sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Mitos e Climas

A FIESP e o "aquecimento global"
Nilder Costa

(Alerta em Rede) – Em oportuna reportagem, o jornalista Sergio Leo chama a atenção que grandes industriais no Brasil, especialmente nos setores de aço e cimento, concluíram que a movimentação para a próxima conferência do clima e meio ambiente (COP 15), em Copenhague, tem grande potencial de interferência em seus negócios futuros e decidiram influir nas posições do governo brasileiro. De fato, a poderosa Federação da Indústria do Estado de São Paulo (Fiesp) deve, em breve, divulgar posição comum à indústria paulista. [1]
Com o enfraquecimento da Organização Mundial de Comércio (OMC), eles temem que sejam facilitados eventuais abusos protecionistas embarcados em legítimas medidas de proteção do meio ambiente. Ainda que seja geral a cobrança por maior agilidade dos órgãos de licenciamento ambiental, há, entre os empresários brasileiros, os que defendem maior compromisso com a redução da emissão de gases-estufa e defendem que o Brasil não pode mais alinhar-se automaticamente com países emergentes como Índia e China na defesa de supostos padrões antiquados de eficiência energética e produtiva.
A conclusão percebida pelo jornalista é que, por mais “progressista” que venha a ser a posição dos industriais, deverá haver recomendações para maior cautela no governo, ao assumir compromissos de redução de emissões e ajustamento da matriz produtiva às metas que sairão de Copenhague.
Já nos EUA, mesmo sem renegar abertamente o conto aquecimentista, poderosas organizações industriais norte-americanas, como o lendário American Petroleum Institute – o API -, em aliança com a National Association of Manufactures, American Farm Bureau e outros, resolveram ir às ruas para protestar contra as “leis climáticas” em gestação no Congresso. [2]
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    Por meio da EnergyCitzens, uma entidade fundada pelo API, estão realizando manifestações em 20 estados durante o recesso parlamentar de agosto. A tônica dos protestos é “A legislação de mudanças climáticas que estão sendo discutidas em Washington causarão enorme perda econômica e produzirá pequenos ganhos ambientais”. Um dos panfletos distribuídos denuncia que a lei aprovada na Câmara dos Deputados em junho passado (foi para o Senado) “custará 2 milhões de empregos americanos e aumentará em US$ 4 os preços da gasolina e óleo diesel”, e ameaçando tanto a competitividade do país quanto a sua segurança energética.
    Igualmente, os gigantes agrícolas norte-americanos estão se movendo. Archer-Daniels-Midland (ADM), Cargill, Tyson Foods e General Mills concluíram um estudo mostrando que o projeto de lei para combater o efeito estufa que tramita no Congresso é mal concebido e pode causar inflação nos alimentos. Há dois meses, o lobby agrícola norte-americano, incluindo entre outros a Associação de Fabricantes de Alimentos, o Instituto Americano da Carne e o Instituto Americano da Comida Congelada, criou uma coalizão que deve partir para manifestações mais incisivas após a frustração por não terem conseguido convencer os deputados que a “lei climática”, que acabaram aprovando, irá causar grandes impactos adversos na estabilidade do suprimento, preço, segurança e acessibilidade dos alimentos. [3]
    Seria prudente que os industriais brasileiros - e outros do setor produtivo - observassem com cuidado o que fazem seus congêneres americanos. Quem sabe poderiam se inspirar neles e passassem da posição de "recomendação" para a de "exigência" ao governo brasileiro para não assumir posições contrárias aos interesses da Nação na próxima conferência de Copenhague.

    Notas:
    [1]Indústria já se preocupa com o pós-Copenhague, Valor, 17/08/2009
    [2]Lobby Groups to Use Town Hall Tactics to Oppose Climate Bill, Wall Street Journal, 11/08/2009
    [3]Lei ambiental americana pode elevar preço agrícola, Valor, 13/08/2009

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