DO ALTO DA TORRE é um livro muito bom sobre política e humor, mas que, infelizmente, talvez só se encontre em alguns sebos. Muito bem escrito, maravilhosamente ilustrado por Lopes, conta histórias reais dos bastidores políticos. “Se há ficção, corre por conta dos personagens. Nunca pelo autor”, avisa na introdução Flamarion Mossi. Dário Macedo foi jornalista que fez uma carreira de sucesso em Brasília. Nasceu em Ubajara, no Ceará, a 17 de setembro de 1940 e faleceu no dia 1º de dezembro de 1991. Mudou-se para Brasília em 1976, tendo sido Jornalista; Chefe da Casa Civil do Governo do Estado do Ceará; assessor de Comunicação da Empresa Brasileira de Transporte Urbano e de Ministro. Colaborou em diversos periódicos. Como acho que as pessoas devem ter o privilégio de ter acesso a pelo menos parte da desta excelente obra, seguem alguns trechos...E morram de inveja por saberem que eu tenho a obra completa.
Obras de Dário Macedo:
Mocidade e civismo, 1966.
Política nem sempre, 1983.
Do alto da torre, 1985.
Roberto Magalhães recebeu, no Palácio das Princesas, uma comissão de líderes do interior pernambucano. Quis puxar conversa:
- Então, prefeito, como vai a zona?
O prefeito ficou encabulado, mas não podia deixar de responder:
- Doutor Roberto, a zona não ta bem, não. Apareceram lá umas menininhas muito fraquinhas...
Doutor Roberto fez que não entendia:
- Prefeito, estou perguntando é pela rural.
- Ah, doutor, a nossa caminhonete Rural, o nosso vice-prefeito aqui, o Marquinho, pediu emprestada, bateu e acabou com ela.
Roberto Magalhães mudou de assunto.
xxxxx
Um conhecido ministro (cujo forte não é exatamente a sua intimidade com a gramática) chamou sua competente secretária e perguntou:
- Como se escreve hospício? É com “h”? Diante da resposta afirmativa, ordenou:
- Então, escreva aí: sob os hospícios do meu Ministério...
xxxxx
Do deputado Jorge Carone (que foi prefeito de Belo Horizonte, cassado em 1964 e atuante no PMDB):
- O PDS É O “CPOR” do governo.
E Explicou:
- É da reserva, não recebe soldo e só é convocado no último caso...
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Quando Marco Maciel foi candidato ao governo de Pernambuco, alguns de seus inimigos começaram uma campanha contra ele, acusando-o de esquerdista, ao mesmo tempo em que era líder estudantil. Uma calúnia, pois Maciel sempre foi um liberal, conquistara os postos (da União dos Estudantes de Pernambuco e do Diretório Central dos Estudantes do Estado), lutando contra os radicais, de esquerda e de direita. Eugênio Coimbra, então editor-chefe do Jornal do Commercio, esvaziou a campanha. Quando lhe falavam do “passado” do candidato, ele respondia:
- O problema com esse menino não é o passado. É saber se ele terá futuro.
Teve!
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Em 1983, alunos da Escola Superior de Guerra estiveram em Brasília.
Como parte do programa, foram à - ESNI - Escola Superior Nacional de informações, onde os esperava o general Octávio Medeiros, ministro-chefe do Serviço Nacional de Informações, o SNI.
O general falou sobre a missão do SNI. Após a parte expositiva, submeteu-se, democraticamente, a um debate com os estagiários. Um dos alunos perguntou:
- Como é um agente do SNI, como ele atua, de quais cautelas se cerca?
O general Medeiros foi didático:
- Uma coisa posso dizer: o agente do SNI é exatamente o oposto daquele agente do Serviço Secreto português nos tempos de Salazar, que, chegando ao Rio de Janeiro, em missão, foi pegar um táxi e, ao entrar no carro, o o torista fez a clássica pergunta:
- Para onde o senhor pretende ir?
- Isto, jamais saberás...
xxxxx
Emílio Ribas foi governador do Paraná. Um dia recebeu o presidente Getúlio Vargas e comitiva para inauguração de uma ponte. Discursos, fogos de artifício, criancinhas dando vivas. Chega a vez de Ribas falar. Procura o discurso, havia sumido.
Resolve improvisar:
- Sinto-me fraco diante de tantas personas non gratas:
Está inaugurada a ponte.
xxxxx
Carlos Lacerda discursava na Câmara:
- Não posso deixar de condenar os ladrões e corruptos que infestam o governo de Getúlio Vargas.
Um deputado aparteou:
- Ladrão é V. Exª!
Carlos Lacerda perguntou:
-Ladrão de quê?
- Ladrão da honra alheia.
E Lacerda, fulminante:
- Então, que fique descansado, que eu nada tenho a roubar de V. Exª.
xxxxx
No recente cerco do Congresso por tropas da Polícia, em 1984, um assessor de um deputado o procurou, aflito:
- Deputado, deputado, os soldados estão chegando.
- E são amigos?
- Parece, deputado, pois vêm todos juntos.
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Laudo Natel, governador de São Paulo, vidrado em futebol, pensava mais nos estádios do que no Estado. Um dia, o presidente Médici, que também exagerava na sua paixão pelo futebol (lembram-se dele com seu radinho de pilhas, no Maracanã?), telefonou a Natel:
- Tudo bem, governador? Como vai São Paulo?
- Não vai bem não, presidente! O último jogo foi um desastre, perdeu feio pro Corinthians...
- Governador, eu não quero saber do time, quero saber do Estado!
- Ah!, presidente, este vai ser um dos temas da minha próxima audiência como senhor. Vou lhe pedir apoio para construir um novo estádio porque o Pacaembu não seve mais...
Do outro lado da linha, o presidente Médici irritou-se:
- Governador, ouça bem: eu quero saber é como vai o Estado de São Paulo!
Ah!!! Presidente, não sei não... Este jornal me ataca muito, faz muita oposição, não o leio!
Médici desligou.
Said Barbosa Dib
Mocidade e civismo, 1966.
Política nem sempre, 1983.
Do alto da torre, 1985.
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Roberto Magalhães recebeu, no Palácio das Princesas, uma comissão de líderes do interior pernambucano. Quis puxar conversa:
- Então, prefeito, como vai a zona?
O prefeito ficou encabulado, mas não podia deixar de responder:
- Doutor Roberto, a zona não ta bem, não. Apareceram lá umas menininhas muito fraquinhas...
Doutor Roberto fez que não entendia:
- Prefeito, estou perguntando é pela rural.
- Ah, doutor, a nossa caminhonete Rural, o nosso vice-prefeito aqui, o Marquinho, pediu emprestada, bateu e acabou com ela.
Roberto Magalhães mudou de assunto.
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Um conhecido ministro (cujo forte não é exatamente a sua intimidade com a gramática) chamou sua competente secretária e perguntou:
- Como se escreve hospício? É com “h”? Diante da resposta afirmativa, ordenou:
- Então, escreva aí: sob os hospícios do meu Ministério...
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Do deputado Jorge Carone (que foi prefeito de Belo Horizonte, cassado em 1964 e atuante no PMDB):
- O PDS É O “CPOR” do governo.
E Explicou:
- É da reserva, não recebe soldo e só é convocado no último caso...
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Quando Marco Maciel foi candidato ao governo de Pernambuco, alguns de seus inimigos começaram uma campanha contra ele, acusando-o de esquerdista, ao mesmo tempo em que era líder estudantil. Uma calúnia, pois Maciel sempre foi um liberal, conquistara os postos (da União dos Estudantes de Pernambuco e do Diretório Central dos Estudantes do Estado), lutando contra os radicais, de esquerda e de direita. Eugênio Coimbra, então editor-chefe do Jornal do Commercio, esvaziou a campanha. Quando lhe falavam do “passado” do candidato, ele respondia:
- O problema com esse menino não é o passado. É saber se ele terá futuro.
Teve!
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Em 1983, alunos da Escola Superior de Guerra estiveram em Brasília.
Como parte do programa, foram à - ESNI - Escola Superior Nacional de informações, onde os esperava o general Octávio Medeiros, ministro-chefe do Serviço Nacional de Informações, o SNI.
O general falou sobre a missão do SNI. Após a parte expositiva, submeteu-se, democraticamente, a um debate com os estagiários. Um dos alunos perguntou:
- Como é um agente do SNI, como ele atua, de quais cautelas se cerca?
O general Medeiros foi didático:
- Uma coisa posso dizer: o agente do SNI é exatamente o oposto daquele agente do Serviço Secreto português nos tempos de Salazar, que, chegando ao Rio de Janeiro, em missão, foi pegar um táxi e, ao entrar no carro, o o torista fez a clássica pergunta:
- Para onde o senhor pretende ir?
- Isto, jamais saberás...
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Emílio Ribas foi governador do Paraná. Um dia recebeu o presidente Getúlio Vargas e comitiva para inauguração de uma ponte. Discursos, fogos de artifício, criancinhas dando vivas. Chega a vez de Ribas falar. Procura o discurso, havia sumido.
Resolve improvisar:
- Sinto-me fraco diante de tantas personas non gratas:
Está inaugurada a ponte.
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Carlos Lacerda discursava na Câmara:
- Não posso deixar de condenar os ladrões e corruptos que infestam o governo de Getúlio Vargas.
Um deputado aparteou:
- Ladrão é V. Exª!
Carlos Lacerda perguntou:
-Ladrão de quê?
- Ladrão da honra alheia.
E Lacerda, fulminante:
- Então, que fique descansado, que eu nada tenho a roubar de V. Exª.
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No recente cerco do Congresso por tropas da Polícia, em 1984, um assessor de um deputado o procurou, aflito:
- Deputado, deputado, os soldados estão chegando.
- E são amigos?
- Parece, deputado, pois vêm todos juntos.
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Laudo Natel, governador de São Paulo, vidrado em futebol, pensava mais nos estádios do que no Estado. Um dia, o presidente Médici, que também exagerava na sua paixão pelo futebol (lembram-se dele com seu radinho de pilhas, no Maracanã?), telefonou a Natel:
- Tudo bem, governador? Como vai São Paulo?
- Não vai bem não, presidente! O último jogo foi um desastre, perdeu feio pro Corinthians...
- Governador, eu não quero saber do time, quero saber do Estado!
- Ah!, presidente, este vai ser um dos temas da minha próxima audiência como senhor. Vou lhe pedir apoio para construir um novo estádio porque o Pacaembu não seve mais...
Do outro lado da linha, o presidente Médici irritou-se:
- Governador, ouça bem: eu quero saber é como vai o Estado de São Paulo!
Ah!!! Presidente, não sei não... Este jornal me ataca muito, faz muita oposição, não o leio!
Médici desligou.
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Milton Campos tomou um avião em Brasília com destino a Salvador. Como companheiros de viagem, Daniel Kriger e Gilberto Marinho. O vôo seguia normal, de repente entrou numa zona de turbulência, violenta. Milton Campos pediu um uísque duplo, mas não acabou o nervosismo. A aeromoça, vendo o senador pálido, perguntou: “doutor Milton, está faltando ar?”. “Não, minha filha, está faltando terra”, respondeu de pronto.
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Adhemar de Barros era governador de São Paulo, aniversariou, centenas de pessoas foram cumprimentá-lo . O governador suava às bicas. D e repente, para surpresa dos presentes, o governador pediu a palavras:
- Muito obrigado por terem vindo aqui. Mas já não agüento mais tanto puxa-saquismo. Vão apertar a mão do diabo...
- Muito obrigado por terem vindo aqui. Mas já não agüento mais tanto puxa-saquismo. Vão apertar a mão do diabo...
e garanto-lhe que tenho essa obra.O conheci um pouco atrasado,mas suficiente para conhecê-lo melhor que alguns velozes à época.
ResponderExcluirpimentajk@gmail.com....eu,ele e Sérgio Naya.Sou de Ubajara,mais precisamente de Jaburuna e fiel tradutor de suas obras.