
Said Barbosa Dib
Mocidade e civismo, 1966.
Política nem sempre, 1983.
Do alto da torre, 1985.
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Roberto Magalhães recebeu, no Palácio das Princesas, uma comissão de líderes do interior pernambucano. Quis puxar conversa:
- Então, prefeito, como vai a zona?
O prefeito ficou encabulado, mas não podia deixar de responder:
- Doutor Roberto, a zona não ta bem, não. Apareceram lá umas menininhas muito fraquinhas...
Doutor Roberto fez que não entendia:
- Prefeito, estou perguntando é pela rural.
- Ah, doutor, a nossa caminhonete Rural, o nosso vice-prefeito aqui, o Marquinho, pediu emprestada, bateu e acabou com ela.
Roberto Magalhães mudou de assunto.
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Um conhecido ministro (cujo forte não é exatamente a sua intimidade com a gramática) chamou sua competente secretária e perguntou:
- Como se escreve hospício? É com “h”? Diante da resposta afirmativa, ordenou:
- Então, escreva aí: sob os hospícios do meu Ministério...
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Do deputado Jorge Carone (que foi prefeito de Belo Horizonte, cassado em 1964 e atuante no PMDB):
- O PDS É O “CPOR” do governo.
E Explicou:
- É da reserva, não recebe soldo e só é convocado no último caso...
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Quando Marco Maciel foi candidato ao governo de Pernambuco, alguns de seus inimigos começaram uma campanha contra ele, acusando-o de esquerdista, ao mesmo tempo em que era líder estudantil. Uma calúnia, pois Maciel sempre foi um liberal, conquistara os postos (da União dos Estudantes de Pernambuco e do Diretório Central dos Estudantes do Estado), lutando contra os radicais, de esquerda e de direita. Eugênio Coimbra, então editor-chefe do Jornal do Commercio, esvaziou a campanha. Quando lhe falavam do “passado” do candidato, ele respondia:
- O problema com esse menino não é o passado. É saber se ele terá futuro.
Teve!
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Em 1983, alunos da Escola Superior de Guerra estiveram em Brasília.
Como parte do programa, foram à - ESNI - Escola Superior Nacional de informações, onde os esperava o general Octávio Medeiros, ministro-chefe do Serviço Nacional de Informações, o SNI.
O general falou sobre a missão do SNI. Após a parte expositiva, submeteu-se, democraticamente, a um debate com os estagiários. Um dos alunos perguntou:
- Como é um agente do SNI, como ele atua, de quais cautelas se cerca?
O general Medeiros foi didático:
- Uma coisa posso dizer: o agente do SNI é exatamente o oposto daquele agente do Serviço Secreto português nos tempos de Salazar, que, chegando ao Rio de Janeiro, em missão, foi pegar um táxi e, ao entrar no carro, o o torista fez a clássica pergunta:
- Para onde o senhor pretende ir?
- Isto, jamais saberás...
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Emílio Ribas foi governador do Paraná. Um dia recebeu o presidente Getúlio Vargas e comitiva para inauguração de uma ponte. Discursos, fogos de artifício, criancinhas dando vivas. Chega a vez de Ribas falar. Procura o discurso, havia sumido.
Resolve improvisar:
- Sinto-me fraco diante de tantas personas non gratas:
Está inaugurada a ponte.

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Carlos Lacerda discursava na Câmara:
- Não posso deixar de condenar os ladrões e corruptos que infestam o governo de Getúlio Vargas.
Um deputado aparteou:
- Ladrão é V. Exª!
Carlos Lacerda perguntou:
-Ladrão de quê?
- Ladrão da honra alheia.
E Lacerda, fulminante:
- Então, que fique descansado, que eu nada tenho a roubar de V. Exª.
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No recente cerco do Congresso por tropas da Polícia, em 1984, um assessor de um deputado o procurou, aflito:
- Deputado, deputado, os soldados estão chegando.
- E são amigos?
- Parece, deputado, pois vêm todos juntos.
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Laudo Natel, governador de São Paulo, vidrado em futebol, pensava mais nos estádios do que no Estado. Um dia, o presidente Médici, que também exagerava na sua paixão pelo futebol (lembram-se dele com seu radinho de pilhas, no Maracanã?), telefonou a Natel:
- Tudo bem, governador? Como vai São Paulo?
- Não vai bem não, presidente! O último jogo foi um desastre, perdeu feio pro Corinthians...
- Governador, eu não quero saber do time, quero saber do Estado!
- Ah!, presidente, este vai ser um dos temas da minha próxima audiência como senhor. Vou lhe pedir apoio para construir um novo estádio porque o Pacaembu não seve mais...
Do outro lado da linha, o presidente Médici irritou-se:
- Governador, ouça bem: eu quero saber é como vai o Estado de São Paulo!
Ah!!! Presidente, não sei não... Este jornal me ataca muito, faz muita oposição, não o leio!
Médici desligou.
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Milton Campos tomou um avião em Brasília com destino a Salvador. Como companheiros de viagem, Daniel Kriger e Gilberto Marinho. O vôo seguia normal, de repente entrou numa zona de turbulência, violenta. Milton Campos pediu um uísque duplo, mas não acabou o nervosismo. A aeromoça, vendo o senador pálido, perguntou: “doutor Milton, está faltando ar?”. “Não, minha filha, está faltando terra”, respondeu de pronto.
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Adhemar de Barros era governador de São Paulo, aniversariou, centenas de pessoas foram cumprimentá-lo . O governador suava às bicas. D e repente, para surpresa dos presentes, o governador pediu a palavras:
- Muito obrigado por terem vindo aqui. Mas já não agüento mais tanto puxa-saquismo. Vão apertar a mão do diabo...
- Muito obrigado por terem vindo aqui. Mas já não agüento mais tanto puxa-saquismo. Vão apertar a mão do diabo...
e garanto-lhe que tenho essa obra.O conheci um pouco atrasado,mas suficiente para conhecê-lo melhor que alguns velozes à época.
ResponderExcluirpimentajk@gmail.com....eu,ele e Sérgio Naya.Sou de Ubajara,mais precisamente de Jaburuna e fiel tradutor de suas obras.