Sereno e extremamente confiante no encaminhamento dos problemas da instituição, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), foi o entrevistado de ontem (2/9) do programa “3 a 1”, da Tv Brasil, transmitido às 22h. Indagado pelos repórteres, Sarney mostrou que teve que construir uma legitimidade através da “Plano Cruzado”, durante seu mandato na Presidência da República (1985-90), para que não fosse deposto e pudesse garantir a transição democrática. Depois de fazer esclarecimentos detalhados do que vem fazendo pela modernização e tranparência do Senado, disse que já soube superar crises piores, embora a atual tenha afetado mais seu lado pessoal, lamentou, lembrando que, apenas por causa dos ressentimentos de alguns setores pela eleição de fevereiro, foram colocados em questão 55 anos de vida pública ilibada. Mais uma vez indagado pelos jornalistas sobre a "Nova República", afirmou que quem deteve o poder político, pela própria situação dramática em que se achou no poder em 1985, em dado momento, foi o falecido deputado Ulysses Guimarães; e que, se tivesse reagido a essa tutela política de Ulysses, seria “deposto, como muitos presidentes no Brasil”. Sarney mostrou que sua legitimação veio pelo Plano Cruzado. E que mesmo depois do fracasso econômico do plano inédito e heterodoxo, que procurou preservar o trabalhador da recessão, a cidadania e o espírito de participação da sociedade se desenvolveram graças justamente aos “fiscais do Sarney’, que anteciparam posturas políticas importantes que gerariam conquistas relevantes, como o Código dos Direitos dos Consumidores, por exemplo. Ele destacou, ainda, que, apesar dos exageros e das anomalias da Carta de 1988, a sua decisão de convocar a Assembléia Nacional Constituinte (1987-88) e de legalizar partidos clandestinos foi extremamente acertada para a consolidação da transição democrática.
A entrevista de José Sarney também concluiu a série de entrevistas com ex-presidentes da República (o programa já entrevistou FHC, Collor e Itamar Franco), iniciada com a entrevista inaugural do “3 a 1” com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no dia 17 de setembro de 2008. Na entrevista que foi ao ar ontem, Sarney teve a oportunidade de falar da longa crise do Senado e disse que, nesse episódio, foi terrivelmente injustiçado, mas que em momento algum pensou em abandonar o barco.
Político atualmente com mais tempo em cargos eletivos no Brasil – Sarney começou sua carreira política como deputado federal em 1955 e só no Senado já exerceu 34 anos de mandato, dois a mais do que Rui Barbosa – o presidente do Senado lamentou, na entrevista, que o Congresso não tenha feito uma reforma política séria, o que leva o país a se sustentar na figura do presidente da República. “Se temos um presidente equilibrado [como Lula], o país vai bem”, disse.
Na entrevista concedida aos jornalistas Luiz Carlos Azedo (âncora do programa), Helena Chagas (Tv Brasil) e Sérgio Fadul (O Globo, que ficou o tempo todo de “cara feia”...), José Sarney disse que foi praticamente obrigado a disputar o terceiro mandato como presidente do Senado, porque, caso contrário, o PMDB ficaria sem a legítima representação na Mesa Diretora, mesmo sendo o maior partido na Casa. A crise, segundo ele, jamais mancharia sua longa e rica biografia. “Por que estou sendo crucificado? Opor que apoiei Lula muito antes dele ter boas relações comigo”, desabafou Sarney. Sobre as eleições de 2010, ele não quis arriscar palpite sobre os outros candidatos citados pelos jornalistas, mas que não tinha dúvidas sobre a capacidade e importância da candidata de Lula para a continuidade do projeto vitoriosos do presidente: “A Dilma [Rousseff, ministra-chefe da Casa Civil] é a continuidade do governo Lula. Se está dando certo, não tem porque mudar”, disse José Sarney. Tão logo a Rede Brasil disponibilize o vídeo com a entrevista na Rede, o “Fique Sarney” o publicará também para nossos leitores. Vamos aguardar.
Por enquanto, confira a Entrevista do "3 a 1" com Lula
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