Megatons para Megawatts
Nilder Costa (Alerta em Rede)
Volta e meia, contumazes adversários da utilização pacífica da energia nuclear levantam argumentos fantasiosos ou fraudulentos para tentar obstaculizar o avanço desta que é uma das maiores conquistas científicas e tecnológicas já alcançadas pela humanidade. Um dos mais recentes e pouco conhecido desses argumentos foi astuciosamente batizado como “pico de urânio” – em uma clara analogia ao controverso ‘pico de petróleo’ -, e visa instilar dúvidas sobre futuros suprimentos do principal “combustível” da geração nucleoelétrica, o urânio.
Um dos mentores do ‘pico de urânio’ é o Dr. Michael Dittmar que, apesar de físico, é um desiludido com a nucleoeletricidade, para dizer o mínimo. Em resumo, o Dr. Dittmar e seguidores, oportunistas ou não, fazem uma projeção linear das necessidades versus reservas conhecidas de urânio para concluir que as atuais usinas nucleares necessitam de 65 mil toneladas de urânio por ano, mas a indústria civil só consegue minerar algo como 40 mil toneladas anuais, sendo a diferença restante obtida de “estoques militares” (ogivas nucleares) e outras fontes secundárias: “Sem a utilização de estoques militares, as reservas civis de urânio no Ocidente se esgotarão em 2013”, sentencia Dittmar. [1]
Tanto a Agência Internacional de Energia Atômica (IEIA) quanto a Agência de Energia Nuclear contestam veementemente essa conclusão: segundo o chamado “Red Book” da IEIA/NEA, mesmo com a esperada duplicação das necessidades de urânio para 2030, “as necessidades anuais de urânio subiriam para um patamar entre 94 e 122 mil toneladas, baseadas nos tipos atuais de reatores. As atuais reservas identificadas [de urânio] são adequadas para atender tal expansão”. Nesse sentido, o caso particular do Brasil é exemplar uma vez que existem reservas comprovadas de urânio capaz de abastecer por mais 100 anos todas nossas usinas nucleoelétricas em operação, construção ou planejadas até 2030, apesar de que apenas metade do território nacional tenha sido prospectado.
Por outro lado, a própria necessidade de utilizar-se as fontes de combustível nuclear estocado nas milhares de bombas atômicas (cujo poder de destruição é medido em megaton, equivalente a 1 milhão de toneladas de TNT) abre uma perspectiva que coloca em xeque a postura das grandes potências atômicas, a começar pelos EUA, no âmbito do discricionário Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP), concluído em 1968. Segundo o tratado, os países signatários não possuidores de artefatos nucleares abririam mão de fabricá-los e as “potências atômicas” procederiam a um desarmamento acelerado, o que nunca ocorreu.
Em 2010, o TNP passará por uma revisão. Seria uma ótima oportunidade para que os EUA, ao invés de tentar reviver o fantasma do famigerado Plano Baruch por meio da criação de um suspeito “banco internacional de urânio enriquecido” sob a responsabilidade da IAEA, desse o exemplo e cumprisse a cláusula do desarmamento do tratado, reprocessando suas milhares de ogivas nucleares em combustível para abastecer as próprias usinas nucleoelétricas que precisam ser construídas. Bem que o presidente Barach Obama poderia se inspirar no programa “Átomos para a Paz”, profícua iniciativa do seu antecessor Eisenhower, e lançar um revigorado programa “Megatons para Megawatts”.
Nilder Costa (Alerta em Rede)
Volta e meia, contumazes adversários da utilização pacífica da energia nuclear levantam argumentos fantasiosos ou fraudulentos para tentar obstaculizar o avanço desta que é uma das maiores conquistas científicas e tecnológicas já alcançadas pela humanidade. Um dos mais recentes e pouco conhecido desses argumentos foi astuciosamente batizado como “pico de urânio” – em uma clara analogia ao controverso ‘pico de petróleo’ -, e visa instilar dúvidas sobre futuros suprimentos do principal “combustível” da geração nucleoelétrica, o urânio.
Um dos mentores do ‘pico de urânio’ é o Dr. Michael Dittmar que, apesar de físico, é um desiludido com a nucleoeletricidade, para dizer o mínimo. Em resumo, o Dr. Dittmar e seguidores, oportunistas ou não, fazem uma projeção linear das necessidades versus reservas conhecidas de urânio para concluir que as atuais usinas nucleares necessitam de 65 mil toneladas de urânio por ano, mas a indústria civil só consegue minerar algo como 40 mil toneladas anuais, sendo a diferença restante obtida de “estoques militares” (ogivas nucleares) e outras fontes secundárias: “Sem a utilização de estoques militares, as reservas civis de urânio no Ocidente se esgotarão em 2013”, sentencia Dittmar. [1]
Tanto a Agência Internacional de Energia Atômica (IEIA) quanto a Agência de Energia Nuclear contestam veementemente essa conclusão: segundo o chamado “Red Book” da IEIA/NEA, mesmo com a esperada duplicação das necessidades de urânio para 2030, “as necessidades anuais de urânio subiriam para um patamar entre 94 e 122 mil toneladas, baseadas nos tipos atuais de reatores. As atuais reservas identificadas [de urânio] são adequadas para atender tal expansão”. Nesse sentido, o caso particular do Brasil é exemplar uma vez que existem reservas comprovadas de urânio capaz de abastecer por mais 100 anos todas nossas usinas nucleoelétricas em operação, construção ou planejadas até 2030, apesar de que apenas metade do território nacional tenha sido prospectado.
Por outro lado, a própria necessidade de utilizar-se as fontes de combustível nuclear estocado nas milhares de bombas atômicas (cujo poder de destruição é medido em megaton, equivalente a 1 milhão de toneladas de TNT) abre uma perspectiva que coloca em xeque a postura das grandes potências atômicas, a começar pelos EUA, no âmbito do discricionário Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP), concluído em 1968. Segundo o tratado, os países signatários não possuidores de artefatos nucleares abririam mão de fabricá-los e as “potências atômicas” procederiam a um desarmamento acelerado, o que nunca ocorreu.
Em 2010, o TNP passará por uma revisão. Seria uma ótima oportunidade para que os EUA, ao invés de tentar reviver o fantasma do famigerado Plano Baruch por meio da criação de um suspeito “banco internacional de urânio enriquecido” sob a responsabilidade da IAEA, desse o exemplo e cumprisse a cláusula do desarmamento do tratado, reprocessando suas milhares de ogivas nucleares em combustível para abastecer as próprias usinas nucleoelétricas que precisam ser construídas. Bem que o presidente Barach Obama poderia se inspirar no programa “Átomos para a Paz”, profícua iniciativa do seu antecessor Eisenhower, e lançar um revigorado programa “Megatons para Megawatts”.
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