No dia do 60º aniversário da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte, também chamado "Aliança Atlântica", criada dia 4/4/1949), Noam Chomsky conversou com Robert Harneis, para "Russia Today", sobre Kosovo, Afeganistão e Otan – por que ainda existe e o futuro. O professor Chomsky, do MIT, é encarniçado crítico da Otan e da política dos EUA.
Pergunta que se faz cada vez mais freqüentemente é "para quê serve a Otan?" Por que, na sua opinião, o pacto sobrevive ainda, 20 anos depois do fim da Guerra Fria?
Chomsky: Sim, essa é a pergunta certa. Pode-se perguntar por que sobreviveu um mês, depois do fim da Guerra Fria. Por que sobreviveu? Se se olha para trás, no colapso da União Soviética, Gorbachev fez uma concessão realmente espantosa. Concordou com que uma Alemanha unificada passasse a integrar a Otan, uma aliança militar. Isso é muito importante à luz do século passado. Primeiro, que a Alemanha, sozinha, virtualmente destruiu a Rússia, duas vezes; e a Alemanha, apoiada por uma aliança militar hostil, centrada no mais fenomenal poder militar da história... isso é uma ameaça real. Pois mesmo assim, Gorbachev concordou.
Mas houve uma condição: em termos bem claros, acertaram que a Otan não poderia ser expandida para Leste, de modo que a Russia tivesse, pelo menos, uma espécie de zona de segurança. E George Bush e o então secretário de Estado dos EUA, James Baker concordaram: a Otan não avançaria uma polegada em direção ao Leste. Gorbachev também propôs uma região livre de armas nucleares na região, mas os EUA nem consideraram a ideia. Acho que sequer responderam à proposta. E foi assim. Acabou a União Soviética. Fim de jogo.
Então... o que fez o governo Bush? Lançou um documento sobre defesa estratégica em que se dizia, efetivamente, que a maior ameaça, então, seria, de fato, o avanço tecnológico dos países do Terceiro Mundo; e que era preciso preservar a superioridade da base tecnológico-militar dos EUA, ameaça que ninguém pensaria em atribuir ao Kremlin. É onde se vê que o tratado original da Otan envolvia uma mentira. São negócios, como sempre, no que tenha a ver com a Otan.
Mas houve uma condição: em termos bem claros, acertaram que a Otan não poderia ser expandida para Leste, de modo que a Russia tivesse, pelo menos, uma espécie de zona de segurança. E George Bush e o então secretário de Estado dos EUA, James Baker concordaram: a Otan não avançaria uma polegada em direção ao Leste. Gorbachev também propôs uma região livre de armas nucleares na região, mas os EUA nem consideraram a ideia. Acho que sequer responderam à proposta. E foi assim. Acabou a União Soviética. Fim de jogo.
Então... o que fez o governo Bush? Lançou um documento sobre defesa estratégica em que se dizia, efetivamente, que a maior ameaça, então, seria, de fato, o avanço tecnológico dos países do Terceiro Mundo; e que era preciso preservar a superioridade da base tecnológico-militar dos EUA, ameaça que ninguém pensaria em atribuir ao Kremlin. É onde se vê que o tratado original da Otan envolvia uma mentira. São negócios, como sempre, no que tenha a ver com a Otan.
Como o senhor vê a situação atual no Afeganistão?
Chomsky: Em minha opinião, Obama parece mais violento e agressivo que Bush. Praticamente seu primeiro ato implicou ataques no Afeganistão e no Paquistão, nos quais muitos civis foram mortos. Ataques completos, quero dizer, com armamento pesado. Os EUA estão apoiando os taliban e o terror. Obama quer ampliar a face militar da guerra do Taliban contra a grande população pashtun. Isso não é o que os afegãos desejam.Leia mais...
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