quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Geopolítica

G-2: a ilusão da hegemonia
Geraldo Luís Lino e Lorenzo Carrasco

"O relacionamento entre os EUA e a China irá delinear o século XXI, o que o torna tão importante quanto qualquer relacionamento bilateral no mundo. Essa realidade deve fundamentar a nossa parceria. Essa é a responsabilidade que sustentamos."

As palavras do presidente Barack Obama, proferidas na abertura do Diálogo Estratégico e Econômico EUA-China, realizado em Washington em 27-28 de julho, dão o tom de uma nova concepção defendida por alguns setores do Establishment estadunidense para orientar a atitude global do país nas próximas décadas. A idéia é uma parceria estratégica com a China para assegurar a hegemonia dos EUA nos assuntos mundiais, não mais como o "hegemon" supremo, mas formando um "G-2" com o gigante asiático, atualmente o seu maior credor e fornecedor de bens de consumo de baixo custo.
A proposta não significa necessariamente que tais grupos admitam a China como uma potência em pé de igualdade com os EUA, mas o mero reconhecimento de que a simbiose entre as duas economias é crucial para a sustentação do atual modelo de "financeirização" da economia mundial comandado por Wall Street e a consequente preservação do papel especial do dólar como moeda de reserva global. De fato, quatro décadas de hegemonia compartilhada com a extinta URSS e duas de supremacia quase isolada no período pós-Guerra Fria enraizaram hábitos e idéias que dificilmente serão abandonados voluntariamente pelas elites dirigentes estadunidenses, como se depreende das palavras da secretária de Estado Hillary Clinton em Washington. Rejeitando abertamente os prognósticos sobre um "mundo multipolar", ela deu o recado aos chineses e ao mundo, quase repetindo as palavras de uma conferência proferida dias antes no Conselho de Relações Exteriores (CFR):
Embora as relações passadas entre os EUA e a China têm sido influenciadas pela idéia de um equilíbrio de poder entre grandes nações, o novo pensamento do século XXI nos move de um mundo multipolar para um mundo de múltiplas parcerias.
A proposta de formação de um "G-2 informal" entre os dois países começou a ser explicitada no início do ano por pesos pesados do pensamento estratégico estadunidense, do calibre de Henry Kissinger e Zbigniew Brzezinski, como sugestão ao presidente eleito Barack Obama. A expressão foi mencionada por Brzezinski em um discurso em Pequim, em janeiro, como parte das celebrações do 30º. aniversário do restabelecimento das relações plenas entre os dois países, após três décadas da ruptura ensejada pelo triunfo da revolução comunista de 1949.
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