quarta-feira, 18 de março de 2009

Crise


O caso Opel/GM e a crise global: tomando a parte pelo todo
Michael Liebig

Nas festas de Carnaval ao longo do rio Reno, não foi surpresa o fato de os banqueiros terem sido os alvos primários das galhofas dos foliões alemães. Mas, apesar da diversão, a situação econômica do país se agrava: a Alemanha está em recessão. Até agora, o desemprego ainda se situa na casa de 8%, mas existem centenas de milhares de trabalhadores em regimes de trabalho reduzido.
A cerca de 20 km da "capital do carnaval", Mainz, está Ruesselsheim, onde se situa a sede da empresa automobilística Opel, com os seus 25 mil funcionários. Em 1929, a Opel estava à beira da falência quando foi adquirida pela General Motors. Oitenta anos depois, a situação se inverteu. A GM está à beira da bancarrota, com um prejuízo líquido de 31 bilhões de dólares em 2008, a despeito de uma injeção de capital de 14 bilhões de dólares do governo estadunidense. Para que a Opel sobreviva, ela tem que se separar da GM.
A Opel exibe, essencialmente, uma condição saudável. A empresa dispõe de uma tecnologia de engenharia automobilística de nível mundial e produz modelos de pequeno e médio porte altamente competitivos. A GM depende da tecnologia da Opel e vende carros projetados pela empresa alemã em todo o mundo, com marcas diferentes. Para ilustrar a relação entre as duas empresas, a GM transferiu todas as patentes da Opel para uma empresa de fachada nos EUA, forçando a alemã a pagar royalties pelo uso de suas próprias tecnologias.
Em 26 de fevereiro, ocorreu uma manifestação maciça de funcionários da Opel. A sua principal exigência era: a Opel deve se "desacoplar" da GM e se tornar uma empresa européia independente. A manifestação teve a participação de lideranças do poderoso sindicato IG Metall e do ministro das Relações Exteriores Frank-Walter Steinmeier, que é o candidato do Partido Social Democrata (PSD) à chancelaria para as eleições parlamentares de setembro próximo.
No dia seguinte, a diretoria da Opel (nomeada pela GM) anunciou que a GM estava disposta a vender 50% de suas ações da Opel e transformá-la em uma corporação européia. Imediatamente, os governos nacionais e regionais, na Alemanha e outros países onde a Opel tem fábricas, sinalizaram o seu interesse em se tornar acionistas de uma nova Opel européia, o mesmo fazendo a Associação das Concessionárias Opel Européias. Mas todos enfatizaram que só o fariam se a "nova Opel" fosse independente e a GM mantivesse apenas uma participação minoritária nela.
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