Houve um tempo em que os artistas se engajavam nas causas em que verdadeiramente acreditavam. A partir das eleições de 1978 ganhou força a participação deles em comícios. A partir das “Diretas Já”, a coisa se intensificou. Da primeira dama do teatro, Fernanda Montenegro, passando por Fafá de Belém, a cantora do "Menestrel das Alagoas", o elenco é amplo e representativo: Chico Buarque de Holanda, Milton Nascimento, Maitê Proença, Raul Cortez. Todos eles participavam porque queriam e porque consideravam a causa justa, não porque teriam sido "contratados". Na época, ninguém recebia um único centavo para participar das manifestações. Mas, depois da abertura e da transição democrática, as coisas mudaram. Os famosos “showmícios” passaram a ser um ganha-pão que não poderia ser desconsiderado. Muitos artistas passaram a lucrar com o filão nada idealista desses eventos. As duplas sertanejas foram as mais beneficiadas. Mas, há que se reconhecer, tudo passou a ser claramente profissional. Nenhuma delas faziam o papel de idealistas de uma causa. Todas deixavam bem claro que estavam ali porque eram contratadas. Eram profissionais. A legislação eleitoral, logo reagiu. Embora sem muita eficiência, acabou por limitar bastante os tais eventos (“showmícios”). Falo do assunto porque, na semana passada, li na revista “IstoÉ” artigo pago (leia aqui) pelo governo cassado do Maranhão (COM DINHEIRO PÚBLICO?) que, curiosamente, foi assinado pelo compositor Zeca Baleiro. Era uma cópia exata de outro publicado na revista “The Economist” há pouco tempo. E, coincidentemente, idêntico aos insistentes artigos e matérias publicadas no infeliz “Jornal Pequeno” do Maranhão. A mesmice de sempre. A eterna ladainha de oligarquia para lá, oligarquia pra cá e coisa e tal. Zeca Baleiro, um camarada que, até então, eu considerava uma figura consciente e respeitada e que, teoricamente, parecia pessoa crítica e que não cairia em publicidade política sem motivos substanciais. Mas, o teor do artigo me decepcionou bastante. Não havia como não ficar surpreso. Não teve como não comparar a postura do Zeca Baleiro com outro ícone maranhense no cenário nacional: a maravilhosa Alcione, a “Marrom”. Ela que nunca escondeu sua admiração e amizade pela família Sarney. Foi colega de turma da senadora Roseana Sarney e autora da música de campanha da mesma nas eleições de 2006, na qual define Roseana como uma guerreira. No segundo turno das eleição de 2006, inclusive, acompanhou a senadora na hora do voto. Zeca Baleiro, pelo contrário, sempre preferiu manter silêncio sobre assuntos envolvendo a política do estado, mas, criticando a decisão do Tribunal Superior Eleitoral que cassou o mandato do governador Jackson Lago, mostrou uma face que eu não conhecia. Fiquei curioso em saber o que o teria levado a tomar tal atitude. No Blog Ecos das Lutas li este comentário sobre o assunto que me pareceu bastante esclarecedor:
“O que fez o talentoso artista diante dos abusos, escândalos, nepotismos e festas privadas realizadas com o dinheiro público nas dependências do Palácio dos Leões durante o governo José Reinaldo Tavares? Fatos amplamente divulgados na imprensa local e nacional? Onde estava a preocupação com o povo do Maranhão e a consciência política do nosso famoso artista?”
(...)
“Talvez alguns fatos possam explicar a mobilização, a articulação e o pronunciamento do nosso ilustre conterrâneo Zeca SANTOS Baleiro:Caso alguém tenha um projeto sério e concreto relacionado à área do meio ambiente para o estado do Maranhão, procure Aziz SANTOS Jr - primo de Zeca Baleiro!!Projetos Culturais de fomemto e resgate da bela diversidade cultural do Estado do Maranhão - é melhor primeiro consultar Samme SANTOS - prima de Zeca Baleiro!!!Mas para que qualquer verba destinada a tais projetos sejam liberadas, é preciso a aprovação do TODO PODEROSO Secretário 'das finanças' do Governo do Maranhão, Sr. Abdala Aziz Aboud SANTOS - tio de Zeca Baleiro!!! - no momento prestando esclarecimento sobre destino obscuro dado ao dinheiro público, não coerente com o plano de orçamento apresentado para o atual exercício.(...) Alguém precisa dizer ainda alguma coisa?" Sim, claro que sim...temos mais é que exercitar o pensamento crítico para não trocar 6 por meia dúzia. Diante disso tudo, a atitude de Zeca Baleiro não me comove...quem dera ele tivesse continuado apenas compondo e cantando suas belas canções!!!”
Eu, depois que li os esclarecimentos acima, até arriscaria em dizer que Zeca Baleiro quer mesmo é se juntar aos vários artistas e personalidades que foram candidatos nas últimas eleições municipais. No Rio, o ator Stepan Nercessian foi o terceiro mais votado. Ficaram de fora a jornalista Anna Davies e o ator Cláudio Cavalcanti, além do apresentador Sabbá. Em Goiás, Túlio Maravilha foi o terceiro vereador mais votado, com mais de 10 mil votos. A Gretchen somou apenas 2% em Itamaracá (PE) na corrida para a Prefeitura. Em Praia Grande (SP), Rita Cadillac também não conseguiu se eleger. Vários ex-participantes do ‘Big Brother’ tentaram se eleger. Graças a Deus não conseguiram. A lista inclui Taty Pink pelo Recife, Alberto Cowboy (por Belo Horizonte) e Didi (por Salvador). Zeca Baleiro não deve estar vendendo muitos discos e, por isso, está querendo se juntar à trupe de figuras bizarras nas próximas eleições. É isso...
Definitivamente não acredito na intenção de Baleiro em entrar para a política. Mas confesso estar surpresa diante do artigo e de toda a situação maranhense. Acredito em algumas considerações apontadas no artigo. Mas eh triste saber que vivemos num pais do 6 por meia dúzia. Nao apoóio nenhum dos dois lados. A briga lá e pelo poder e nunca pela população. Preeeria saber q o Zeca( meu cantor preerido, ídolo) tivesse esta consciência ainda que a familía tivessse de ser sacrificada. Atentemo- nos aos falsos prefetas ainda q disfarçados de excelentes artistas!!!!!
ResponderExcluirZeca não seria capaz disso pois ele sabe da importancia que tem entre seus fans e o quanto é amado ele não nus decepicionaria nunnnnnnca!!!
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