Por Lejeune Mirhan*
A última Conferência Mundial da ONU sobre o racismo tinha ocorrido em 2001, na cidade de Durban, na África do Sul. Ela já tinha sido polêmica, envolvendo justamente o sionismo praticado pelo Estado de Israel. Uma parte dos delegados também retirou-se da reunião e alguns países sequer foram para lá. Desta feita, mais uma vez, o pretexto foi Israel. Tem ou não razão o presidente do Irã, Mahmud Ahamadinejad, quando acusa Israel de ser um estado racista?
(...) Sim, sionismo já foi considerado racismo pela própria ONU. Senão vejamos. Na Assembléia Geral das Nações Unidas do dia 10 de novembro de 1975, portanto há quase 24 anos, foi votado uma Resolução, a de nº 3.379 que afirmava categoricamente que sionismo é racismo. A votação ocorreu por 75 votos a favor, 35 contrários e 32 abstenções (mesmo se todos esses votassem contra, ainda assim teriam 67 votos e a resolução teria sido aprovada da mesma forma”. Registre-se aqui que o Brasil votou pelo “sim” à época.
No entanto, em função da correlação de forças em vigor no mundo, com o fim do mundo bipolar e da vitória praticamente completa dos Estados Unidos na chamada Guerra Fria, a partir de 1991 com a derrota do Iraque na questão da ocupação do Kuwait, as coisas vão mudando de figura. Uma resolução como essa não duraria seis anos. Em 16 de dezembro de 1991, apenas seis anos e um mês depois, uma nova Resolução, de nº 4.686, também da Assembléia Geral, revogou a anterior por 111 votos a favor, 25 contrários e 13 abstenções (os árabes votaram contra a revogação e mais alguns outros, sendo que vários desses países árabes optaram em se ausentar da reunião do que votar pela sua manutenção, tamanha a pressão dos EUA e de Israel). Aqui, registre-se também, o Brasil não só votou pela revogação, como estava entre os países que patrocinaram a proposta de revogação, ao lado dos Estados Unidos.
Aqui uma lição de ciência política para as pessoas em geral. A mesma Organização política que congrega nações da Terra, num intervalo de seis anos apenas, modifica profundamente uma decisão de sua própria lavra tomada em outro momento histórico. (...)
Que disse Ahmadinejad?
Convém listar aqui, pequenas passagens do que disse o presidente do Irã:
1. Israel e seu governo racista foram instalados pelo Ocidente para dominar o Oriente Médio;
2. O sionismo personifica o racismo que usa falsamente a religião para esconder o ódio;
3. O regime sionista nos ameaça com a guerra;
4. É preciso erradicar esse racismo.
(...) Assim, ainda que vários países da União Europeia tenham se retirado da conferência após o discurso do presidente do Irã, as notícias que a imprensa veiculou é que o evento deverá adotar um documento final, de consenso, que poderia ser assinado por mais de 180 países. Uma pena que Obama tenha adotado essa posição equivocada neste delicado momento em que as portas do diálogo precisam permanecer abertas.
*Lejeune Mirhan, Presidente do Sindicato dos Sociólogos do Estado de São Paulo, Escritor, Arabista e Professor Membro da Academia de Altos Estudos Ibero-Árabe de Lisboa, Membro da International Sociological
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