segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Eleições 2010

A "crise" construida no Senado e o caixa do "Estadão"

Este blog vem mostrando, há muito, que o que se chama de “opinião pública’, a “voz rouca das ruas’, é uma coisa... e “opinião publicada" pelos donos dos jornalões - e grandes veículos de comunicação amestrados - é outra bem diferente. A Band News, por exemplo, mostrou o resultado de uma enquete feita pelo portal da emissora sobre a opinião dos brasileiros em relação à decisão do presidente do Conselho de Ética, senador Paulo Duque (PMDB-RJ), de arquivar as denúncias contra o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Com a expressão de indisfarçável decepção e declarando-se surpreendida, a apresentadora da emissora teve que revelar os números: 75,75% dos que responderam à enquete disseram que estão de acordo com a decisão do Conselho de Ética de arquivar as denúncias contra o presidente Sarney. Somente 24,25% responderam que não concordam com o arquivamento. No próprio blog do senador tucano Álvaro Dias, em enquete semelhante, não deu outra: “a voz rouca das ruas” está contra o golpismo midiático e a favor do desempenho do senador Sarney à frente do Senado. É o mesmo caso dos ataques ao presidente Lula, aliado de Sarney. Quanto mais a imprensa profissional bate no presidente, mais sua popularidade cresce. É o presidente mais atacado pelos jornalões nos últimos anos, mas respnde a tudo de cima dos seus 85% de popularidade. Este verdadeiro abismo entre o que se publica e o que as pessoas comuns percebem e desejam, tem relação com a decadência do monopólio que os ditos formadores de opinião e os grandes veículos de comunicação vêm impondo à Nação há muito tempo. O fenômeno da blogosfera e a diminuição da credibilidade dos grandes jornais, são fatores importantes do que ocorre. A pouco ética na partidarização dos veículos, também. A verdade é que o povo já está indignado com a situação.

O caso mais sintomático é o do antigo “Estadão”, hoje forçado pela realidade a se tornar mero panfleto partidário do tucanato paulista. A estratégia jurídica adotada pelo “Estadão”, com relação à liminar concedida pelo desembargador Dácio Vieira, impedindo o jornal de veicular escutas telefônicas sob segredo de justiça da "Operação Boi Barrica", da PF, tem algumas questões muito curiosas que explicam o problema mais amplo da decadência dos jornalões. Primeira pergunta: o jornal realmente quer que o processo seja rápido? Qual seria o caminho mais célere para uma decisão judicial (a favor ou contra)? Resposta óbvia: o Estadão entrar com o pedido de cassação da liminar deferida pelo desembargador. Mas o que o Estadão fez? Entrou com um pedido junto ao próprio desembargar Dácio Vieira para que ele se declare suspeito de tomar decisões no processo em que é parte Fernando Sarney, filho do presidente José Sarney. A preocupação do jornal é apenas manter este link com a crise no Senado. Por que esta estratégia? Se o jornal tem convicção desta ligação, para que dar murro em ponta de faca? A indagação se repete: por que procurar esse caminho judicial mais longo e não o mais prático e óbvio que seria pedir a cassação da liminar? E mais: em paralelo, o senador Arthur Virgílio, do alto dos seus 4% de votos no Amazonas, não tem absolutamente nada a perder. Se submeteu a ser “testa-de-ferro” dos interesses do jornal paulista, a dspeito do que seria sua defesa da SUFRAMA. Entrou com uma reclamação disciplinar no Conselho Nacional de Justiça contra Vieira. Evidente, neste caso, a sintonia entre o senador amazonense e o Estadão. Meio mundo sabe da relação simbiótica que inunda esta ligação entre Virgílio e o jornal paulista. Mas a pergunta principal continua sem resposta: por que optar por um caminho jurídico mais longo e de desfecho praticamente incerto em detrimento de outro juridicamente mais célere, racional e pragmático? Vão aí algumas dicas para entender esta estratégia do jornalão de São Paulo:

1) a certeza de que a ação de cassação seria indeferida;

2) o ganhar tempo aloja na estratégia adotada o princípio puramente mercadológico, aliáis, de profundo mau gosto: continuar usando no maior período possível o mote da "censura" para vender mais exemplares;

3) meio mundo também está careca de saber que a empresa dos Mesquitas está de mal a pior, econômica e financeiramente. Pronto, os links fecham a deprimente estratégia do O Estado de São Paulo, no mais mesquinho estilo de "aproveitar a oportunidade...", custe o que custar.

Resumo da lambança:

O "Estadãozinho" até hoje não entrou com pedido de cassação da liminar que o impede de publicar informações que correm em segredo de justiça nos inquéritos relativos à Operação Boi Barrica. Vem entrevistando meio mundo, na defesa da tese de que a proibição de publicar as tais informações sigilosas fere a Constituição e a liberdade de imprensa, escreve editoriais e ataca o presidente Sarney, responsabilizando-o pela dita censura. Conversa fiada! Já poderia - se fosse realmente inconstitucional a decisão do juiz - ter cassado a liminar. Não o faz porque investe no marketing de jornal censurado, de forma a dar seguimento à estratégia de reposicionar o jornal como veículo investigativo e aumentar a vendagem. Não o faz porque a artilharia contra Sarney ajuda seu aliado José Serra. Em lugar de contestar a liminar, o que obrigaria uma manifestação imediata da Justiça, prefere questionar a suspeição do desembargador que tomou a decisão há dez dias! Há ainda um prazo de dez dias para que o Conselho Nacional de Justiça se posicione e, enquanto isso, tome entrevistas dizendo que o jornal está sob censura. Aos leitores do Estadão, vale sugerir que perguntem ao jornal em seu site ou por e-mail: por que o Estadão não pediu até hoje a cassação da liminar?

Foto do macaco acima do www.dudutomaselli.com

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