terça-feira, 8 de setembro de 2009

DIAP divulga os "Cabeças do Congresso"

Medidas modernizadoras, adotadas para enfrentar a “Crise” do Senado, reforçam liderança e prestígio de Sarney

A longa campanha midiática contra o Senado consolidou, em vez de diminuir, o poder do grupo que apóia o presidente Lula, na atual legislatura. O DIAP – Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar divulgou na sexta-feira, 04/09, a 16ª edição do estudo Os Cabeças do Congresso” de 2009, com a lista dos 100 deputados e senadores mais influentes e respeitados na condução do processo decisório brasileiro. Segundo os critérios do DIAP, são os parlamentares que têm mais habilidades para elaborar, interpretar, debater ou dominar regras e normas do processo decisório.


Pelo estudo, o poder real de José Sarney (PMDB/AP) e de Renan Calheiros (PMDB/AL) se manteve praticamente intacto e diminuiu a margem que a oposição tinha para negociar políticas públicas, o que, segundo o DIAP, explicaria a radicalização nas disputas internas no Senado, sobretudo com a proximidade das eleições de 2010. Figurinhas manjadas da oposição, que não trabalham, não produzem, não participam das comissões, não propõem projetos - e apenas ficam como mariposas atrás dos holofotes da imprensa -, ficaram fora, como era de se esperar. É o caso do senador oportunista Cristovam Buarque, que só sabe fazer proselitismos vazios e não está nem aí para o povo do DF. O que ficou evidente, também, é que as ações empreendidas pelo senador Sarney, no sentido de melhorar a transparência e a eficiência da Casa, ajudaram a manter o prestígio do ex-presidente da República, mesmo diante dos ataques sistemáticos de setores da imprensa e da oposição.

Pelo levantamento, conclui-se também que os parlamentares que comandam o processo decisório no Congresso Nacional têm formação superior, são profissionais liberais, defendem a economia de mercado, são predominantemente de centro e têm mais de um mandato. Pertencem aos maiores partidos e destacam-se como articuladores e debatedores eficientes. São, também, em sua maioria, oriundos de regiões ricas - ou dos estados ricos das regiões pobres -, com raras exceções, como o senador Sarney, representante do pequeno e novo Estado do Amapá.

Essas são algumas das principais conclusões a que se pode chegar com a divulgação da 16ª edição da série "Cabeças" do Congresso Nacional, pesquisa, entre os congressistas, realizada anualmente pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap). O objetivo é "identificar os 100 parlamentares com mais habilidades para elaborar, interpretar, debater ou dominar regras e normas do processo decisório, bem como para manipular recursos de poder, de tal modo que suas preferências ou do grupo que lideram prevaleçam no conflito político".

As novidades no Senado, este ano, foram poucas. Não passaram de três, apesar de a Casa viver momentos de crise desde o ano passado, como a renúncia de Renan à presidência, e a recente campanha contra o apoio de Lula ao senador Sarney.

Novidades

E entraram no grupo dos 100 duas mulheres e o senador por Brasília, Gim Argello: a ex-ministra Marina Silva (AC), provável candidata do PV a presidente da República, e a senadora Kátia Abreu (DEM/TO), presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA), ruralista com chance de compor a chapa do candidato do PSDB em 2010. O senador é Gim Argello (PTB/DF), suplente do ex-senador Joaquim Roriz (PMDB/DF), soube se destacar ao se aproximar do grupo do PMDB que apóia Lula e a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), candidata do PT a presidente.

Consolidação de poder

"O apoio do governo na crise Sarney consolidou o poder desse grupo", diz Antônio Augusto Queiróz, diretor do Diap e coordenador da pesquisa e da publicação "Cabeças" do Congresso. Na Câmara, o processo se deu de forma um pouco diferente: 12 deputados saíram da lista, em relação a 2008, e entraram nove (a diferença são os três senadores que entraram na lista). É mais ou menos a média nas mudanças de uma legislatura (de quatro em quatro anos, nas eleições) para a outra. No período, em geral a lista permanece estável, o que não foi o caso de 2009. Um dos motivos foi a saída de deputados, seja para disputar a eleição de 2008 para prefeito (93), seja para ocupar secretarias em seus estados. "A imagem do Congresso está muito negativa", diz Queiróz.

Os "Dez mais"

Os 100 "Cabeças" do Congresso, agora, elegerão os dez nomes que constituem a elite da elite parlamentar. Após identificar os cem parlamentares mais influentes é feita uma pesquisa entre eles, pelo Jornal do DIAP, para se estabelecer “os dez mais destacados”. "Para a classificação e definição dos nomes que lideram o processo legislativo, o Diap adota critérios qualitativos e quantitativos que incluem aspectos posicionais (institucionais), reputacionais e decisionais", explica Queiróz. Para a eleição dos dez é grande a expectativa em relação ao senador José Sarney que, como presidente do Senado, dificilmente ficará fora da lista, se, claro, o DIAP manter seus tradicionais critérios e não resolver cair no canto da sereia da imprensa golpista. Aliás, o senador Sarney, do Amapá, está no seleto grupo de seis senadores que estiveram em todas as 16 versões da list dos “100 mais”. E é um dos poucos que fez parte do seleto grupo dos “10 mais” por oito vezes, nas edições de 1996, 1997, 2003, 2004, 2005, 2006, 2007 e 2008. A lista dos “dez mais” ainda não saiu neste ano.

Comentando o perfil do senador Sarney, o “Jornal do DIAP” assim o define:

“Senador, quarto mandato, advogado, professor, escritor, poeta e empresário. Um dos políticos mais influentes da República, já passou pelos principais cargos que um homem público pode almejar. Foi deputado federal, senador, governador, vice-presidente e presidente da República. Líder partidário, presidente de partido e do Senado (por duas vezes). Liberal e com preocupação social, é defensor e um dos principais condutores das reformas constitucionais do Governo Lula no Congresso. Eleito - e reeleito - senador pelo Amapá é a maior liderança política no Congresso. Parlamentar de grande prestígio no Senado, destaca-se como articulador. Apareceu na Elite dos “10 mais” do Congresso Nacional por sete vez”.

Veja também:

Levantamento estatistico, desde 1996, primeiro ano dos Dez mais.

A mídia e a crise no Congresso

    Os privilégios e abusos com recursos públicos, assim como a ausência de transparência, são intoleráveis no atual estágio civilizatório. Exigir decência no exercício de funções públicas é dever de todo e qualquer cidadão. A ética e a moral são pilares do sistema de representação. A ausência desses valores fundamentais compromete a própria democracia. Em situações como estas, entretanto, o correto é atacar as causas do problema, corrigindo as imperfeições ou deficiências, para que ele não se repita mais, e punir com rigor os responsáveis pelos atos de corrupção, pelos desvios de conduta ou pelas práticas ilegais. Infelizmente, a imprensa, que cumpre um papel fundamental de levar
    à sociedade essas denúncias, em geral, negligencia a solução do problema. As regras básicas da cobertura jornalística do Congresso são as denúncias, as polêmicas, as fofocas e as intrigas entre aliados governamentais. O foco tem sido os escândalos e espetáculos com personagens específicos, porque atrai a audiência e até a ira das pessoas. Acontece, entretanto, que os escândalos e espetáculos são excelentes para revelar as imperfeições do sistema de representação, mas extremamente úteis para esconder as deficiências estruturais da República. Nesses momentos, muitas vezes, o debate de idéias e propostas dão lugar ao noticiário policial, desviando o foco da solução do problema para a punição individual de pessoas. É o chamado boi de piranhas. O cientista político Luiz Werneck Vianna, do Instituto de Ciências Políticas da Universidade Federal do Rio de Janeiro, é um crítico desse modelo de cobertura, porque leva à descrença nas instituições, reduzindo o espaço da política. Punir é importante, mas evitar que o escândalo se repita é fundamental. Nesse contexto, sem descuidar das medidas de correição e ampliação da transparência, é correta a atitude dos presidentes da Câmara e do Senado de lançarem a campanha sobre a importância do Poder Legislativo, com o slogan “O Congresso faz parte da sua história”, como forma de mostrar para a sociedade mudanças que o Legislativo tem aprovado em benefício do País. A instituição, o principal pilar da democracia, é permanente, enquanto seus integrantes, por força da alternância no poder, são passageiros. A superação da crise, com a punição dos culpados e com medidas que impeçam que isso se repita, é fundamental para que o Parlamento reassuma seu papel de protagonista no debate e na apreciação de leis de interesse do País, única forma de recuperar sua imagem perante a opinião pública.

    A Diretoria (julho de 2009 - DIAP)

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