Pedro Simon é ressentido... quer se dar bem às custas de Sarney e Lula. Vive fazendo discursos senis, mas não faz nada pelo Rio Grande. Não participa de comissões ou de colegiados. Não apresenta projetos importantes. Não propõe nada, não ajuda a liberar emendas orçamentárias. Diz que exige a saída do presidente eleito do Senado apenas para inviabilizar a governabilidade.
A verdade é que Pedro Simon, o “Turco”, sempre foi meão, embora cultivasse uma aura de “bom moço”. Na verdade, oportunista, mau caráter e decadente, Pedro Simon prefere sacrificar a instituição Senado Federal e a estabilidade democrática pelo fato de Lula prestigiar Sarney e porque sabe que não tem cacife político para absolutamente nada. É o ressentido que prefere destruir tudo que sempre disse defender do que assumir sua condição medíocre. Antigamente, eu até respeitava o senador Pedro Simon. Apenas por três motivos: pela idade, por ser descendente de libaneses (como eu) e por ser gaúcho, povo guerreiro que nos deu Getúlio Vargas - o grande fundador do Estado brasileiro - e Leonel Brizola (o seu sucessor que “deveria ser, mas que não foi” e que, aliás, quando estive com ele, me disse que Simon não era confiável). Até que na minha juventude achava que o “turco” era gente do Bem. Vibrava com os discursos dele. Embora na época não fosse assim “uma Brastemp” no cenário político, gostava do palavrório moralista e coisa e tal. Mas, em 2002 me decepcionei totalmente. Diante da possibilidade de poder (veja bem...POSSIBILIDADE), o homem se traiu e mostrou o gigantesco mau caráter que realmente tem. Trata-se das eleições daquele ano para a Presidência. Final do governo apátrida de FH &Cia. Simon tinha sido uma das referências contra os tucanóides. Fazia sempre aqueles intermináveis discursos, bem pausados, bem calculados, sempre muito críveis. Tinha sido pessoa importante no governo Itamar – mineiriiim que admiro até hoje. Se mostrava um camarada de fibra que se postava em defesa do governo anterior diante das besteiras do “professor de sociologia”. Eu achava ótimo.
Quando surgiu o debate dentro do PMDB se o partido iria ter ou não candidatura própria, Itamar, claro!, era o grande nome, principalmente diante do que considerávamos as besteiras que Fernando Henrique estava fazendo com relação ao “Plano Real” e às “Privatizações/doações” (nas palavras do mestre Helio Fernandes). Houve toda aquela sacanagem contra o mineirinho para que ele não fosse candidato. FHC – o eterno empregado da “Fundação Ford” -, fez de tudo para que o PMDB não tivesse candidato próprio. Até Jobim, ainda na magistratura e sempre nada confiável, foi acionado para acabar com a festa. Recebeu questionamentos “jurídicos” contra uma convenção do PMDB em favor de Itamar, em plena madrugada e coisa e tal. E foi o que aconteceu: deram um chega pra lá em Itamar. O esquema tinha sido feito pelo governinho FHC em conluio com as ratazanas dentro do próprio PMDB. Os nomes principais: Geddel Vieira Lima e Michel Temer, os eternos príncipes das trevas. Justamente essa gente que hoje... deixa pra lá.
Mas, o lado bom do PMDB, liderado por Itamar, foi vencido. Fiquei revoltado na época. E por isso passei a ver Simon com mais admiração, como um aríete contra as injustiças, justamente porque foi ele que fez os melhores protestos contra a armação toda.
Depois, descartado Itamar, começou a lutar para que o PMDB tivesse candidatura própria. Justíssimo. O turco estava certíssimo. Falou-se de Requião (grande brasileiro), Sarney (que nas pesquisas populares surpreendia) e, claro, o próprio Simon. O “turco” ficou feliz que nem pinto no lixo. Empolgou-se. Mas a tese da candidatura própria foi pras cucúias. Geddel “Corleone” Lima, que hoje apóia Tião Medonho contra o próprio PMDB, e Michel Temer, serrista-tucanóide ensandecido, que hoje se diz aliado do Lula, deram um banho de água gelada nas pretensões do turquinho empolgado. E quando criança fica frustrada, não se contém. Mostra mesmo a cara. Chora, grita, esperneia, bate. Natural. E foi o que aconteceu. Simon mostrou o que realmente guardava dentro de si. Nunca foi aquele moço ético e bondoso que sempre mostrou. Era um ambicioso frustrado... e doído. Seus olhos faiscavam de ódio. E quis o bom Deus que o contexto da época, cheio de pólvora política, recebesse as suas fagulhas de ódio, o que provocou a inexorabilidade da verdade: o ômi não era exatamente uma “vestal grávida” ou um “paladino da moral” (nas palavras do jornalista que não perdoa:Vicente Limongi). Na verdade, frustrado, revelou-se no momento extremo de crise. Não teve como se conter...Logo depois da tragédia, a sedução. Ah! A Sedução. E veio com mãos dadas com o Poder. Nada é tão ruim para uma moral fragilizada do que a Sedução de braços e abraços com o Poder. E foi justamente a dupla que, marcando presença, bateu à porta do “turco”. PMDB de joelhos, os tucanóides lançaram na imprensa uma isca. Plantaram a sedutora e perigosa informação de que o PMDB seria aliado do PSDB nas eleições para presidente daquele ano.
Coisa dos diabólicos e eficientes Geddel e Temer. Batata! O senador Pedro Simon, ingenuamente, logo caiu na isca. Acreditou de uma forma canina que realmente estava sendo cotado para ser candidato a vice-presidente de José Serra. Nervoso, ansioso, não tinha chimarão que chegasse. Tão logo soube, com olhos arregalados, disse sem pensar que “a escolha de seu nome para compor a chapa com o tucano seria uma surpresa” e, tentando fingir de desinteressado, disfarçando, aparentando modéstia: “naaãooo... a deputada federal Rita Camata é a mais cotada para a indicação”. "Vai ser surpresa, porque eu sinto que é a Rita [a escolhida para o cargo]. Pelas informações que tenho é a Rita. Agora, se for eu, acho que aceito", afirmou sorrindo indisfarçavelmente Simon, feliz e crente que realmente já era o vice de Serra. Alí, a coisa explodiu. Não havia como se conter. Sentiu-se o próprio Getúlio Vargas. Olhava pras nuvens, suspirava e pensava já na morte de Serra, ele assumindo, dando golpe...sim, seria “um Getúlio melhorado..”. Mas, depois do sonho, sempre a maldita realidade. No dia 21 de maio de 2002, a “Folha de S. Paulo”, veículo de comunicações oficial dos tucanos na época, anunciava: “A decisão sobre o nome do vice será feita pela cúpula do PMDB, provavelmente amanhã (não deixem de clicar no "amanhã"). O presidente do partido, deputado federal Michel Temer (SP), recebeu pela manhã em seu apartamento, para conversas separadas, os dois cotados. Ao sair do encontro, Rita procurou evitar qualquer confirmação. `Fui convidada para essa conversa sobre o processo e quem falará é o comando do partido`, disse a deputada. Uma declaração feita pelo líder do PMDB na Câmara, Geddel Vieira Lima (BA), comprova que a escolha está mesmo entre os dois. `São grandes nomes do PMDB, que unificam o partido e contam com a nossa simpatia, disse Geddel, que até há pouco tempo considerava Rita e Simon adversários pela atuação dos dois em favor de uma candidatura própria do PMDB”.
Pouco tempo depois, tragicamente (para Simon), os tucanos escolheram a bela e menosprezaram a fera. Não confiavam em Simon, por um lado, e acreditavam que poderiam fazer com que a população esquecesse a feiúra de Serra, por outro. Mas, o resto da história, todos conhecem... Serra soube dar um tombão em outras belas, Lula venceu, a linda Rita Camata foi vencida - ao lado do candidato “Bart Serra Simpson” – e Pedro Simon – coitado!!!- ficou desmascarado e a ver navios. Até hoje não se recuperou...
Mas...afinal, qual a razão do ódio de Simon para com Sarney?
Inveja e necessidade de esconder a própria pequenez. Simon sempre foi assim. Era meão de um grande – mas ambicioso – homem, o Ulisses Guimarães. Para compreender o que aconteceu, há a necessidade de se lembrar que Simon, durante da chamada “Nova República" tinha sido escolhido Ministro da Agricultura por Tancredo Neves. Ao contrário do que se esperava, mesmo com a morte de Tancredo, foi confirmado no cargo por José Sarney após o falecimento do primeiro em 21 de abril de 1985, permanecendo na Esplanada dos Ministérios até o início de 1986, quando, por interesse próprio, abandonou o barco para se candidatar ao governo do Rio Grande do Sul, em campanha vitoriosa apenas e tão somente por causa do Plano Cruzado de Sarney. Até uma ameba seria eleito naquele contexto. Simon, na verdade, deixou muita confusão nas contas do ministério, como revelou hoje o senador Renan. Tinha sido um péssimo ministro. Tentou de tudo sabotar Sarney, como quase todos os aliados de Ulisses. Com o Plano Cruzado e o fortalecimento do presidente, Simon e o seu chefe, Ulsses, se deram mal... Mas, para se compreender toda a História, leia o artigo abaixo. Diz tudo.
Por Said Barbosa Dib
As discussões internas do PMDB, sobre o apoio ao governo Lula, trazem algumas reflexões importantes sobre governabilidade e responsabilidade política. O PMDB nunca foi um partido. Foi criado para ser um saco político formado por aqueles que, por fatores e interesses diversos, não tinham concordado com a intervenção militar. Havia desde integrantes dos partidões clandestinos esquerdistas, passando por varguistas e até adhemaristas e lacerdistas irritados com a não-realização de eleições presidenciais em 1966. Portanto, sua gênese, por definição, foi marcada pelo arbítrio imposto pelo AI-2, que aboliu o pluripartidarismo. Não havia opção possível de se fazer política partidária para aqueles que não se enquadravam no setor oficial pró-revolução de 64, a Arena. Esta, aliás, também tinha um leque amplo de tendências políticas, como os elementos progressistas da antiga UDN “bossa-novista” que combateram a ditadura de Vargas e não tinham como conviver com petebistas do MDB. Esta confusão talvez tenha sido o pecado original para as nossas instituições e a razão de ser da atual necessidade de reforma política. Mas, diante de um inimigo comum, forças políticas heterogêneas tendem a se unir. Como na guerra, este é um princípio básico da política, que, como já se disse, é a guerra por outros meios que não as armas. E foi o que aconteceu. Na mesma medida em que a idéia inicial de Castelo Branco de devolver o poder para os civis foi sendo atropelada pelos acontecimentos — e os devaneios da “linha dura” —, o então MDB passou a ter uma identidade, uma razão de ser, um perfil comum aos seus integrantes: a luta contra a ditadura. Tornou-se, a partir de então, não um partido, mas uma frente política contra o arbítrio, principalmente depois do AI-5. Com a delicada transição democrática liderada por Sarney, que soube como ninguém administrar revanchismos e rancores de todos os lados, o discurso antiditadura tinha que ser substituído por ações práticas que viabilizassem um projeto de nação realmente sério. A frente tinha a oportunidade histórica de retomar um caminho propositivo e patriótico de desenvolvimento nacional — e de efetivação democrática — que tinha sido abortado não em 1964, mas dez anos antes, com a morte de Vargas. Mas não foi o que aconteceu. Com a morte de Tancredo e a volta dos militares aos quartéis, a frente perdeu seu norte. Não sobrou nada. Não deu apoio à governabilidade no momento em que as eleições diretas se aproximavam. Ao contrário do que se propala por aí, Ulysses Guimarães, ambicioso, representou não a unidade, mas a síntese perfeita desta situação de fragmentação. Queria por tudo ser presidente, não importando os meios. Depois do Plano Cruzado, o PMDB tinha conquistado a maioria esmagadora dos governos estaduais, feito a maior parte dos constituintes, se tornado o maior e mais prestigiado partido nacional. Embora Sarney mantivesse peemedebistas históricos em seu governo, no final de sua presidência foi abandonado, não pôde mais contar com o necessário apoio do partido. Daí o pífio desempenho do PMDB nas eleições de 1989, com Ulysses, e, mais pífio ainda, com Quércia, depois. Desempenho este que viabilizaria as aberrações neoliberais dos anos 90, que vêm destruindo qualquer possibilidade de desenvolvimento soberano efetivo do país desde Collor, passando pela calamidade do período FHC. Agora, os peemedebistas não podem se esquecer que o golpe de 64 foi feito justamente para destituir um governo que, populista mas fraco, menosprezava o Congresso Nacional e as instituições da democracia representativa. Assim como Goulart, mais tarde Collor cairia, por também desprezar os entendimentos com o Congresso. Hoje, Lula também precisa do parlamento para fechar bem o seu governo. Por isso, vem falando de “concertação política” e da necessidade de um “conselho de ex-presidentes”. Ele sabe das restrições estruturais da política econômica dependente geradas pelo tucanato. Tem consciência de que, como está, mesmo que queira, não tem como dar um rumo mais desenvolvimentista ao seu governo. Tem que se ater a ações pontuais inócuas. Até seu próprio partido não é confiável para lhe dar sustentação para medidas mais ousadas. Por isso, precisa do PMDB, o maior partido do país. Mas não o PMDB fragmentado e desinteressado, e sim o PMDB que sabe que não pode repetir a omissão que teve em 1989. Caso contrário, sem apoio no Congresso, Lula poderá se ver forçado a tomar rumos perigosos que não quer e não deseja, como as coisas vêm ocorrendo na Venezuela, na Argentina e na Bolívia. Setores do PT já andam propondo plebiscitos, referendos e coisas do gênero que desconsideram as instituições da democracia representativa e abrem caminho para aventuras totalitárias perigosas. Daí ser imperioso, mais do que nunca, que o PMDB assuma definitivamente suas responsabilidades. SAID BARBOSA DIB é historiador e analista político em Brasília.
As discussões internas do PMDB, sobre o apoio ao governo Lula, trazem algumas reflexões importantes sobre governabilidade e responsabilidade política. O PMDB nunca foi um partido. Foi criado para ser um saco político formado por aqueles que, por fatores e interesses diversos, não tinham concordado com a intervenção militar. Havia desde integrantes dos partidões clandestinos esquerdistas, passando por varguistas e até adhemaristas e lacerdistas irritados com a não-realização de eleições presidenciais em 1966. Portanto, sua gênese, por definição, foi marcada pelo arbítrio imposto pelo AI-2, que aboliu o pluripartidarismo. Não havia opção possível de se fazer política partidária para aqueles que não se enquadravam no setor oficial pró-revolução de 64, a Arena. Esta, aliás, também tinha um leque amplo de tendências políticas, como os elementos progressistas da antiga UDN “bossa-novista” que combateram a ditadura de Vargas e não tinham como conviver com petebistas do MDB. Esta confusão talvez tenha sido o pecado original para as nossas instituições e a razão de ser da atual necessidade de reforma política. Mas, diante de um inimigo comum, forças políticas heterogêneas tendem a se unir. Como na guerra, este é um princípio básico da política, que, como já se disse, é a guerra por outros meios que não as armas. E foi o que aconteceu. Na mesma medida em que a idéia inicial de Castelo Branco de devolver o poder para os civis foi sendo atropelada pelos acontecimentos — e os devaneios da “linha dura” —, o então MDB passou a ter uma identidade, uma razão de ser, um perfil comum aos seus integrantes: a luta contra a ditadura. Tornou-se, a partir de então, não um partido, mas uma frente política contra o arbítrio, principalmente depois do AI-5. Com a delicada transição democrática liderada por Sarney, que soube como ninguém administrar revanchismos e rancores de todos os lados, o discurso antiditadura tinha que ser substituído por ações práticas que viabilizassem um projeto de nação realmente sério. A frente tinha a oportunidade histórica de retomar um caminho propositivo e patriótico de desenvolvimento nacional — e de efetivação democrática — que tinha sido abortado não em 1964, mas dez anos antes, com a morte de Vargas. Mas não foi o que aconteceu. Com a morte de Tancredo e a volta dos militares aos quartéis, a frente perdeu seu norte. Não sobrou nada. Não deu apoio à governabilidade no momento em que as eleições diretas se aproximavam. Ao contrário do que se propala por aí, Ulysses Guimarães, ambicioso, representou não a unidade, mas a síntese perfeita desta situação de fragmentação. Queria por tudo ser presidente, não importando os meios. Depois do Plano Cruzado, o PMDB tinha conquistado a maioria esmagadora dos governos estaduais, feito a maior parte dos constituintes, se tornado o maior e mais prestigiado partido nacional. Embora Sarney mantivesse peemedebistas históricos em seu governo, no final de sua presidência foi abandonado, não pôde mais contar com o necessário apoio do partido. Daí o pífio desempenho do PMDB nas eleições de 1989, com Ulysses, e, mais pífio ainda, com Quércia, depois. Desempenho este que viabilizaria as aberrações neoliberais dos anos 90, que vêm destruindo qualquer possibilidade de desenvolvimento soberano efetivo do país desde Collor, passando pela calamidade do período FHC. Agora, os peemedebistas não podem se esquecer que o golpe de 64 foi feito justamente para destituir um governo que, populista mas fraco, menosprezava o Congresso Nacional e as instituições da democracia representativa. Assim como Goulart, mais tarde Collor cairia, por também desprezar os entendimentos com o Congresso. Hoje, Lula também precisa do parlamento para fechar bem o seu governo. Por isso, vem falando de “concertação política” e da necessidade de um “conselho de ex-presidentes”. Ele sabe das restrições estruturais da política econômica dependente geradas pelo tucanato. Tem consciência de que, como está, mesmo que queira, não tem como dar um rumo mais desenvolvimentista ao seu governo. Tem que se ater a ações pontuais inócuas. Até seu próprio partido não é confiável para lhe dar sustentação para medidas mais ousadas. Por isso, precisa do PMDB, o maior partido do país. Mas não o PMDB fragmentado e desinteressado, e sim o PMDB que sabe que não pode repetir a omissão que teve em 1989. Caso contrário, sem apoio no Congresso, Lula poderá se ver forçado a tomar rumos perigosos que não quer e não deseja, como as coisas vêm ocorrendo na Venezuela, na Argentina e na Bolívia. Setores do PT já andam propondo plebiscitos, referendos e coisas do gênero que desconsideram as instituições da democracia representativa e abrem caminho para aventuras totalitárias perigosas. Daí ser imperioso, mais do que nunca, que o PMDB assuma definitivamente suas responsabilidades. SAID BARBOSA DIB é historiador e analista político em Brasília.
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