Crédito, tecnologia e corrupção
Não haverá festa na República para celebrar mais um aniversário do Plano Real – é uma data com bico e asa dos tucanos, que nunca foram bons na publicidade de seus acertos - mas a sociedade, silenciosamente, desde há muito festeja o que esse programa de estabilização econômica e da moeda significa. Não há como não celebrar todos os dias o fim da inflação e seu contraponto perverso da ciranda financeiro-especulativa que tanto nos arruinou. E esta celebração tem a ver com os desafios que os rumos da economia estão tomando na recente revitalização da crise econômica mundial, cujos reflexos no Brasil não foram plenamente compreendidos e encaminhados com a radicalidade e a crueza da adversidade que agora se impõe. Cabem, a propósito, alguns itens de co nsiderações e alertas. Nesta semana, os analistas do Banco Mundial foram unânimes em reconhecer que o mote e o tom da recuperação da economia mundial serão dados pelos países emergentes, China à frente e o Brasil com função destacada. E isso nos obriga a rever, ajustar e ampliar acertos da lição de casa, incluindo as correções do Plano Real, que floresceu no combate à inflação baseado na convicção de que era sagrado manter elevadas as taxas de juros, as maiores do planeta, o que resultou na atração do capital especulativo e não produtivo. Internamente isso comprometeu nossas exportações e abalou enormemente nossa produtividade industrial. Essa distorção precisa de inadiáveis intervenções, sobretudo nas taxas de juros e seu sucedâneo, a cangalha tributária. A China confirmou que em 2009, apesar ou por causa da crise, vai cravar 8% nas suas taxas de crescimento e por razões muito simples: uma política de crédito fácil e abundante e uma preocupação compulsiva com a inovação tecnológica. Hoje é um mito que seu crescimento e competitividade se devem aos baixos salários que paga aos trabalhadores. Os países asiáticos pagam bem menos e não têm a mesma performance. A diferença é que eles produzem de fato o “Made in China”e no Brasil muita gente, por falta de escrúpulo, crédito e parceria sólida com o poder público, se limita a trocar a etiqueta contrabandeada pela falsificação, “Made in Brazil”, mostrando sem constrangimento o rendoso negocio da corrupção no país. E a corrupção, segundo relatór io desta semana do Banco Mundial, continua sendo um item destacado e constrangedor de nossa pauta de exportação e em cujo combate o país nada cresceu. Assim, sem crédito e com descuido tecnológico, fica mais tortuosa a via de superação. Ou não?
Zoom-zoom
· As placas do BASA – Enquanto o mundo inteiro debate as saídas da crise internacional com a adoção de uma política de crédito ágil, abundante e inteligente, o Banco da Amazônia investe uma estrutura de monitoramento e controle de manutenção, pintura e renovação de placas no frontal das empresas que conseguem o beneplácito, raro e burocrático, de seus recursos.
Não haverá festa na República para celebrar mais um aniversário do Plano Real – é uma data com bico e asa dos tucanos, que nunca foram bons na publicidade de seus acertos - mas a sociedade, silenciosamente, desde há muito festeja o que esse programa de estabilização econômica e da moeda significa. Não há como não celebrar todos os dias o fim da inflação e seu contraponto perverso da ciranda financeiro-especulativa que tanto nos arruinou. E esta celebração tem a ver com os desafios que os rumos da economia estão tomando na recente revitalização da crise econômica mundial, cujos reflexos no Brasil não foram plenamente compreendidos e encaminhados com a radicalidade e a crueza da adversidade que agora se impõe. Cabem, a propósito, alguns itens de co nsiderações e alertas. Nesta semana, os analistas do Banco Mundial foram unânimes em reconhecer que o mote e o tom da recuperação da economia mundial serão dados pelos países emergentes, China à frente e o Brasil com função destacada. E isso nos obriga a rever, ajustar e ampliar acertos da lição de casa, incluindo as correções do Plano Real, que floresceu no combate à inflação baseado na convicção de que era sagrado manter elevadas as taxas de juros, as maiores do planeta, o que resultou na atração do capital especulativo e não produtivo. Internamente isso comprometeu nossas exportações e abalou enormemente nossa produtividade industrial. Essa distorção precisa de inadiáveis intervenções, sobretudo nas taxas de juros e seu sucedâneo, a cangalha tributária. A China confirmou que em 2009, apesar ou por causa da crise, vai cravar 8% nas suas taxas de crescimento e por razões muito simples: uma política de crédito fácil e abundante e uma preocupação compulsiva com a inovação tecnológica. Hoje é um mito que seu crescimento e competitividade se devem aos baixos salários que paga aos trabalhadores. Os países asiáticos pagam bem menos e não têm a mesma performance. A diferença é que eles produzem de fato o “Made in China”e no Brasil muita gente, por falta de escrúpulo, crédito e parceria sólida com o poder público, se limita a trocar a etiqueta contrabandeada pela falsificação, “Made in Brazil”, mostrando sem constrangimento o rendoso negocio da corrupção no país. E a corrupção, segundo relatór io desta semana do Banco Mundial, continua sendo um item destacado e constrangedor de nossa pauta de exportação e em cujo combate o país nada cresceu. Assim, sem crédito e com descuido tecnológico, fica mais tortuosa a via de superação. Ou não?
Zoom-zoom
· As placas do BASA – Enquanto o mundo inteiro debate as saídas da crise internacional com a adoção de uma política de crédito ágil, abundante e inteligente, o Banco da Amazônia investe uma estrutura de monitoramento e controle de manutenção, pintura e renovação de placas no frontal das empresas que conseguem o beneplácito, raro e burocrático, de seus recursos.
· Burocracia autoritária – A denúncia de autoritarismo é de um companheiro do setor de componentes automotivos que usou uma das linhas de crédito do qual o BASA é gestor. Ele reclama do tom ameaçador e de intimidação da instituição financeira e destaca que jamais deixou atrasar um dia sequer seus compromissos com os pagamentos do tal financiamento.
· Promessas e mudanças – As entidades de classe em geral e empresas em particular continuam na expectativa do cumprimento das promessas de ampliação da presença e facilidades creditícias do BASA para o Amazonas, conforme anúncio da nova direção, que esteve em Manaus tão logo assumiu a instituição. Substantivamente, entretanto, nada mudou.
· As “Praças..” do Loureiro – Pelas ruas e por mensagens eletrônicas, a Mira sobre as “Praças...” do companheiro Antônio Loureiro ressoou com força e simbolismo na semana que passou. O teor da prosa variou sobre a importância desses logradouros para a harmonia, identidade e vaidade urbana dessa descuidada Manaus e sobre a urgência das medidas administrativas para revitalizar sua memória e a paisagem em ruínas e abandono inaceitável em que se encontra. Até quando?
Belmiro Vianez Filho é empresário e membro do Conselho Superior da Associação Comercial do Amazonas.
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