Geddel Vieira Lima não tem meio termo para falar de política. Desanca o governo da Bahia e chama de factóide o anúncio de uma ponte ligando Salvador a Itaparica, apesar da situação delicada que o mantém na esfera federal aliado do presidente Lula e, na terra natal, agora adversário ferrenho do governador Jaques Wagner. Nesta entrevista ao JB, o ministro da Integração Nacional reforça que será mesmo candidato ao governo pelo PMDB, já elabora o programa, diz que volta à Câmara como deputado para arrumar a campanha e que conversa com PRTB, PTB, PSC para uma coalizão.
O senhor hoje é ministro da Integração Nacional, aliado do presidente Lula. E do governo da Bahia?
Não. Sou aliado do presidente Lula e o PMDB deixou de ser aliado do governo do estado quando identificou que os compromissos político-administrativos que nos embalou nos sonhos de mudanças na Bahia, em 2006, não estavam sendo cumpridos. Entregamos os cargos, demonstramos que o PMDB da Bahia não tem nada de fisiológico; não no discurso, na prática. Foi antes, inclusive, do prazo eleitoral, para mostrar que a nossa postura era política, não era oportunista.
O governador Jaques Wagner, pelo que se tem notícia, mantém a mesma linha de governo desde o início. Por que só agora o PMDB, às vésperas da eleição, saiu?
Não foi às vésperas da eleição. Essa decisão foi tomada em agosto. Às vésperas da eleição a atitude quem tomou foi o PT da Bahia, que conseguiu obter mais cargos do prefeito João Henrique, do PMDB, em outubro de 2005. Quando chegou abril de 2006, às vésperas da eleição, deixaram o governo com críticas e partir para uma candidatura própria. Nós, não. Vínhamos alertando publicamente que o governo não estava nos rumos que gostaríamos. Chegamos a entregar ao governador do estado um documento apontando alguns avanços e o que estava equivocado naquelas áreas em que cumpria ao PMDB administrar. Não recebemos resposta. A partir daí, é legítimo que os partidos se posicionem, oferecendo alternativas à Bahia.
Salvador não perde com essa disputa política, tendo a prefeitura do PMDB e o governo do PT? Por quê? Alguém vai retaliar a cidade por questões políticas? Isso não acontece?
Não. O presidente tem deixado claro que, independentemente de posições políticas, vai atender a todos. Eu tenho visto governos de oposição, por terem projetos e avanço, conseguir arrancar mais para seus estados do que a Bahia. O que a prefeitura de Salvador está recebendo hoje, do governo do estado, é exatamente o mesmo que tinha quando era aliado: nada.
E obras de parceria?
Não tinha antes. Tudo que tem hoje, na Bahia, seja em Salvador, ou no estado, 98% são do governo federal.
A situação seria melhor se os partidos fossem aliados, como no Rio, por exemplo?
Partidos são aliados a nível nacional e tudo está acontecendo. O que tem em Salvador, hoje, é exatamente o mesmo que tinha quando os partidos eram aliados – absolutamente nada. A questão política não pode se confundir com a questão administrativa. Não há mais espaço, hoje, para essa doutrina de que você precisa ter alinhamento geral. Senão não vai haver posições divergentes.
O senhor é candidato ao governo do estado?
Sou candidato ao governo do estado da Bahia.
E sua relação com o governador Jaques Wagner?
Não tenho tido encontros com o governador Jaques Wagner, mas quando, eventualmente, o encontro, é como pessoa civilizada. O governador, nas circunstâncias da política, nos colocou como adversários. De minha parte, não sou inimigo.
Desde quando vocês são adversários?
Desde que o PMDB deixou o governo dele, em agosto. Não tive mais conversa política com o governador Jaques Wagner.
Não houve nenhum sinal do PT ou do governador para uma aproximação?
Nem eu o procurei nem ele me procurou. Estamos discutindo projetos para a Bahia.
O presidente Lula sugeriu alguma coisa?
Não conversei com o presidente sobre esse tema. O presidente não me sugeriu nada.
O PT e o PMDB devem se alinhar a nível nacional. A Bahia pode ser uma exceção. O senhor seria então o palanque da oposição?
Não. Eu tenho dito desde sempre que defendo a preservação do projeto nacional do presidente Lula. Que na Bahia pode se repetir o que já ocorreu no passado no Pará, em Pernambuco: palanques duplos onde a divergência estadual seja explicitada, mas que o apoio nacional seja público. Essa é a posição que tenho defendido e é nessa linha que estou trabalhando. Essa linha só não se realizaria se o PT dissesse que não quer, que não deseja nosso apoio, que nos hostiliza. Vou trabalhar até o meu limite nessa direção.
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