Crise quer dizer crescimento compartilhado
O Amazonas lidera com folga o crescimento industrial do país, segundo dados desta semana, publicados pelo IBGE, relativos a maio último, e se destaca com a eficiência de 11,7% na reação comparativa entre Bahia, 7,5% e São Paulo, 2,4%, os estados que ocupam respectivamente segundo terceiro lugar. Um desempenho que se deve principalmente à manutenção dos empregos, as encomendas do comércio para renovação dos estoques e a consciência de que compartilhar força, criatividade e responsabilidade é um caminho eficaz e promissor. Seria irresponsável estabelecer uma relação direta de causalidade mas é importante destacar que o desempenho negativo da produção industrial do Pará, (-5,6%), se deu num Estado em que o Comitê da crise não funcionou. Uma questão que valeria a pena aprofundar.
Além das isenções federais, é justo e oportuno destacar o acompanhamento sistemático, rigorosamente estatístico, do Comitê estadual. Fazenda e Planejamento dispunham e seguem monitorando o diagnóstico e a evolução dos estragos em cada setor. Por isso buscaram aplicar as medidas pontuais para assegurar emprego e manutenção dos empreendimentos. As respectivas entidades representativas das empresas e de trabalhadores, por sua vez, sentaram à mesma mesa e assim pretendem continuar para auscultar as dificuldades e demandas da crise que ainda apresenta sinais de sobrevida e apreensão, mas já começa a demonstrar uma de suas grandes vantagens, embutidas em seu torvelinho: a possibilidade de crescimento.
Alguns setores ainda não conseguiram recompor sua rotina contábil e outros seguem – pela natureza de suas atividades e reduzidas margens de retorno – precisando de atenção diferenciada. Referimo-nos especificamente aos companheiros do transporte de trabalhadores do Pólo Industrial, cuja frota padece de preocupante ociosidade, e da indústria de componentes, vital ao desempenho de toda a estrutura produtiva. Além de aplaudir os acertos aqui apontados, é preciso seguir mobilizados sob o script melindroso da cumplicidade geral. Afinal, assegurar o emprego sempre irá representar a renovação das encomendas por parte do varejo, elo vital dessa corrente de superação. E é sobretudo disso que o setor produtivo precisa para girar a roda da prosperidade cujos integrantes e beneficiários é preciso ampliar, diferenciar e interiorizar...não é assim?
Zoom-zoom
· Companhia de Navegação – começa a ganhar corpo e adeptos no âmbito da República a discussão sobre os meios de transporte na região amazônica, baseada no papel fundamental que a malha hidroviária representa para alavancar a economia do beiradão. Nossos barcos são precários e plenos de risco... e a frota mercante extremamente tímida para as possibilidades de negócios da região...daí a idéia de revisitar a figura histórica e estratégica da Companhia de Navegação do Amazonas, um assunto ao qual voltaremos em breve.
· Pluralidade logística - No Ministério dos Transportes este é um argumento guardado com discrição e rigor e poderá servir para responder aos adversários da integração rodoviária de integração do Amazonas ao resto do país. A proposição de uma pluralidade logística, com ênfase em navegação fluvial, atenderia às diversas demandas do Estado, tanto do ponto de vista comercial, industrial e turístico. E, de quebra, ambiental.
· Lula e o Greenpeace – Na terça passada, manifestantes da ONG Greenpeace invadiram a cerimônia de premiação do presidente Lula, na UNESCO, em Paris, por sua atuação pela Paz e Justiça Social. Eles pressionavam o homenageado para que “salvasse a Amazônia e o Clima”. Uma pirotecnia oportunista e ambígua, à qual Lula – que é candidato a prêmio Nobel da Paz - respondeu dizendo que essa era uma responsabilidade de todos, incluindo os países desenvolvidos. A Amazônia segue em seu papel de justificar os negócios bem sucedidos de muita gente, incluindo determinadas Organizações, a quem não interesse um centil as condições de vida de sua gente.
· Gilberto, sempre Gilberto – Na tarde dessa quarta-feira, o ex-governador e senador Gilberto Mestrinho continuava sob rigorosos cuidados médicos para voltar a navegar entre nós. Aqui registramos nossos votos de plena recuperação e o insistente agradecimento por sua vida e história de luta pelo povo desta terra. A ele, Gilberto tem entregue as primícias de sua mente, energia e coração, em nome da promoção dos humildes e da fraternidade geral. Grande Gilberto!
Belmiro Vianez Filho é empresário e membro do Conselho Superior da Associação Comercial do Amazonas.
belmirofilho@belmiros.com.br
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