segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Entre ser Noruega ou o Iraque tropical...

Lessa: ‘Espero que Lula tenha coragem’

Para Lessa, energia é o principal setor estratégico do mundo na atualidade

Para o economista Carlos Lessa, ex-presidente do BNDES, o setor de energia atualmente é o mais estratégico do mundo e o Brasil pode sofrer ou se beneficiar de seu potencial energético, dependendo das opções que fizer:
"A mão de Deus nos deu o petróleo, que dependendo de como o usemos, pode representar desenvolvimento, como na Noruega, ou retrocesso. No limite, podemos ser uma Noruega tropical ou um Iraque no Atlântico Sul. Temos de exportar trabalho feito pelos brasileiros e não virar primário exportador. Lula fala isso. Espero que tenha coragem de enfrentar o problema."
Lessa, que também foi reitor da UFRJ, lembrou que o petróleo tem sido maldição para a maioria dos países produtores: "A Venezuela não produz alimentos porque a entrada de dólares tornou isso muito caro. O mesmo pode acontecer aqui. Exportar petróleo cru também é maldição. A Indonésia vendia a US$ 2 o barril, acabou com suas reservas, e, agora, importa a US$ 90", disse, acrescentando que o México também perdeu muito de suas reservas.
Outro setor sensível para o Brasil, mas que pode ser uma oportunidade de desenvolvimento, na opinião dele, é o de transportes: "A matriz logística é o Calcanhar de Aquiles do Brasil. Temos um dos piores sistemas de movimentação de cargas e pessoas do mundo. A começar pela opção pelas rodovias, que são os piores e mais caros meios de transporte."
Lessa, porém, enfatizou que, se houver coragem política, o investimento em logística poderá deflagrar um surto de desenvolvimento no país.
"Se investirmos na matriz logística e fizermos redução dos preços do frete, isso significará aumento de poder de compra, sobretudo para o povão. Estaremos restaurando o mercado interno e dando impulso fantástico a essa produção, cuja tecnologia dominamos. Sabemos fazer coisas em grande escala, como Brasília. Mas o que vemos é paralisação por causa de juros altos e câmbio valorizado", criticou, em entrevista exclusiva ao Monitor Mercantil.

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