Vale usa a crise como pretexto para demitir e reduzir salários
Empresa lucra R$ 15 bilhões, distribui R$ 5 bilhões em dividendos e demite 12 mil
Havíamos noticiado há algumas semanas que a Vale do Rio Doce, no mesmo momento em que demitia trabalhadores e chantageava sindicatos para que aceitassem reduções de salários, resolvia, por decisão de sua diretoria, distribuir US$ 2,5 bilhões - ou cerca de R$ 5 bilhões - em dividendos.
De lá para cá, a Vale demitiu, segundo fontes sindicais, alguns milhares de trabalhadores (o número de 1.300 demitidos, fornecido pela diretoria da empresa, segundo vários dirigentes sindicais, é totalmente subestimado; a CUT denunciou um total de 12 mil demissões, se incluídos os funcionários terceirizados). Além disso, alguns sindicatos fecharam acordos de redução de salário com a ridícula compensação de “estabilidade até 31 de maio”.
Na última semana, o Conselho de Administração da Vale anunciou que distribuirá entre os acionistas a quantia de 5 bilhões e 59 mil reais – ou seja, aprovou a proposta da diretoria. E, mais, declarou que depois de pagar esses dividendos, a empresa ainda terá, em lucros acumulados, R$ 15 bilhões e 178 milhões, que serão mantidos como “reserva”, o que, para bom entendedor, significa que estão sendo usados na especulação financeira, pois não existe a hipótese desse dinheiro ficar parado no banco ou no cofre do Agnelli - preposto que o Bradesco, acionista minoritário, encilhou na presidência da Vale ao módico salário de R$ 448 mil por mês.
Somente para frisar: não estamos falando de “entradas”, de “receita” ou de “faturamento” - o Conselho de Administração da Vale declarou que, depois de distribuir R$ 5 bilhões, ainda terá em caixa R$ 15 bilhões em lucros, ou seja, dinheiro líquido, já pagos os impostos e as despesas de produção.
Os números batem, exatamente, com aqueles citados pelos sindicatos de Congonhas, Ouro Preto e Itabira, em documento enviado à diretoria da Vale. Por essa razão, é possível confiar em outro dado fornecido por esses sindicatos: a folha de pagamento mundial da Vale equivale meramente à metade dos dividendos que estão sendo distribuídos aos acionistas. No entanto, há meses que a diretoria da Vale tenta cortar os salários em 50%, recorrendo a pressões a que alguns mais débeis cederam.
Mas, com R$ 15 bilhões de lucros em caixa e R$ 5 bilhões distribuídos aos acionistas, qual a necessidade de demitir ou reduzir salários? Ora, a necessidade é arrancar o couro dos trabalhadores, lucrar mais e mais, nem que seja pisando o pescoço dos funcionários.
Isso numa companhia que era estatal, que foi vendida a um preço tão irrisório que seu suposto “valor de mercado” hoje é quarenta vezes o da época da “privatização” - certamente não porque a diretoria seja mais competente que na época em que era estatal (nem os privatistas conseguiram ser cínicos o suficiente para fazer tal afirmação). Simplesmente, a privatização foi um roubo.
E, mais: é uma empresa que, depois de privatizada, vive dragando o dinheiro do BNDES. Somente uma das linhas de crédito que o BNDES concedeu à Vale, no primeiro semestre do ano passado, monta a US$ 7,3 bilhões (sete bilhões e 300 milhões de dólares – ver o recente artigo do presidente do Conselho Regional de Economia do Rio de Janeiro, Paulo Passarinho, “A Vale do Rio Doce, a CUT e o governo Lula”).
Em suma, é uma empresa que foi roubada do Estado e do seu dono, o povo brasileiro, e que não realiza seus investimentos com financiamentos do Bradesco, mas com financiamentos do BNDES – dinheiro público e dinheiro dos trabalhadores, através do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), principal fonte de recursos do BNDES.
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De lá para cá, a Vale demitiu, segundo fontes sindicais, alguns milhares de trabalhadores (o número de 1.300 demitidos, fornecido pela diretoria da empresa, segundo vários dirigentes sindicais, é totalmente subestimado; a CUT denunciou um total de 12 mil demissões, se incluídos os funcionários terceirizados). Além disso, alguns sindicatos fecharam acordos de redução de salário com a ridícula compensação de “estabilidade até 31 de maio”.
Na última semana, o Conselho de Administração da Vale anunciou que distribuirá entre os acionistas a quantia de 5 bilhões e 59 mil reais – ou seja, aprovou a proposta da diretoria. E, mais, declarou que depois de pagar esses dividendos, a empresa ainda terá, em lucros acumulados, R$ 15 bilhões e 178 milhões, que serão mantidos como “reserva”, o que, para bom entendedor, significa que estão sendo usados na especulação financeira, pois não existe a hipótese desse dinheiro ficar parado no banco ou no cofre do Agnelli - preposto que o Bradesco, acionista minoritário, encilhou na presidência da Vale ao módico salário de R$ 448 mil por mês.
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Mas, com R$ 15 bilhões de lucros em caixa e R$ 5 bilhões distribuídos aos acionistas, qual a necessidade de demitir ou reduzir salários? Ora, a necessidade é arrancar o couro dos trabalhadores, lucrar mais e mais, nem que seja pisando o pescoço dos funcionários.
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E, mais: é uma empresa que, depois de privatizada, vive dragando o dinheiro do BNDES. Somente uma das linhas de crédito que o BNDES concedeu à Vale, no primeiro semestre do ano passado, monta a US$ 7,3 bilhões (sete bilhões e 300 milhões de dólares – ver o recente artigo do presidente do Conselho Regional de Economia do Rio de Janeiro, Paulo Passarinho, “A Vale do Rio Doce, a CUT e o governo Lula”).
Em suma, é uma empresa que foi roubada do Estado e do seu dono, o povo brasileiro, e que não realiza seus investimentos com financiamentos do Bradesco, mas com financiamentos do BNDES – dinheiro público e dinheiro dos trabalhadores, através do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), principal fonte de recursos do BNDES.
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