O Fusca começou a surgir em 1938, na Alemanha, do projeto da equipe de Ferdinand Porsche, financiado por Adolf Hitler. O ditador tinha a intenção de acabar com a recessão econômica que assolava o país depois da Primeira Grande Guerra, e se aproximar da população. Na época, os alemães eram um dos povos com menos automóveis per capita da Europa: havia apenas um para cada 100 habitantes. Na França, a proporção era de um automóvel para 28 pessoas.O carro do povo começou a ser idealizado no início da década de 30. A idéia era que ele custasse menos de 1 mil marcos imperiais, mesmo valor de uma motocicleta. Deveria também ser equipado com motor refrigerado a ar. Após quatro anos de estudo, o projeto Typ 2 virou o Volkswagen Sedan. O motor, colocado inclinado na traseira, possuía quatro cilindros e era baseado no motor de avião. Este posicionamento diferenciado ajudou a modelar a carroceria com a singular que conhecemos: capô arredondado, assim como a parte central do carro, que termina em traseira chapada. O desenho foi tão marcante que as suas características sobrevivem até hoje com o New Beetle. Em 1939, com apenas um ano de vida, o novo veículo partiu para a guerra. A sua base serviu para a criação de três outros automóveis: um jipe, um carro anfíbio e um carro para os oficiais do Exército.
Ele chega ao Brasil. Foram 30 unidades importadas da Alemanha, que chegaram pelo porto de Santos, em 1950. O veículo foi bem aceito pelos brasileiros e as unidades acabaram rapidamente. A produção no território brasileiro começou em 1953, em regime de CKD (com as peças vindo desmontadas da Alemanha). O modelo era o Sedã 1200, versão uma pouco mais aperfeiçoada que a do veículo vendido na Alemanha.Com a expansão econômica iniciada pelo plano de metas do presidente Juscelino Kubitscheck, em 1956, as indústrias automobilísticas garantiram seu espaço. O Fusca passou a ser artigo nacional em 1959, com 54% das peças fabricados em solo brasileiro. Eduardo Matarazzo foi o primeiro proprietário dessa raridade.No exterior, ele ganha a versão Export, em 1950. O acabamento era mais caprichado: detalhes cromados, pintura com brilho e caixa de ferramentas em formato de calota. No mesmo ano, mais uma versão, a DeLux/Export. Tinha freios hidráulicos e sistema de refrigeração de motor. As versões inspiraram mudanças no formato original. Em 1952, o veículo padrão ganha marchas sincronizadas e, no ano seguinte, recebe portas com quebra-vento e janela traseira basculante.O carrinho também surpreendeu nas corridas no começo da década. O Fusca envenenado pilotado pela dupla Christian Heins e Eugênio Martins ficou perto de conquistar as Mil Milhas de 1952, no Autódromo de Interlagos. “Ele iria ganhar, mas não foi possível porque o cabo do carburador quebrou”, conta Alexander Gromow.
Em 1993, o então presidente Itamar Franco lança a ideia de relançar o Fusca para dar mais acesso ao automóvel ao povo brasileiro. Para isso, Franco aprova a lei do carro “popular”, que dá isenção de taxas e importações aos modelos equipados com motor 1 litro, mas que vale também para o Fusca e para o Chevette, ambos 1.600. “Quando o Fusca voltou a ser produzido, o Brasil recebeu pedidos de exportação de diversos países. Só que os brasileiros não esperavam por essas encomendas, e não puderam fazer as vendas”, afirma Alexander Gromow.Mesmo encerrando produção três anos depois, a Volkswagen ainda lançou a série ouro do Fusquinha, em 1996, que vendeu 42 mil unidades. O carismático automóvel ganha, no último ano de produção, uma grande homenagem: por iniciativa do vereador Toninho Paiva, é aprovada a criação do Dia Internacional do Fusca, comemorado em 21 de janeiro. Com a produção brasileira encerrada, o Fusca passa a ser produzido apenas no México, onde durou até 2003.
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