quarta-feira, 8 de abril de 2009

"Veja" recebe "jabá" de Serra para tirar PMDB da base de Lula

José Serra tem dois problemas para se viabilizar como candidato à Presidência. Precisa tentar desconstruir a persistente popularidade de Lula e inviabilizar o apoio do PMDB ao presidente. E o símbolo do apoio responsável do PMDB à governabilidade de Lula chama-se José Sarney. Por isso, o governador paulista vem colocando a revista “Veja" para atacar o ex-presidente. Pouco depois do papelão de Jarbas nas “páginas amarelas”, a revista conseguiu do governo de São Paulo um ótimo contrato (quase 4 milhões de reais) para a revista “Nova Educação”, também da Editora Abril. Curioso, não? O mais recente artigo encomendado veio de Pompeu de Toledo, que repete o mito difundido de que a família Sarney governou o Maranhão por 40 anos em detrimento do povo. Esta é uma idéia de quem ou não conhece o estado ou tem interesses inconfessáveis a defender.

Senão, vejamos: quando não era pró-Serra, a própria Veja (edição de 11/3/70) dizia que o governo Sarney foi uma “revolução na administração”, chamada de "milagre maranhense". “Os investimentos decuplicaram, aumentando em 2.000% o orçamento do estado”. E explicava: “O novo governador sabia que era necessário compensar anos de atraso provocado pelo ´vitorinismo`”. Ainda segundo Veja (4/2/1976), nos “quatro anos da administração Sarney o Maranhão deu um salto. Governou entre 1965 e 1970, tendo feito uma verdadeira revolução no estado”. As realizações foram tão substanciais que a população passou a associar "bom governo" com os "Sarneys", ao ponto de, até hoje, as oposições terem que copiar o discurso de 1966 de Sarney, quando tomou posse falando justamente da oligarquia vitorinista.

Se alguém se der ao trabalho de conferir o discurso verificará que são os mesmos argumentos, a mesma retórica, que hoje os “zés reinaldos” e “jacksons” tentam desastradamente imitar. Mas, uma coisa é querer governar como fez Sarney, outra, é conseguir. Infelizmente, para o povo do Maranhão (e aí que está a grande ironia desta história toda), Sarney sempre foi um democrata. E como democrata, nunca aceitou a não-alternância do poder. Isto porque, como os maranhenses sabem, quase todos os demais governadores, sempre apoiados inicialmente por Sarney, acabaram fazendo lambança e, curiosamente (ou por isso mesmo), romperam com o ex-presidente. Carregar a responsabilidade em manter o nível que Sarney atingiu foi um peso muito grande para os sucessivos governadores. Com exceção de Roseana e talvez do governo Lobão, todos os demais dos últimos 40 anos obtiveram desempenhos pífios justamente por terem rompido com a filosofia iniciada em 1966. É este fato que faz com que os seus inimigos, desesperadamente, sempre que fazem besteiras no governo - ou optam pelos descaminhos da corrupção -, tentam denegrir a família Sarney. Acham que negando o referencial ideal, ou seja, a importância histórica de Sarney, conseguirão exorcizar as próprias incompetências.

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