sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Mitos Climáticos


“Climagate” ou “Os e-mails inconvenientes”

(Alerta em Rede) – No final da semana passada, a blogosfera foi inundada com milhares de e-mails e documentos trocados por eminentes climatologistas encastelados na Climate Research Unit (CRU), da Universidade de East Anglia (Inglaterra) – um dos principais centros do “aquecimentismo” – , que teriam sido vazados por um hacker russo após invadir um servidor da universidade. As indicações de fraudes e manipulações de dados climáticos nas correspondência trocada são tão fortes que mesmo um ambientalista convicto, como George Monbiot, pede a cabeça de Phil Jones, chefe da CRU: “ Parece haver evidências de tentativas para evitar que dados científicos fossem liberados...Pior ainda, alguns e-mails sugerem que sejam tomadas providências para evitar a publicação de trabalhos de cientistas céticos [no aquecimento antropogênico], ou para que ficassem fora do relatório do IPCC [Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas]. Creio que o chefe da unidade, Phil Jones, deveria renunciar imediatamente”. [1]

Uma das mensagens mais comprometedoras foi enviada por Phil Jones a colegas nos EUA onde relata que tinha usado o mesmo "truque" que Michael Mann, geofísico da Universidade Estadual da Pensilvânia, para "esconder o declínio" em uma série de temperaturas. Mann é o autor do famigerado “gráfico do taco de hóquei”, o qual, alegadamente, demonstrava que o aquecimento registrado no século XX seria o resultado das emissões de carbono antropogênicas, pois não mostrava o bem conhecido Período Quente Medieval (reproduzido até mesmo no primeiro relatório do IPCC, em 1990). Ocorre que, como demonstraram depois vários pesquisadores sérios, o Dr. Mann e sua equipe haviam, simplesmente, “limado” o Período Quente Medieval com o uso de um algoritmo “engatilhado”, que produzia os mesmos resultados independentemente dos dados introduzidos. O “taco de hóquei” de Mann foi um dos pontos altos do relatório de 2001 do IPCC, que, mesmo depois de descoberta a fraude, limitou-se a retirar o gráfico do relatório seguinte, o de 2007, mas manteve as suas conclusões. [2]

Quem melhor resumiu o imbróglio climático foi Lord Lawson, ex-Ministro da Fazenda da Inglaterra, em discurso na Câmara de Lordes: [3]

“Assombrosamente, o que parece, à primeira vista, ter vindo à tona é que:

(a) os cientistas estiveram manipulando dados básicos de temperaturas para mostrar uma tendência inexorável de aumento do aquecimento global;

(b) eles recusaram sistematicamente o acesso externo a dados básicos de temperaturas;

(c) os cientistas tentaram evitar [a liberação de documentos] requisitados de acordo com a lei de liberdade de informação

(d) eles estiveram discutindo formas para evitar que documentos de cientistas discordantes fossem publicados em revistas especializadas

Pode haver uma explicação perfeitamente plausível. Mas é claro que a integridade da evidência científica, segundo a qual não apenas o Governo Britânico, mas o de outros países também, através do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, se baseiam para tomar graves e dispendiosas decisões políticas, está sendo questionada. E a reputação da ciência britânica foi seriamente maculada. Um inquérito independente e de alto nível deve ser instaurado sem demora”.

A maioria da chamada grande imprensa ignorou, ou colocou panos quentes, o que já está sendo conhecido como “climategate”, um escândalo maiúsculo às vésperas da aguardada Conferência do Clima de Copenhague (COP-15), tentando, entre outras alegações, desacreditar o conteúdo dos e-mails e documentos por terem sido obtidos, supostamente, por meio ilegais; quer dizer, um caso típico de “morte ao mensageiro”.

Mas uma comunicação de Paul Hudson, da BBC de Londres, ao desculpar-se com seus leitores por não comentar o “climagate” por absoluta falta de tempo, revela que já havia recebido a “cadeia de e-mails” no dia 12 de outubro passado, ou seja, ele já sabia de tudo há mais de um mês e simplesmente não fez nada a respeito, foi preciso um “hacker russo” disponibilizar o material na Internet. Isso é apenas o início do “climagate”, certamente outras revelações virão à tona. [4]

É em tal cenário recendendo a fraudes por todos os lados que o Brasil, embalado pelo velho “sonho de consumo” do Itamaraty de ocupar uma vaga como “junior partner” (sem poder de veto) de um Conselho de Segurança Permanente da ONU ampliado, resolveu adotar uma postura “climaticamente correta” para agradar aos poderosos.

Notas:

[1]George Monbiot, The Guardian, 24/11/2009
[2]Aquecimento global: fatos e factóides, Alerta Científico e Ambiental, 18/07/2008
[3]Lord Lawson calls for public inquiry into CRU data affair, CCNet, 20/11/2009
[4]'Climategate' - CRU hacked into and its implications, BBC, 23/11/2009

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