Brasília e Belo Horizonte - Menos de 24 horas depois de dizer que não elegeu José Sarney (PMDB-AP) para a presidência do Senado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou nesta sexta-feira a defender o aliado, condenando o que chamou de julgamentos precipitados. Em entrevista logo após o desembarque na Base Aérea de Belo Horizonte, o presidente foi perguntado se apoiava o peemedebista para preservar a governabilidade, e respondeu:
- Não, é o meu senso de justiça. Não quero para mim, não quero para o presidente Sarney e não quero para nenhum brasileiro julgamento precipitado sem que haja investigações corretas - disse Lula em entrevista à Rádio Itatiaia, um dia depois de afirmar que a crise do Senado não era problema dele e que cabia aos senadores a decisão sobre o destino do presidente da Casa.
- Estão tentando cassar pessoas por asfixiamento. O presidente Sarney está sendo denunciado por muitas coisas. Dá impressão que é apenas o presidente Sarney, e não é. É uma coisa histórica - acrescentou Lula.
Lula lembrou que a Fundação Getulio Vargas (FGV) foi contratada para fazer uma reforma administrativa no Senado e que Sarney já mandou abrir investigações. Segundo o presidente, o Brasil tem que ter paciência para esperar as apurações. Ele citou o caso de dois ministros de seu governo, sem dizer os nomes, que “há três anos” deixaram seus cargos por causa de denúncias sem que nada fosse provado até agora.
Antes mesmo das declarações do presidente Lula, o Planalto mandou recados à cúpula do PMDB para reafirmar, nos bastidores, o apoio do governo ao senador. O próprio Lula enviou emissários para tranquilizar Sarney e peemedebistas. Em público, o comportamento de Lula vem mudando desde a semana passada, quando pesquisas de opinião identificaram desgaste para sua imagem e para o governo.
O líder do partido, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse na sexta-feira que Lula tem sido coerente e firme no apoio a Sarney.
- O presidente Lula tem tido coerência em suas afirmações. O que ele disse é que o problema do Senado tem que ser resolvido pelo próprio Senado. Ele não retirou nada do que disse anteriormente. Ele tem sido firme no apoio a Sarney, firmíssimo - afirmou Renan.
(O Globo Online)
Comentário: Lula nunca deixou de apoiar Sarney. Se tivesse, não teria confirmado viagem ao Maranhão. O que aconteceu foi que, para atingir presidente do Senado, a imprensa descontextualizou a fala do petista com objetivo de criar falsas manchetes para jogar um contra o outro. O que não contavam é que Lula tem tido, diante dessa campanha toda, contato direto com o ex-presidente.
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