quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Deixar Patetalocci colocar as patas no Fundo Social do Pré-Sal é burrice...

Não se pode elogiar! Como já disse neste Blog, gostei da postura de Lula com relação a muitos itens do projeto para o “Pré-Sal” no que se refere à soberania brasileira, embora ache que há muito o que fazer, como a total abolição da ANP – Agência Nacional do Petróleo. Também gostei da postura do presidente acerca da questão dos caças franceses e do seu esforço em reaparelhar as nossas Forças. Mas, quando leio que Palocci será relator de projeto sobre Fundo Social, fico muito preocupado com os destinos dos recursos que serão arrecadados. Todos sabem que o governo Lula está longe de uma homogeneidade de posturas de seus ministros. Quando José Dirceu era da Casa Civil, havia uma nítida separação entre a sua postura mais desenvolvimentista e a do então ministro Palocci, um reles continuador das políticas monetaristas apátridas do governo anterior, principalmente no que se refere à manutenção dos famigerados “superávit primário” e DRU – Desvinculação das Receitas da União, instrumentos canalhas de permitem, inconstitucionalmente, retirar dinheiro que deveriam ir para a Previdência Social e para a Saúde. Tudo para pagar juros da dívida pública, ou seja, para alimentar especuladores financeiros pelo mundo afora e manter o Brasil de joelhos ante a plutocracia financeira internacional. Hoje, quando vejo os ministros Dilma e Lobão se esforçando para direcionar o governo Lula para uma postura mais soberana e desenvolvimentista, fico até esperançoso. Mas, a manutenção do Mantega e, agora, a idéia de deixar Patetalocci se meter na questão do fundo social do Pré-Sal, me deixam bastante apreensivo. Este seria um sinal muito ruim sobre os destinos de tais recursos. Explico: o que mais aconteceu – e acontece – no Brasil foi a criação de fundos de toda espécie para os mais variados objetivos – todos muito nobres -, mas que sempre acabavam sendo desviados para metas nada proveitosas ou nobres. Tudo, sempre, com o dinheiro dos contribuintes. Patetalocci, como já disse, assim como no tempo do tucanato, é o símbolo disso. Sua idéia fixa em manter caninamente a política econômica de Pedro Malan foi o que fez o governo Lula não ser melhor ou não conseguir cumprir a promessa de um governo realmente soberano. Patetalocci tinha idéia fixa com a manutenção do superávit fiscal, como ocorre também com o empregado do Banco de Boston encastelado no Banco Central. E quem realmente se beneficia com o pagamento e rolagem da dívida pública da União, Estados e Municípios? Enquanto a mídia amestrada tenta desviar a atenção dos cidadãos brasileiros, mirando em picuinhas no Senado, por exemplo, a cada ano o pagamento da dívida pública (interna e externa) consome mais de 50% do Orçamento Geral da União, considerando o refinanciamento feito através da emissão de títulos para pagar somente amortizações. Apenas em 2007, o governo brasileiro gastou R$ 237 bilhões com o pagamento das dívidas interna e externa contra apenas R$ 40 bilhões em saúde, R$ 20 bilhões em educação e R$ 3,5 bilhões com a reforma agrária. Entre 1995 e 2009, a dívida interna cresceu 25 vezes, tendo subido de R$ 62 bilhões para R$ 1,6 trilhão, enquanto a dívida externa aumentou 80%, de US$ 148 bilhões para US$ 267 bilhões. A soma destas duas dívidas (R$ 2,2 trilhões) representa nada menos que 80% do PIB brasileiro (tudo que o país produz em um ano), e sobre a maior parte dela incidem taxas de juros altíssimas, muito maiores que as pagas pelos países ricos. Ainda com as taxas de juros mais altas do mundo, o Brasil destina anualmente cerca de 30% do orçamento federal para o pagamento dos juros, encargos e amortizações desses compromissos. Em 2008, o País comprometeu cerca de R$ 282 bilhões (sem computar a “rolagem”), para pagar aos detentores dos papéis (títulos de dívidas). No Brasil, a auditoria da dívida está prevista na Constituição Federal. E ainda tem jornalista mau caráter que reclama dos necessários gastos que Lula pretende fazer para tornar nossas Forças Armadas menos frágeis.
Quer dizer: se apenas em 2007, para pagar especuladores financeiros, o governo brasileiro gastou R$ 237 bilhões – e em 2008, mais R$ 282 bilhões - de uma dívida que não se sabe se realmente seja real (nunca houve auditoria sobre ela), por que não se pode investir apenas R$ 22,5 bilhões em armamentos e tecnologia, a serem pagos em até 20 anos por meio de financiamentos (€ 6,1 bilhões) e desembolsos diretos, para proteger o “Pré-Sal e a Amazônia? Por outro lado, colocar o Patetalocci para definir cuidar do fundo social do Pré-Sal é um risco muito grande, pois, como eterno vassalo da plutocracia financeira mundial, logo arranjará uma forma de desviar o dinheiro para banqueiros e especuladores, como fazia com os recursos da CPMF, que foram criados para um tal “fundo social de emergência” para a saúde, mas que sempre foram parar, através da DRU, nos bolsos dos de sempre...É isso!



Leiam mais verdades sobre o assunto:

Manifesto "Uma CPI para a Dívida que nos governa"

CPI da dívida pública é protocolada na Câmara

Requerimento do deputado Ivan Valente sobre a dívida pública

Contigenciamentos: Lula e FHC são farinha do mesmo saco

Dívida: Governo FHC foi um desastre

Não acredito...finalmente alguém fala da Dívida Pública. Será verdade? .

Não deixe de ler também as excelentes análises do Dr. Adriano Benayon sobre o assunto:

G-20,G-7 E FMI

SAIR DA DEPRESSÃO?

A RESSACA DA GLOBALIZAÇÃOO COLAPSO FINANCEIRO GLOBALA OCUPAÇÃO DA AMAZÔNIA

FALÁCIAS SOBRE A CLASSE MÉDIA

QUEM DEVE A QUEM?

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