terça-feira, 1 de setembro de 2009

Na Mira do Belmiro

O Amazonas – as luzes do passado

Caiu-me nas mãos um exemplar da História da Navegação do Amazonas, do amazonólogo Antônio José Souto Loureiro, uma leitura obrigatória para todos que queremos entender a memória de nossa economia e planejar os rumos de nosso crescimento e prosperidade social nas próximas décadas. Com fatos precisos e rigorosa pesquisa, Loureiro joga luzes para entendermos o passado, o glamour e a falência da Ciclo da Borracha, e lança as bases para a formulação de um novo patamar de progresso, fundado na tomada de consciência de nossos descuidos históricos, distrações do presente e recusa em estruturar um novo paradigma de desenvolvimento que considere a vocação logística natural de nossa malha hidroviária e seu ciclo de oportunidades... não mais como óbices aos novos programas mas como fator de sua viabilidade.
Uma arrojada e moderna frota mercante foi o marco de consolidação da economia do látex no Século XIX. Navios foram construídos nos estaleiros da Escócia e Inglaterra, destinados a abastecer os seringais e ao escoamento da prosperidade da borracha - uma única espécie da biodiversidade amazônica - mobilizando pesados investimentos que resultaram mais tarde na agregação de 60% na economia inglesa e fizeram o Amazonas contribuir com mais de 40% na formação do PIB no Brasil. Foram investidos mais de US$ 250 milhões, para a construção de centenas de navios de aço, ajustados às condições climáticas amazônicas, embarcações que resistiram ao século. Atualmente, milhares de barcos de baixa tonelagem e construídos de madeira dão idéia da penúria econômica e da ausência de visão de totalidade e futuro que descreve nossa visão logística e estratégica na região.
Na semana passada conversamos sobre o pólo de bio-indústria à vista de nosso potencial de germoplasma, que vai alavancar a produção de fármacos e cosméticos, além de estimular a indústria de alimentos com a grife amazônica. Essa vocação natural da região, que esconde a única possibilidade objetiva de interiorização dos benefícios e vantagens do pólo industrial de Manaus, vai fazer água se não estruturarmos uma logística de transportes subsidiados e integrado com a malha rodoviária de que dispomos. Uma integração continental que una Atlântico e Pacífico através de um modal rodo-hidroviário, mais adequado ambientalmente, e economicamente promissor. Nesse contexto, a discussão de um novo terminal portuário em Manaus ganha pressa e s entido e esvazia as resistências obscuras de quem pensa apenas na pequenez imediatista dos próprios interesses. Voltaremos ao tema...

Zoom-zoom

· Manaus Agora vai? Pelo andar da carruagem, determinação da prefeitura e movimentação frenética de Américo Gorayeb, o secretário de Obras, o município começa a ser objeto de cuidados rigorosos e obras de reparo como há muito não se via na região do Centro e adjacências. Vontade política está sobrando e espírito cooperativo entre todos os atores dessa empreitada cívica e urbanística, em pouco tempo, a Manaus da Copa vai mostrar o esplendor de s ua graça. Pode anotar.

· Yedo e Elci – Não poderia omitir-me sobre a movimentação institucional e política que envolve a figura do desembargador Yedo Simões e seu irmão o juiz Elci Simões, a quem conheço de longa data e sobre quem quero deixar registrado um depoimento de admiração, respeito e apreço, pela conduta coerente e inatacável com que eles aparecem na minha avaliação e de meus pares, num convívio pessoal e profissional de várias décadas. Moram nas mesmas e modestas casas onde os conheci desde bem mais jo vens e comungam das mesmas convicções e princípios que repartimos na educação de nossos filhos.

· Inadimplência - A taxa de inadimplência da pessoa jurídica subiu 26,3% em julho, na comparação com o mesmo mês do ano passado, apontou pesquisa da Serasa Experian, empresa especializada na análise de crédito. Ante junho, a variação foi de 6,6%. Já no acumulado de janeiro a julho, o índice de atraso nos pagamentos chega a 29,7%. Isso desassossega o varejo e remete a urgente mobilização da categoria.

· Efeitos da crise - Para a área de análise econômica da Serasa, a queda de juros, o retorno da concessão de crédito para empresas e consumidores, e a resposta rápida do mercado interno ainda não foram suficientes para sanar os problemas da crise econômica mundial. As empresas ainda enfrentam problemas de caixa, sem recursos para financiar investimentos ou renegociar dívidas.

Belmiro Vianez Filho é empresário e membro do Conselho Superior da Associação Comercial do Amazonas.
belmirofilho@belmiros.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário