sábado, 7 de março de 2009

Mudanças Climáticas

Índices de desmatamento no Brasil têm que ser revistos para baixo

Finalmente, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), responsável pela monitoração do desmatamento na Amazônia, vai “tirar a máscara” e revelar o que nunca levou em consideração em seus relatórios, a regeneração das florestas. Ocorre que, desde que iniciou a monitoração em 1988, o Inpe coloca uma “máscara” digital nas imagens de satélite nas áreas desmatadas em anos anteriores para impedir que as mesmas sejam novamente computadas nas estatísticas. Assim, pela primeira vez, o Inpe olhará em detalhes que está acontecendo “por baixo da máscara”. Um estudo preliminar, baseado numa amostra de 26 imagens de satélite, indica que 19,4% (132 mil km²) dessa área total desmatada possui florestas secundárias em processo de regeneração que, naturalmente, não são consideradas como ‘florestas”. [1] Uma das primeiras conseqüências da nova metodologia é que as florestas secundárias na Amazônia serão levadas em conta nos cálculos de metas previstas no Plano Nacional sobre Mudança do Clima, apresentado em dezembro passado. "Estas áreas (de floresta secundária) serão consideradas no balanço de carbono do inventário florestal que avalia o conteúdo de carbono estocado em nossas florestas", disse a secretária de Mudanças Climáticas do Ministério do Meio Ambiente, Suzana Kahn Ribeiro. Uma das metas é "eliminar a perda líquida da área de cobertura florestal no Brasil até 2015", o que significa que as áreas de florestas plantadas e secundárias deverão se equiparar em tamanho à área de florestas primárias desmatadas, equilibrando o fluxo de carbono dessas atividades. [2]Em verdade, esse tipo de “mascaramento” em estatísticas sobre o desmatamento de florestas tropicais já é há muito tempo conhecido. Ano passado, por exemplo, Alan Grainger, pesquisador sênior em Geografia da Universidade de Leeds, da Inglaterra, e um dos mais respeitados expertos do mundo em desflorestamento tropical, afirmou que a quantidade global de florestas tropicais aumentou entre 1983 e 2000, contestando a cantilena ambientalista que diz exatamente o contrário. Grainger sugeriu que esse aumento se deve ao reflorestamento espontâneo (regeneração), que estaria compensando as taxas de desmatamento das florestas tropicais. "Apesar do desmatamento ocorrer em ritmo acelerado, o reflorestamento natural também está acontecendo rapidamente, em taxas mais elevadas que anteriormente previsto", diz o pesquisador. [3] Em outras palavras, toda a série de desmatamentos anuais da Amazônia terá que ser revista para baixo, quiçá em uns 20% como apontou o estudo preliminar do próprio Inpe.

Notas:
[1]20% DA ÁREA DEVASTADA DA AMAZÔNIA TEM FLORESTA EM FASE DE REGENERAÇÃO, O Estado de São Paulo, 18/02/2009
[2]Mata secundária contará para plano do clima, O Estado de São Paulo, 18/02/2009
[3]‘Bomba verde’: florestas tropicais não estão diminuindo, Alerta Científico e Ambiental, 08/01/2008
Alerta em Rede

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