segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Coluna do Carlos Chagas

Ou vale para todos ou...

O preâmbulo é óbvio: deve até ser preso quem nomear a família inteira, ou quase, para cargos de confiança ou definitivos, sem concurso, no serviço público. Sob esse aspecto, aplausos para o Supremo Tribunal Federal, que acaba de proibir o nepotismo. Agora, com todo o respeito, a decisão foi incompleta. Ou exagerada, conforme o ângulo em que se observe. Afinal, não é por ser parente que um cidadão se acha desprovido de qualidades. Ainda bem que vivemos numa república, porque se estivesse valendo a monarquia, como se comportaria a mais alta corte nacional de justiça? Não há nepotismo maior do que um rei ser sucedido pelo filho, e este pelos netos.
Mas é bom aprofundar as coisas por aqui. No serviço público não pode, na empresa privada pode? Quantas empresas foram para o vinagre porque os filhos assumiram o lugar do pai desprovido da menor capacidade para tocar o negócio? Dirão os lógicos que isso acontece com dinheiro e com propriedades particulares os que parecem certo, mas o prejuízo, num caso, vai para o tesouro nacional e, no outro, para a empresa, a começar pelo trabalhador que perderá o emprego por incapacidade dos herdeiros. Algum dia, no futuro, essa questão precisará ser enfrentada.
Tem mais. Nada mais justo do que o filho seguir os passos do pai. Existem grandes médicos, advogados, jornalistas, comerciantes, pedreiros e camelôs de grande sucesso que seguem a trajetória familiar. Convivem com a profissão desde criancinhas, aprendem por osmose. O que dizer, no entanto, de juízes cujos filhos são advogados e tem seus escritórios inundados de clientes com causas pendentes da decisão do pai? Coincidência ou nepotismo? Se for para levar adiante a profilática súmula vinculante do Supremo, falta muita coisa a examinar.


Em defesa da saúde
À medida que o tempo passa mais atual fica a carta que Getúlio Vargas deixou antes de dar um tiro no peito. Aconteceu há 54 anos, mas seu conteúdo revela fantástica oportunidade. Quem quiser que busque recordar a carta nos livros de História. Apresentá-la neste espaço só fará aumentar nossa indignação - coisa prejudicial à saúde. Mais do que um lamento, foi uma sentença condenatória. O irônico é que depois de Getúlio Vargas nenhum presidente da República aprendeu a lição do morto. Todos o reverenciaram, alguns até pretenderam comparar-se a ele. Inutilmente, diga-se. Sem falar nos que se esforçaram para destruir sua obra e renegar seus propósitos.

Leia a coluna completa do
Carlos Chagas

Nenhum comentário:

Postar um comentário