"Isso não é nenhuma vantagem. Pelo contrário, é sinal de que, provavelmente, o governo está errando na dose outra vez." O comentário é do economista Reinaldo Gonçalves, da UFRJ, sobre a previsão de que o país fechará 2009 com o menor déficit nominal (inclui gastos com juros) do G20 (entre 2,1% e 2,2% do PIB), feita pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega.
Apesar de até o Banco Mundial (Bird) recomendar déficit de 2% do PIB para enfrentar a crise, os gastos do Brasil nesse sentido não chegaram à metade disso.
"O Brasil está indo contra a corrente. Numa situação de crise, o primeiro remédio que se dá é expandir o gasto público, ou seja, gerar déficit", pondera Gonçalves.
O economista cita os exemplos de Índia e China, que continuam crescendo e praticam políticas fiscais expansionistas: "Esses dois países têm mais autonomia porque praticam juros menores", argumenta.
A China pode terminar o ano com déficit nominal de 4,5% do PIB, e a Índia, com estimativas entre 7% e 8%. Já os EUA, centro da crise financeira internacional e integrante do G-8 (as sete maiores economias do mundo mais a Rússia), gastaram mais de US$ 700 bilhões em medidas de estímulo à economia e pode encerrar o ano com déficit nominal de 13,7% do PIB.
"O governo Lula é reticente no que se refere a gastos por causa da pressão dos setores mais conservadores, como o agronegócio, as empreiteiras e os bancos, que apóiam apenas gastos que lhes favorecem, mas criticam os gastos sociais", diz, classificando como "lamentável" que o governo aceite essas pressões.
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