terça-feira, 24 de novembro de 2009

Said Barbosa Dib

José Serra: o "Mousavi" tupiniquim....o apátrida cosmopolita de sempre.

"Mudança para os pobres significa comida e empregos, não um código de vestuário descontraído ou recreações diversas... A política no Irã é muito mais sobre guerra de classe do que sobre religião".
Editorial do Financial Times, 15 de junho de 2009

José Serra, o eterno candidato da plutocracia financeira internacional, está em queda livre nas pesquisas para 2010. Aconselhado por publicitários pagos a peso de ouro, resolveu fingir que escreve alguma coisa. Iniciou uma série de artigos que falará de tudo um pouco, que serão publicados (claro!) no seu jornaleco particular, o “Folhetim de São Paulo”. A idéia é mostrar o governador como um pretenso contraponto às políticas adotadas pelo presidente Lula. Decisão, no mínimo, imbecil, principalmente agora que, segundo a pesquisa CNT/SENSUS, a vitalidade da popularidade do presidente é sobejamente confirmada. Mas, independente deste aspecto, Serra começou muito mal quanto à abordagem. Ao tentar se contrapor a Lula, acabou por beneficiar ainda mais o presidente e sua candidata, Dilma. Ou seja, Serra assumiu que é a síntese do que há de pior para um país realmente soberano. O que escreveu no folhetim fortalece e confirma ainda mais o que a população já sabia: o “Bart Simpson” da política brasileira não passa de um papagaio passivo dos já manjados donos do mundo. Aproveitando a vinda do presidente ELEITO do Irã ao Brasil (país que mantemos relações diplomáticas normais e onde empresas brasileiras têm interesses importantes), fez uma agressão sem sentido ao presidente Mahmoud Ahmadinejad, apenas para agradar a seus superiores estrangeiros. Disse que a presença do líder iraniano é "indesejável" e coisa e tal. Segundo ele, “é desconfortável recebermos no Brasil o chefe de um regime ditatorial”. Segundo ainda o enxacoco Serra, “o presidente iraniano acaba de ser reconduzido ao poder por eleições notoriamente fraudulentas. A fraude foi tão ostensiva que dura até hoje no país a onda de revolta desencadeada”. O artigo foi publicado nesta segunda-feira e merece alguns comentários importantes, pois mostra como o “homem do Rodoanel”, infelizmente governador do mais rico estado brasileiro, não tem idéias próprias, não passando, assim como o manjado agente da CIA, FHC, de marionete das forças internacionais mais atrasadas e perigosas, que buscam, a qualquer preço, desestabilizar qualquer país que queira se desenvolver de forma soberana e democrática. Para entender bem a coisa toda, assim como “Jack, o Estripador”, vamos por partes...
O imperialismo norte-americano continua firme e forte, mas está envergonhado. O “big stick” da Era Bush não se faz às claras. Teoricamente, pegaria mal para o “politicamente correto” Obama escancarar as garras do Império. Agora o esquema é retornar às estratégias desestabilizadoras e maquiavélicas aplicadas nas “revoluções” coloridas nos países do antigo “Bloco soviético”. Conta-se com as famigeradas ONGs de sempre e se distribui dinheiro a rodo entre apátridas locais (geralmente filhinhos de papai das elites locais que sempre viveram no estrangeiro). Fabrica-se movimentos sociais com discursos anti-nacionais e desagregadores, compra-se partidos e meios de comunicação social... Que interessa que Ahmadinejad tenha sito sufragado por amplos setores nas eleições de forma limpa, que as organizações independentes (e internacionais) que fiscalizaram o pleito eleitoral não tenham detectado quaisquer irregularidades ou fraudes, nem qualquer restrição à liberdade dos candidatos durante a campanha? Não interessa que os iranianos não deram a vitória ao candidato marionete, apoiado pela plutocracia financeira internacional e pelos países ocidentais. O importante é desestabilizar aquele país, custe o que custar...
Por outro lado, não se pode esquecer a História. Sempre que os já manjados representantes da ONU começam a fazer relatórios, o mundo está sempre em perigo de uma invasão dos EUA. Quem não se lembra das artimanhas do governo Bush, com o discurso anêmico para invadir o Iraque, sobre “armas de destruição em massa”, depois do “11 de Setembro”, um dos maiores engodos da História? Em fevereiro de 2008, bem depois de começar o genocídio norte-americano no Iraque, segundo excelente análise de James Petras, no Global Research, o negociador iraniano para o tema nuclear, Said Jalili, defendeu o direito do Irã de enriquecer urânio e chamou de "ilógicas" as novas sanções contra o país. Jalili, depois de demonstrar detalhes acerca da realidade do programa iraniano, reafirmou que os fins do programa desenvolvido pelo país são "pacíficos". Ele compareceu ao Parlamento Europeu um dia depois dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas - Estados Unidos, Rússia, China, França e Grã-Bretanha - e a Alemanha, decidirem promover uma nova sanção contra o Irã, diante da recusa soberana do país de suspender o programa nuclear. Jalili fez várias referências aos relatórios da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e da Agência Central de Inteligência (CIA), que colocaram dúvida que as intenções do programa nuclear iraniano sejam armamentistas. Ele lembrou que o Irã se colocou "voluntariamente" à disposição do diretor-geral da AIEA, Mohamed ElBaradei, para a verificação de suas atividades nucleares e a inspeção de suas centrais.

Na verdade, segundo James Petras, assim como foi feito com relação ao Iraque, o Ocidente quer, precisa estruturalmente, de uma guerra com o Irã. O país dos Aiatolás poderia acabar totalmente com a sua soberania e fazer absolutamente tudo que o Ocidente quisesse. Mas os EUA e seus aliados começariam a exigir mais e mais, até que houvesse um pretexto para a guerra. Desde o ano passado os jogos de guerra para operações contra o Irã começaram, independente de qualquer conclusão sobre as negociaçõea atuais. Como acusou artigo de Michel Chossudovsky, "a Guerra no Irã”, os EUA completaram as principais manobras militares no Golfo Pérsico a curta distância das águas territoriais iranianas há muito. Esta demonstração naval destina-se a "enviar uma advertência a Teerã" após a adoção da Resolução 1747 do Conselho de Segurança das Nações Unidas , a qual impõe grandes sanções econômicas ao Irã em retaliação pelo que seria o "não-cumprimento das exigências americanas quanto ao seu programa de enriquecimento de urânio". Os jogos de guerra americanos junto ao litoral iraniano, independente do que ocorria no Irã ou nos foros multilaterais, envolveram a participação de dois porta-aviões, o USS John Stennis e o USS Eisenhower, com uns 10 mil elementos da marinha e mais de 100 aviões de guerra. O porta-aviões USS John C. Stennis, que faz parte da 5ª Frota Americana, entrou no Golfo Pérsico desde 27 de Março do ano passado, escoltado pelo cruzador com mísseis guiados USS Antietam (CG-54). (ver http://www.navy.mil/ ). O porta-aviões de grupo de ataque USS John C. Stennis e sua ala aérea, o Carrier Air Wing (CVW) 9, dizem ter conduzido "um exercício dual" junto com o USS Dwight D. Eisenhower Carrier Strike Group (IKE CSG):
"Esta é a primeira vez que os grupos de ataque Stennis e Eisenhower operaram juntos num exercício conjunto enquanto adstritos à 5ª Frota. Este exercício demonstra a importância e a capacidade de ambos os grupos de ataque planearem e conduzirem operações de força tarefa dupla como parte do compromisso da Marinha para manterem segurança marítima e estabilidade na região", informou o chefe da operação.
Desde então, a situação política interna no Irã passou a sofrer investimentos gigantes da plutocracia financeira internacional e dos países Ocidentais, com vistas à desestabilização daquele país. Isto provocou repercussões importantes nas últimas eleições iranianas. Assim como ocorreu com as chamadas “revoluções coloridas”, financiadas pela CIA para desestabilizar a Rússia nos anos 90, ou com as ações golpistas contra o presidente da Venezuela, o Irã passou a sofrer uma campanha ostensiva contra suas instituições políticas. Provavelmente não haverá qualquer eleição no mundo em que a “Casa Branca” tenha algum interesse, em que a derrota eleitoral do candidato pró-EUA não seja necessariamente denunciada como ilegítima pela grande mídia. Nos últimos tempos, sempre acusaram infração após as livres (e monitoradas) eleições na Venezuela e em Gaza, enquanto alegremente fabricaram um "êxito eleitoral" no Líbano, apesar da coligação liderada pelo Hezbollah ter recebido mais de 53% dos votos. Nas eleições legítimas concluídas a 12 de Junho de 2009, no Irã, o candidato à reeleição, o nacionalista e popular presidente Mahmoud Ahmadinejad (MA), simplesmente recebeu 63,3% da votação (ou 24,5 milhões de votos), ao passo que o principal candidato da oposição liberal, Hossein Mousavi (HM), ser apátrida assim como o Serra daqui, recebeu 34,2% (ou 13,2 milhões de votos). A eleição atraiu um comparecimento recorde de mais de 80% do eleitorado, incluindo uma votação sem precedentes 234.812 do estrangeiro, na qual Mousavi obteve 111.792 e Ahmadinejad, 78.300. A oposição não aceitou a derrota e, financiada pelo Ocidente, forjou uma série de manifestações que se tornaram necessariamente violentas, resultando na queima e destruição de automóveis, bancos, edifícios públicos e confrontações armadas com a polícia e outras autoridades. Quase toda a mídia dos países imperialistas serviu de caixa de ressonância da oposição apátrida. O discurso era de condenação ao regime. Recusaram-se a reconhecer o resultado da votação e louvaram os esforços dos manifestantes para subverter o resultado eleitoral.Quer dizer: quando perdem no voto, fodam-se a democracia e as instituições democráticas.

O New York Times, a CNN, o Washington Post, o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel - e toda a liderança dos presidentes das principais organizações judias americanas -, clamaram por sanções mais duras contra o Irã. Durante meses publicaram entrevistas diárias, editoriais e reportagens de campo "pormenorizando" os fracassos da administração de Ahmadinejad. Uma vitória de Mousavi foi descrita como uma vitória das "vozes moderadas”. Eminentes acadêmicos liberais (sempre comprados) deduziram que a contagem de votos fora fraudulenta porque o candidato da oposição, Mousavi, perdeu no seu próprio enclave étnico entre os azeris. Outros acadêmicos (sempre aqueles com PhD em Harvard) afirmaram que o “voto da juventude" – baseado nas suas entrevistas com estudantes universitários das alta e média classes das vizinhanças do Norte de Teerã, eram esmagadoramente a favor do candidato "reformista". O que é espantoso é que, em momento algum, foi mostrado qualquer prova ou argumento acerca de fraude, tanto antes como uma semana após a contagem de votos. Durante toda a campanha eleitoral, nenhuma acusação crível razoável de interferência junto aos eleitores foi levantada. Como a mídia ocidental acreditava na sua própria propaganda prepotente, de uma vitória intrínseca do seu candidato, antes dos resultados, o processo eleitoral foi descrito como “altamente competitivo, com debates públicos candentes e níveis sem precedentes de atividade pública e desembaraçada pelos discursos dos candidatos”. A crença numa eleição livre e aberta era tão forte que os líderes ocidentais e a grande mídia acreditaram que o seu candidato favorito venceria. A mídia ocidental confiou nos seus repórteres que cobriam as manifestações de massa dos apoiadores da oposição, ignorando e subestimando o enorme comparecimento a favor de Ahmadinejad. Confundiram o que era a própria campanha publicitária de seus repórteres com a realidade dos fatos.

A verdade é que, no Ocidente, acreditava-se que as eleições teriam um víeis étnico. Mas a realidade mostrou que, antes que uma preocupação étnica e regional, o que o povão do Irã queria respaldar mesmo era uma posição do país quanto aos avanços sociais e nacionalistas. Um olhar mais atento ao padrão de votação na região a leste do Azerbaijão do Irã, revelou que Mousavi venceu apenas na cidade de Shabestar, entre as classes alta e média (e apenas por uma pequena margem), dado que foi completamente derrotado nas áreas rurais mais vastas, onde as políticas de redistribuição de renda do governo Ahmadinejad, assim como no caso de Lula no Brasil, ajudaram os de etnia azeri a cancelarem dívidas, obterem créditos baratos e empréstimos fáceis para os agricultores. Mousavi, o Serra deles, venceu na região do Azerbaijão Ocidental, utilizando suas ligações étnicas para ganhar os eleitores urbanos. Na altamente populosa província de Teerã, Mousavi bateu Ahmadinejad nos centros urbanos de Teerã e Shemiranat, ao ganhar o voto dos distritos das classes média e alta, ainda que tenha perdido duramente nos subúrbios adjacentes da classe trabalhadoras, pequenas cidades e áreas rurais. Quer dizer, se fosse no Brasil, o Serra deles teria ganhado em bairros ricos de São Paulo, como os "Jardins”, e perdido nos grotões do NE. A ênfase descuidada e distorcida sobre "votação étnica" citada por redatores do Financial Times e do New York Times, a fim de apresentar a vitória de Ahmadinejda como uma "eleição roubada", é acompanhada pela obstinada e deliberada vontade da mídia ocidental de recusar um rigoroso inquérito de opinião à escala nacional, efetuado por dois peritos dos EUA apenas três semanas antes da votação, o qual mostrava Ahmadinejad liderando por uma margem de 2 para 1 – ainda maior do que a sua vitória eleitoral de 12 de Junho. De acordo com este inquérito, mais de dois terços da juventude iraniana era demasiado pobre para ter acesso a um computador e aqueles com idade dos 18 aos 24 anos "incluíram o bloco eleitoral mais forte a favor de Ahmadinejad entre todos os outros grupos" ( Washington Post, 15/Junho/2009). O único grupo de apoio fortemente Mousavi foi o dos estudantes universitários e dos licenciados, donos de negócios e da classe média alta. Quer dizer, assim como no Brasil, os homens da mídia amestrada desconsideraram totalmente o fato de que o candidato construído pelo Ocidente, o apátrida de lá, assim como Serra aqui, não tinha votos nos setores realmente populares. Era uma construção política apátrida e anti-popular que só contava com apoio de filhinhos de papai da elite iraniana, os “cosmopolebas” de sempre que desprezam o próprio país e que sonham em pertencer às realidades não de seus prórprios países, mas das grandes potências ocidentais. O "voto da juventude", o qual a mídia ocidental louvou como "pró-reformista", era, portanto, uma clara minora de menos de 20%, mas veio de um grupo altamente privilegiado, eloqüente e que em grande parte falava inglês, tinha acesso à Internet e sempre foram submetidos ao monopólio das mídias ocidentais. Por outro lado, Ahmadinejad saiu-se muito bem nas províncias produtoras de petróleo e petroquímica. Isto pode ter sido um reflexo da oposição dos trabalhadores do petróleo ao programa "reformista" dos tucanóides de lá, o qual incluía propostas para "privatizar" empresas públicas.


Da mesma forma, o presidente em exercício saiu-se muito bem junto às províncias fronteiriças devido à sua ênfase no fortalecimento da segurança nacional em relação às ameaças estado-unidenses e israelenses depois de uma escalada de ataques terroristas transfronteiriços patrocinados pelos EUA, a partir do Paquistão e de incursões apoiadas por Israel a partir do Curdistão iraquiano, que mataram grande número de cidadãos iranianos. O patrocínio e o financiamento maciço dos grupos por trás destes ataques é uma política oficial dos EUA desde a administração Bush, a qual não foi repudiada pelo presidente Obama
O êxito eleitoral de Ahmadinejad, visto na perspectiva do contexto histórico, não deveria surpreender. Em competições eleitorais semelhantes entre nacionalistas-populistas contra liberais pró-ocidentais, os populistas ganharam. Os exemplos passados incluem Perón na Argentina e, mais recentemente, Chávez da Venezuela, Evo Morales na Bolívia e mesmo Lula da Silva no Brasil, todos eles tendo demonstrado uma capacidade para assegurar margens próximas ou mesmo superiores a 60% em eleições livres. As maiorias votantes nestes países preferem a previdência social aos mercados sem restrições, a segurança nacional e não alinhamentos com impérios militares. As conseqüências da vitória eleitoral de Ahmadinejad estão abertas a debate. Os EUA podem concluir que continuar a apoiar uma minoria barulhenta, mas pesadamente derrotada, tem poucas perspectivas de assegurar concessões sobre o enriquecimento nuclear e um abandono do apoio do Irã ao Hesbollah e ao Hamas. Acontecimentos recentes sugerem que líderes políticos na Europa, e mesmo alguns em Washington, não aceitam a linha da grande mídia sionista de "eleições roubadas". A Casa Branca não suspendeu a sua oferta de negociações com o governo recém-eleito, mas centrou-se, ao contrário, na repressão aos protestos da oposição (e não na contagem de votos). Da mesma forma, os 27 países da União Européia exprimiram "séria preocupação acerca da violência" e apelaram a que "as aspirações do povo iraniano sejam alcançadas através de meios pacíficos e que a liberdade de expressão seja respeitada" ( Financial Times, 16/Junho/2009, p.4). Exceto quanto a Sarkozy, da França, nenhum líder da UE questionou o resultado da votação. A interrogação na seqüência das eleições é a resposta israelense. Netanyahu assinalou aos seus seguidores sionistas americanos que eles deveriam utilizar o ardil da "fraude eleitoral" para exercer a máxima pressão sobre o regime Obama no sentido de acabar com todos os planos para encontrar-se com o novamente reeleito Ahmadinejad. Paradoxalmente, comentaristas estado-unidenses (da esquerda, direita e centro) que "compraram" a mentira da fraude eleitoral estão de forma não intencional a proporcionar a Netanyahu e seus seguidores americanos argumentos e falsidades: onde eles vêm guerras religiosas, nós vemos guerras de classe; onde eles vêem fraude eleitoral, nós vemos desestabilização imperial.
Estes comentários são totalmente baseados em artigos de James Petras, um colaborador freqüente do Global Research. Leia outros artigos de James Petras no Global Research
Leia, sem preconceito e sem intermediário da grande e amestrada mídia, o corajoso, lúcido e histórico discurso de Sua Excelência, o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, na Conferência de Revisão de Durban sobre o racismo, em Genebra, a

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