes”. Minha posição pessoal, como cidadão brasileiro, por diversas vezes expressa no “Blog do Said Dib”, sempre foi contrária a tal política. Escrevi vários artigos a respeito. Mas, mesmo o senhor sendo o criador das políticas afirmativas no Brasil, nunca, jamais, em momento algum, interferiu na minha produção intelectual. Por isso, senador, minha admiração abstrata acerca de seu espírito democrático se tornou uma constatação empírica. Mas, por ironia do destino, justamente o jornal que, sistematicamente, vem fazendo campanha sórdida contra o senhor e a instituição Senado Federal, que tenta por todas as formas forjar a idéia ridícula de que está sendo “censurado”, agora quer me tirar o direito inalienável de me expressar livremente. Direito que é previsto pela Constituição que o senhor garantiu que fosse feita depois de vinte anos de arbítrio. Tenho convicção de que a matéria “Sarney dobra salário de assessor blogueiro”, publicada no jornal “O Estado de São Paulo” e assinada pelo “jornalista” Leandro Colón, na quinta-feira, dia 17 de setembro, é mais um factóide criado para tentar atingí-lo politicamente. E isso ocorre justamente agora que as necessárias providências de transparência e de austeridade adotadas pelo senhor, visando modernizar o Senado Federal, começam a surtir efeitos substanciais. Como venho acompanhando seu esforço pessoal nesta missão, como venho sendo testemunha das injustiças e dos ataques que vem sofrendo por isso - e como sei de sua convicção em melhorar a Casa -, decidi irrevogavelmente pedir demissão do cargo em comissão que atualmente exerço. Não admito ser instrumento político dos que querem não a moralidade, mas a desestabilização da instituição mais importante para o equilíbrio da Federação. Não aceito ser fator de desestabilização da instituição e, por extensão, do próprio governo Lula. E, por fim, não submeto minha liberdade de expressão, como cidadão brasileiro e dono de um “blog”, à censura de um veículo de comunicação poderoso, mas a cada dia menos respeitado e viável economicamente. Continuarei livre para escrever e publicar tudo que considero importante para o meu País. Meões golpistas irresponsáveis não me calarão jamais. O "Blog do Said Dib" resistirá.
Para finalizar, quero agradecê-lo pela oportunidade que me deu de poder servir a um grande estadista brasileiro. Foram momentos de aprendizado que levo com muita honra e satisfação no meu currículo.
Atenciosamente,
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SAID BARBOSA DIB
Esta charge logo abaixo foi o que serviu de desculpa espertalhona para a “indignação” do verme que se diz jornalista, o menino de recados de Noblat, o carreirista Leandro Colón, contra mim. Ele me perguntou por telefone se seria correto eu publicar esta crítica em meu blog "sendo assessor em cargo de confiança do senador Sarney". Eu lhe respondi que, antes de ser um consumidor, um profissional, um pai, um contribuinte ou um aliado de Sarney, sou, com muito orgulho, um cidadão brasileiro que tem o direito constitucional de manifestar minhas opiniões e idéias. Perguntei-lhe se sabia o que é e qual a natureza de um "cargo de confiança". Nenhuma rsposta. E disse-lhe que nada, dentro dos cânones legais, irá me calar. Meu cargo atual no Senado não constitui uma camisa de força que possa me impedir de exercer minha cidadania plena. Não sou funcionário público de carreira. Sou, com muito orgulho, do grupo político que apóia e que sempre se engajou na figura história do nosso timoneiro da democracia, o senador Sarney. Quem gosta de cargos públicos apenas nas mãos de tecnocratas são os estados totalitários, que não precisam construir maiorias e dividir responsabilidades.
E exercendo cargo da confiança de Sarney - não dos Mesquitas ou do pateta Casagrande - não poderia jamais deixar de defender o ex-presidente dos ataques das forças apátridas tucanóides contra ele e o presidente Lula. Mais do que uma convicção política, esta era e sempre será minha missão, mesmo afastado do Senado. O decadente jornal “O Estadãozinho de São Paulo” não me intimidará jamais. Quanto ao que ganho de salário como assessor, para defender uma postura política que acredito benéfica para o Brasil, acho que é muito pouco pela minha competência, em primeiro lugar, principalmente se comparado ao que ganha uma Míriam Leitão ou um Ricardo Noblat para desestabilizarem um governo democraticamente eleito como o governo Lula.
Agora, caro leitor, confira abaixo apenas uma pequena amostra do tipo de charge que o democrata Sarney vem suportanto, pacientemente, por parte da imprensa em geral... Preste atenção no conteúdo agressivo e pejorativo, que procura a todo momento associar Sarney a fezes ou a coisas espúrias. E compare as charges anti-Sarney com o que publiquei no meu blog com relação ao oportunista senador Renato Casagrande. Não deixe também de refletir sobre o fato de que o verme Leandro Colon, pau mandado de Noblat e de Serra, jamais, em tempo algum, se manifestou indignado sobre um possível desrespeito dessas charges sobre o presidente Sarney. Por que se indignou apenas com o pateta Casagrande? Por outro lado, mesmo que você não goste do bigode do Sarney, pense o seguinte: por que Sarney não agiu com relação aos chargistas abaixo como o Estadão tenta agir com relação ao meu blog? Ou seja, censurando... Resposta: por que Sarney, com todos os defeitos que possa ter, é um verdadeiro democrata.
Este blog não é hipócrita de se fingir de imparcial ou coisa que o valha. Sou assumidamente pró-Sarney. Sou engajado nisso. Não sou hipócrita como os vassalos do Estadãozinho. Aliás, acho que a família Mesquita, que ajudou muito na implantação da Ditadura Militar, deveria ser substituída na gestão do jornal pelos próprios jornalistas. A democracia ficaria bem melhor. Assim, os profissionais da área não seriam obrigados a faver papelões como vêm sendo obrigados a fazer. Somente assim, o decadente veículo se recuperaria e deixaria de querer substituir os agentes políticos da sociedade como sujeitos do processo político. Somente assim, poderíamos perceber que as matérias publicadas não são, necessariamente, as opiniões do público e o que realmente ocorre.
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