Taxa passa de 10%. Para economista, governo infla bancos e esquece produção
O desemprego nos Estados Unidos chegou a dois dígitos (10,2%, em outubro, o maior nível desde abril de 1983), com 195 demissões. E o presidente Barack Obama classificou a taxa como "um duro apelo à realidade", lembrando que um bom nível de emprego acarreta, tradicionalmente, a retomada econômica. Desde o início da recessão nos EUA, em dezembro de 2007, o desemprego no país já avançou 5,3 pontos percentuais, com 8,2 milhões de demissões. Para o economista Adriano Benayon, da Universidade de Brasília (UnB), os bancos usaram os recursos dos bancos centrais, nos EUA e na Europa, para inflar novas bolhas especulativas, em detrimento do financiamento à produção e à conseqüente geração de empregos. "Os BCs emitiram muito dinheiro e o repassaram aos bancos encalacrados com títulos tóxicos. Empresas produtivas hoje são risco alto para eles. É uma política contrária à sociedade. Em vez de crédito público para financiar diretamente a produção e fomentar emprego, contemplou-se apenas a oligarquia", critica Benayon, acrescentando que, nos seis primeiros meses após à quebra do Lehmann Brothers, em 15 de setembro de 2008, somente o Federal Reserv (Fed, o BC dos EUA) emitiu US$ 8 trilhões. Frisando que "os bancos procuram sempre o que lhes parece mais seguro ou rentável", o economista apontou um paradoxo na crise atual: "Quando há recessão, normalmente preços de ações e commodities caem, mas nesta ocorreu o contrário." Benayon disse, ainda, que os especuladores estão contraindo empréstimos em dólar, com juro negativo, e investindo em ações e em títulos de países, como o Brasil, nos quais há tendência de valorização cambial: "É um ganho duplo de capital: com juros e valorização da moeda local. É uma guerra cambial na qual o Brasil entra de gaiato, graças ao BC", resumiu.
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