O milho, desde sempre, constituiu a base alimentar do povo mexicano. Até a entrada no NAFTA (Acordo de Livre Comércio da América do Norte), o México era um país com soberania alimentar: a sua produção interna de milho era suficiente para atender às necessidades do seu povo. A partir do NAFTA, a produção interna mexicana foi arruinada pelas importações do milho dos Estados Unidos. O milho mexicano não podia competir com os preços subsidiados dos produtores estado-unidenses. Isto, só por si, provocou uma tragédia de desemprego e desertificação rural, forçando à emigração maciça de camponeses empobrecidos para os EUA — muitas vezes de forma ilegal e com riscos de vida.
O segundo capítulo desta triste história foram aumentos de preços brutais. Entre Janeiro/2006 e Janeiro/2007 a cotação do milho subiu 60,8 por cento, impossibilitando a milhões de mexicanos o acesso ao seu alimento básico. É a questão das "tortilhas", mencionada por alguns media portugueses como se fosse algo pitoresco e sem situá-la no contexto histórico. E por que subiu tanto e tão de repente o preço do milho? Resposta: porque nos EUA estão a desviar milho para a produção de bioetanol, um substitutivo da gasolina. Algumas lições que já se podem extrair desta história em desenvolvimento:
O segundo capítulo desta triste história foram aumentos de preços brutais. Entre Janeiro/2006 e Janeiro/2007 a cotação do milho subiu 60,8 por cento, impossibilitando a milhões de mexicanos o acesso ao seu alimento básico. É a questão das "tortilhas", mencionada por alguns media portugueses como se fosse algo pitoresco e sem situá-la no contexto histórico. E por que subiu tanto e tão de repente o preço do milho? Resposta: porque nos EUA estão a desviar milho para a produção de bioetanol, um substitutivo da gasolina. Algumas lições que já se podem extrair desta história em desenvolvimento:
1) O neoliberalismo econômico conduz a desastres e as suas vítimas são os povos;
2) A integração no NAFTA foi e é uma tragédia para o México, sob muitos aspectos;
3) A perda de soberania alimentar de um país provoca riscos acrescidos para o seu povo;
4) É demagógico e anti-ético desviar a produção de alimentos para a fabricação de mixórdias combustíveis, apregoadas como energia "renovável" por pseudo-ecologistas interessados no seu próprio business (isto vale também para Portugal);
5) Além de demagógico, é de uma inanidade absoluta tentar substituir petróleo por biocombustíveis líquidos. No caso português, por exemplo, jamais será possível substituir uma facção minimamente significativa do petróleo consumido – 18,3 milhões de toneladas/ano – por combustíveis de origem vegetal;
6) As tentativas de promover os biocombustíveis líquidos, cumprindo Diretiva da UE, estão a gerar uma procura de biodiesel que provoca verdadeiras tragédias no Terceiro Mundo;
7) Nem sequer o ambiente urbano chega a ser beneficiado com tais medidas. Não é porque se mistura 5 por cento de biodiesel ao gasóleo, como em Portugal, que as emissões poluentes reduzem-se algo que se sinta;
8) No mundo pós Pico de Hubbert deve-se constatar sem rodeios que o petróleo não pode ser substituído. A humanidade terá de reduzir o seu consumo energético.
Para conseguir isso de um modo racional e humano, um bom princípio é a adoção do Protocolo do Esgotamento . Quanto mais tempo o mundo ignorar o problema do esgotamento mais ele se agravará e piores serão as conseqüências futuras. Ver a propósito o Projecto de Resolução Nº 164/X , publicado no Diário da Assembléia da República, 2ª série, 20/Dezemb
Nenhum comentário:
Postar um comentário