segunda-feira, 27 de julho de 2009

Parece que os jornalões estão começando a jogar a toalha, percebendo que estão perdendo leitores e credibilidade. Para disfarçar...

Até quando?
Carlos Heitor Cony


Com a queda de Getulio Vargas em 1945, por deliberação dos militares que depuseram o ditador, o poder foi entregue ao presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro José Linhares.
Naquele tempo e como parte ainda hoje, o funcionalismo público em seus vários graus (federal, estadual e municipal) era a espinha dorsal do mercado de trabalho brasileiro. Linhares nomeou muita gente, inclusive parentes, o que fez o Barão de Itararé reclamar: “Não são Linhares, são milhares”.
Quando Juscelino nomeou um parente com o nome de sua família para importante cargo em estatal, o “Correio da Manhã” publicou o editorial mais curto da imprensa mundial: “O presidente da República nomeou um Kubitschek. Este nome não nos é estranho”.
O nepotismo é hoje condenado e com razão, mas na escala dos crimes institucionais, é venial, como a gula, a preguiça e a soberba em relação aos pecados mortais, como o homicídio e o roubo.
Ao visitar José Alencar no hospital, Lula encontrou-se com o senador Eduardo Suplicy e reclamou: “Você está há 18 anos no Congresso e não sabia de nada?!” Não somente Suplicy, mas centenas de congressistas nesses últimos anos nada sabiam do que se passava nos porões da Câmara ou do Senado.
A onda moralista que a mídia desencadeou contra o Senado e em especial contra determinado senador lembra a virulência udenista que, expressando a indignação das grandes parcelas da classe média, criaram as condições objetivas para o movimento militar de 1964.
Lembro uma foto publicada do guarda-roupa da mulher de João Goulart com a legenda: “Até quando vamos suportar isso?”

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