sexta-feira, 6 de março de 2009

Carlos Chagas

Deixem o homem em paz

Até a manhã de quarta-feira, alguém tinha ouvido falar na Comissão de Infraestrutura do Senado? Durante 2008, só para ficarmos no passado recente, dedicou-se a mídia a cobrir seus trabalhos? Que partido levantou polêmica em torno dos temas lá discutidos? Que senador denunciou uma irregularidade sequer na análise de projetos debatidos?
Pois é. De repente, a Comissão de Infraestrutura do Senado transforma-se no mais perigoso túnel capaz de levar seu novo presidente outra vez ao poder. Além de tornar-se monumental obstáculo para as obras do PAC. Falta de assunto ou revanchismo contra Fernando Collor?
Depois de ser afastado da presidência da República, apesar de mais tarde absolvido pelo Supremo Tribunal Federal, o ex-presidente conseguiu lentamente dar a volta por cima. Elegeu-se senador por Alagoas, ninguém ligou ou protestou. Exerce seu mandato com certa timidez e seus companheiros o tratam como um igual. Até o presidente Lula, que o esnobava, passou a dedicar-lhe as atenções devidas a um antecessor.
Não dá para entender a histeria que tomou conta de certos meios de comunicação diante da eleição de Collor para a mais desimportante das comissões do Senado. É como se o dr. Silvana ressuscitasse e estivesse prestes a dominar o planeta. Foi-lhe permitido disputar a presidência do colegiado, como antes havia sido facultado a ele concorrer a uma cadeira de senador. Agora, ruflam tambores de alerta diante de uma inexistente invasão dos bárbaros.
Há quem suponha como motivo real para essa ebulição, o fato de que o PT foi derrotado. O partido reivindicava o lugar com base no princípio da proporcionalidade, apresentou uma candidata não propriamente querida pela maioria do plenário e ela perdeu. Ponto final. O mundo não acabou. Deixem o homem em paz.
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