Os jornais de sexta-feira destacaram as medidas tomadas pelo Banco Central (BC), de aumentar as taxas de juros dos empréstimos de bancos para pessoas e empresas. As medidas foram tomadas pela “Diretoria Colegiada do Banco Central”, que inclui o futuro presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, de modo que este poderia ser considerado como o primeiro pacote do governo Dilma para conter a economia, sob a justificativa de combater a inflação, que sobe principalmente devido à elevação dos preços de alimentos e combustíveis.
As medidas consistem, basicamente, em aumentar o chamado “recolhimento compulsório”, ou seja, a parcela dos recursos dos bancos que deve ser retirada de circulação e depositada no BC. Seguindo a lógica da “Lei da oferta e da procura”, com uma menor oferta de recursos para empréstimos, os bancos selecionam os clientes que podem pagar juros mais altos, e assim, o resultado é o aumento destas taxas.
Atualmente, os bancos devem depositar no BC 8% dos depósitos à vista (ou seja, em conta-corrente), e 15% dos depósitos à prazo (ou seja, depósitos remunerados, como os CDBs). Com as novas medidas, estes percentuais sobem, respectivamente, de 8% para 12% e de 15% para 20%, o que significará que R$ 61 bilhões sairão da economia e serão depositados no BC, reduzindo assim o volume de recursos disponíveis para empréstimos.
À primeira vista, poderia-se supor que os bancos perderiam, pois teriam de destinar tais R$ 61 bilhões para o BC, e assim, não poderiam destiná-los para comprar títulos da dívida pública, deixando de ganhar a "Taxa Selic", ou seja, os juros mais altos do mundo. Porém, cabe ressaltar que os bancos continuam recebendo a Taxa Selic sobre a parcela depositada no BC, referente aos depósitos à prazo, que são remunerados.
Poderia-se argumentar também que tais medidas já permitiriam o controle da inflação (por reduzir o ritmo da atividade econômica) e assim, dispensariam a subida da Taxa Selic na próxima reunião do COPOM (Comitê de Política Monetária do BC), prejudicando os bancos. Porém, ainda que a Taxa Selic não suba, ela ainda continuará sendo a mais alta do mundo.
Além disso, com tais medidas, os bancos ganharão mais, pois aumentarão as taxas de juros cobradas de pessoas, empresas e também do governo. Imediatamente após o anúncio das medidas, subiram os chamados “juros futuros” (ou seja, os juros exigidos pelos rentistas para comprar títulos da dívida pública) para títulos pré-fixados com vencimento em 2013, que são os títulos da dívida interna mais vendidos pelo Tesouro atualmente, e cujo rendimento independe da Taxa Selic.
Em suma: ao invés do governo atacar a inflação segurando os preços administrados por ele mesmo (como os combustíveis) e controlando os preços dos alimentos (por exemplo, aumentando a oferta e os estoques, por meio de uma ampla reforma agrária), o BC prefere, mais uma vez,seguir à risca o modelo das “metas de inflação”, que utiliza o aumento das taxas de juros como estratégia principal de controle dos preços, prejudicando o povo e privilegiando mais uma vez os rentistas.
Os rentistas também são privilegiados na Europa, onde o FMI exige que cada vez mais recursos possam ser usados para que os bancos privados sejam salvos pelo povo, por meio de cortes de gastos sociais, conforme mostra a notícia do Estado de São Paulo de domingo. Um relatório do FMI obtido pela Agência Reuters diz literalmente que:
"Há também um argumento forte para que se aumentem os recursos disponíveis para essa rede de segurança e para tornar seu uso mais flexível, inclusive para dar apoio mais efetivo aos sistemas bancários"
Em troca desta “rede de segurança” os países têm aprofundar as reformas neoliberais e cortar gastos sociais.
DIs mais curtos seguem com forte queda, após medidas do BCPortal G1 - 03/12/2010 13h16 - Atualizado em 03/12/2010 13h16
FMI dirá à zona do euro que eleve fundo de resgateO Estado de São Paulo - 05 de dezembro de 2010 18h 53
Saiba mais sobre esses assuntos. Leia com bastante atenção algumas postagens que já fizemos neste blog a respeito. Vale a pena conferir:
Sair da crise?
Sair da crise?
Escravização: as cifras espantosas da dívida pública
Perdas com o serviço da dívida
Será que Dilma trará uma solução para o que acontece com a Previdência? Com a palavra a candidata...
Confira os impactos da dívida sobre todos os aspectos da nossa vida
Caso queira receber diariamente este material em seu correio eletrônico, envie mensagem para auditoriacidada@terra.com.br
Caso queira receber diariamente este material em seu correio eletrônico, envie mensagem para auditoriacidada@terra.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário