Aloysio Vieira, o operador do DEM no Senado
Por Mino Pedrosa, Sérgio Pardellas e Hugo Marques (IstoÉ)
Um processo de oito volumes que tramita na 12ª Vara Federal de Brasília, em segredo de Justiça, revela um personagem-chave que começa a jogar luz sobre a caixa-preta em que se transformou a primeira-secretaria do Senado Federal, controlada há uma década com mão de ferro pelo antigo PFL, hoje DEM, responsável pela gestão de R$ 2,7 bilhões por ano. Trata-se de Aloysio de Brito Vieira, o “Matraca” (foto), ex-presidente da Comissão de Licitação da Casa, que se tornou o operador de um esquema de desvio de dinheiro público e pagamento de propinas que funciona com a conivência ou participação de alguns senadores do DEM. Na tarde da quinta-feira 9, ISTOÉ apresentou documentos a um dos cabeças da organização que revelou como funcionava o esquema. Para fazer parte do pool de fornecedores do Senado, empresas eram obrigadas a pagar uma propina que, dependendo do valor do contrato, poderia chegar a 30%. “Só a empresa Ipanema foi obrigada a pagar R$ 300 mil reais por mês para o primeiro-secretário Efraim Morais”, contou. A Ipanema Empresas de Serviços Gerais de Transportes Ltda., que recebia cerca de R$ 30 milhões por ano pela terceirização dos funcionários da agência, jornal, rádio e TV da Casa, atuou no Senado até o final de março. Outras empresas como a Delta Engenharia Indústria e Comércio Ltda. e a Brasília Informática também teriam pago comissões a Efraim, segundo o participante do esquema. Durante a gestão de Efraim à frente da primeira-secretaria, o dinheiro desviado chegava às mãos do senador por intermédio do assessor parlamentar Eduardo Bonifácio Ferreira. Era ele quem levava o pacote com a dinheirama até o gabinete do senador democrata. A importância de Bonifácio era tamanha que ele detinha a chave do gabinete do primeiro-secretário. Bonifácio chegou a ser filmado e fotografado pelo serviço de inteligência da Polícia Federal, a partir do circuito interno de câmeras do Senado. Mesmo depois de perder o cargo de assessor, ele continuou com a chave do gabinete. Segundo detalhou à ISTOÉ o integrante do grupo, os pagamentos mensais eram feitos em cima das faturas dos contratos. Assim que a fatura das empresas chegava ao banco, o percentual da propina era automaticamente retirado. Ligado ao senador paulista Romeu Tuma (que foi primeiro-secretário pelo DEM e hoje é filiado ao PTB), Aloysio entrou no Senado como servidor efetivo em 1982 e trabalhou no setor de compras e serviços a partir de 1999. Em 2003 deixou a área formalmente, mas continua a manter contatos com as empresas fornecedoras. Em março de 2008, Aloysio assumiu outra área sensível na Casa. Pelas mãos de Efraim, foi guindado à presidência da comissão encarregada de cuidar da verba indenizatória. Ali, atestou as suspeitas notas apresentadas pelos senadores. Este ano, em meio à crise em que mergulhou a Casa, Aloysio foi acomodado, por orientação do novo primeiro-secretário, Heráclito Fortes (DEM-PI), numa pequena sala localizada na gráfica da Casa. Submergiu para sair dos holofotes. Mas o setor de compras pouco mudou de mãos. Sem alarde, seu sócio e primo Max Silveira Vieira foi nomeado por Heráclito na terça-feira 7, por meio do ato número 35 de 2009, para a Comissão de Gestão de Contratos.
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