sábado, 7 de março de 2009

Poesia

Os segredos que guardo
Saltitam entre as gavetas
Exibem-se pelas frestas
Insinuam-se
São segredos despudorados
Mistérios falsificados
Porta entreaberta que te convida a entrar

Ana Cabral

Poesia de um domingo, 02 de novembro de 2008

O poeta precisa sentir
quando pensa, não cria
quando dói, transcende
quando arde, revela-se
quando ama, se cala
quando cama, se deita
quando chama, espera...

Ana Cabral


O poeta é ator em silêncio
é ator sem face.
O poeta é pintor sem tela
é pintor sem cor,
é preto no branco
é branco no fundo do preto

O poeta é o homem que escreve os sentidos
é homem sem razão
é louco
é pouco
é qualquer um
Ana Cabral
Leia mais poesia grande no Casa no Campo...

E numa terça-feira, 31 de outubro de 2006

Vasculhei pelas gavetas, do porão ao sótão daquela casa antiga. Muita poeira, cheiro forte de velharia guardada e papéis amassados. A idéia do novo impregnava o abandono daquele lugar. Toda a energia do velho, o mofo, o prego enferrujado entre as cascas de tinta, tudo gritava: Vá! Está tudo acabado por aqui, não há mais vida nesse lugar. Teimosa, sentei-me junto à parede aguardando pela melancolia típica de lugares assim, mas estava tudo tão vazio, tão vivido, esgotado. Não encontrei a poesia do velho , logo eu, sempre tão nostálgica, sendo empurrada porta a fora daquela casa velha. A "Rua da Vida que Segue" me chama, as luzes, o colorido da vida. A barriga fria assustada, a boca com o coração nela e a maçaneta da porta que range em minhas mãos...

Ana Cabral

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