segunda-feira, 3 de agosto de 2009

O novo "Estadão": "Eu sou terrível"

A cobertura sobre o caso Sarney continua do mesmo modo. Vamos aproveitar algumas matérias para mostrar as armas da mídia para criar pressões continuadas. Um dos expedientes mais utilizados pela mídia, para ampliar a importância de seus próprios feitos, é a repercussão. Entrevistam-se fontes que possam reforçar o que foi dito e se dá uma esquentada nas declarações ou nas conclusões, para dizer a todos que o jornal é terrível
É típico desse processo atual de “folhanização” do Estadão.

Confira a manchete: Censura ao ”Estado” aumenta pressão por renúncia de Sarney

Se aumentou, significa que outras pessoas vieram se somar ao coro que pede a renúncia de Sarney. Quem são os novos centuriões? Não tem. O jornal estava apenas contando papo, para se credenciar como responsável pela provável renúncia de Sarney.

A matéria informa que as seguintes fontes, abaixo, pediram a renúncia:

• Pedro Simon, o óbvio: o velho especialista em executar moribundos em campo de batalha. Desde o governo FHC, sempre que se quer alguém para esse papel, convoca-se o senador que, ultimamente, anda com dificuldades para explicar seu apoio a Yeda Cruzius e ao ex-Ministro Elizeu Padilha.

• Eduardo Suplicy, o óbvio, que condena a medida judicial, mas não pede a cabeça de Sarney.

• Jarbas Vasconcellos, o óbvio, dizendo que a situação do Sarney vai se agravar.

• Sérgio Guerra, que condena a decisão, mas não dá nenhuma declaração pedindo a renúncia de Sarney mesmo porque, como Sarney já é passado, o PSDB não quer acirrar as mágoas.

• Álvaro Dias, o óbvio, dizendo que vai aumentar a pressão contra Sarney.

Ou seja, nenhuma novidade em relação ao que essas fontes vêm repetindo há semanas e semanas. Tudo como dantes no quartel de Abrantes. Então, cadê o aumento de pressão prometido pelo jornal?
O “heroísmo” do passado que não volta

O marketing do Estadão bateu no ápice. Matéria do jornal compara a reação à sentença do Juiz (proibindo divulgação de inquéritos sigilosos) com a posição de Júlio Mesquita Filho em 1968, em pleno Ato Institucional número 5, contra censura imposta pela ditadura militar. Menos, pessoal, menos. Ricardo Gandour não é Júlio Mesquita Filho; o Estadão não é mais Mesquita (a não ser na página de editoriais) e a mídia hoje não é a oprimida, mas o poder de fato. A única coisa em comum entre os dois momentos foi o veto à publicação de assuntos. Mas o que era heroísmo em 1968 virou prepotência em 2009. Com sua capacidade de fuzilar quem quiser – até desembargadores que ousem enfrentá-la – a mídia é o poder de fato, a ameaça, não a ameaçada.

Do Blog do Luis Nassif

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