segunda-feira, 6 de abril de 2009

Michael Hudson* entrevistado por sindicalistas da Espanha

FMI, BM e OMC não são reformáveis e devem ser rejeitados

1. Pensa que o controle sobre o excesso de movimentos especulativos de capitais garantiria que a intermediação financeira atuasse no interesse público? Ou seria necessária a nacionalização para iniciar um novo período de desenvolvimento da economia real?
MH: Controle e "nacionalização" tornou-se hoje um sinônimo para salvar os bancos dos seus empréstimos temerários e até mesmo para salvar hedge funds e instituições financeiras não bancárias das suas perdas no jogo de derivativos do "capitalismo de cassino". Assim, a questão real é quem controlará o governo que está a fazer a regulação e a "nacionalizar"? O perigo é que o governo continue a deixar o próprio sector financeiro determinar como será aplicada a "regulação". Na prática, isto ameaça resultar em não regulação e aumentar ainda mais os estragos. É responsabilidade federal a confusão provocada pela concessão ao protesto do lobby financeiro que não queria "matar a galinha dos ovos de ouro" (isto é, os iniciados que alimentaram a Bolha da Economia transformando o capitalismo industrial no capitalismo de cassino). Pelo menos isto é o que se verificou nos Estados Unidos, na Islândia, na Letônia e em outras economias "financeirizadas". As suas experiências deveriam ser consideradas como objeto de lições. A única regulação significativa pode vir de fora do sector financeiro. De outra forma, os países sofrerão o que os japoneses chamam "a descida do céu": os reguladores são selecionados entre as fileiras dos banqueiros e dos seus "idiotas úteis". Uma vez retirados do governo retornam ao sector financeiro, recebem empregos lucrativos, "conferências bem pagas" e outros prêmios e compensações. Sabendo isto, eles regularão a favor de interesses financeiros especiais, não o do público em geral. O "excesso de capital especulativo" de hoje resulta em grande medida da prática de financeirizar poupanças de pensões e segurança social. Um caminho para corrigir esta situação é mudar para um plano de pensões, Segurança Social e cuidados de saúde com pagamento imediato (pay-as-you-go) ao invés do de "poupança antecipada" de hoje. Tal "poupança" via pré-pagamentos a serem mantidos pelo governo é meramente uma forma de tributação regressiva disfarçada para permitir-lhe cortes progressivos nas taxas de impostos sobre os escalões mais altos de riqueza e rendimento. Até os governos serem tornados democráticos, deveríamos assumir que eles se comportarão de um modo oligárquico utilizando a retórica democrática e mesmo socialista da Era Progressista, pode estar certo. Outro meio de travar a especulação tipo bolha seria tributar renda econômica, não apenas a renda da terra como também a renda de monopólio (e a renda financeira). Atualmente, a maior parte do crédito não é concedida para aumentar a formação de capital tangível e o emprego e sim para capitalizar a renda econômica que é não tributada ao fazer o código fiscal regressivo ao invés de progressivo, acima de tudo ao dar ao setor FIRE (finanças, seguros e imobiliário) reduções de impostos que comutam o fardo fiscal para o trabalho. Os bancos poderiam ser baseados mais no financiamento empresarial (equity-funding) do que no financiamento com base na taxa de juros (interest-rate funding), como os saint simonianos sugeriram no século XIX. Acima de tudo, o monopólio da criação de crédito deveria ser renacionalizado. Os bancos operariam como bancos de poupança, associações de caixas econômicas, bancos de poupança postal, etc, ao invés de lhes ser permitido "criar crédito". O tesouro nacional criaria crédito a ser avançado aos bancos, para a finalidade de fazerem tipos específicos de crédito que sejam considerados industrial ao invés de especulativos. O crédito dos cartões de crédito e as funções de transferência de dinheiro também se tornariam da responsabilidade do sector público, retirado aos bancos com base no fato de que operar um sistema de pagamentos é um serviço público. (Um imposto sobre a renda econômica deveria aplicada ANTES, de modo a reduzir o valor de mercado dos privilégios especiais dos bancos e os direitos de monopólio a zero.)

2. Podem as políticas dos governos e dos bancos centrais resultar num ajustamento para construir instituições financeiras mais fortes? (...)

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[*] Professor de Teoria Econômica na Universidade de Missouri – Kansas City, autor de Super Imperialism: The Origin and Fundamentals of U.S. World Dominance

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