terça-feira, 26 de agosto de 2008

Reservas Raposa e Serra do Sol



Empregados das ONGs internacionais fecham rodovia para pressionar o Supremo pela alienação de parte do Brasil

Um bando de cerca de 500 integrantes nesta terça-feira a BR-174, que liga Boa Vista a Pacaraima. Foram quase três horas atrapalhando o trânsito para exigir a manutenção demarcação contínua da Terra Indígena Raposa Serra do Sol. Nesta quarta-feira, o Supremo Tribunal Federal (STF) vai julgar a legalidade da demarcação, questionada pelo governo do Estado de Roraima e a parte majoritária da população roraimense.
Sob sol forte, o protesto reuniu a ala indígena controlada pelas ONGs internacionais, agricultores, representantes dos Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), todos, financiados pela Fundação Ford. Além de defender a alienação de parte do território brasileiro, a turba aproveitou o bloqueio para ocupar uma fazenda na beira da rodovia, ocupada há oito dias por cerca de 200 famílias.
“Os trabalhadores sem terra e os sem teto passam pela mesma situação que a gente, assim como eles sentem na pele o sofrimento de não ter sua casa, não ter sua terra, nós também estamos sofrendo para ficar na nossa terra”, esta foi a comparação energúmena da coordenadora do Conselho Indígena de Roraima (CIR), Marizete Macuxi. Energúmena porque se trata de uma contradição insolúvel, pois os sem-terras são, teoricamente, formado por brasileiros não índios que, como o nome diz, estão sem terra alguma. E estão ali defendendo os índios que, a ser mantida a demarcação contínua, serão os maiores latifundiários do Brasil. Ou seja, os “sem-terras” estão defendendo os “com muita, muita terra”. Loucura, não?
Em cima de um carro de som, uma “indígena” entoava o canto do paricuari, pássaro da região, e dividia o microfone com o franciscano Frei Messias, organizador da manifestação. “O tema central é o direito à terra, por isso juntamos vários movimentos sociais aqui”, apontou Marizete Macuxi.
De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), a manifestação foi pacífica e apenas uma pessoa foi detida após furar o bloqueio e invadir a pista onde estavam os manifestantes.
De acordo com Marizete, amanhã um grupo de indígenas se reunirá no centro de Boa Vista para acompanhar o julgamento do STF. “Estamos todos confiantes na decisão do Supremo, que eles [ministros] respeitem os nossos direitos, que estão amparados na Constituição Federal”.
A líder indígena negou que os índios favoráveis a manutenção da demarcação contínua estejam preparando alguma resistência violenta caso o STF decida pelo contrário, mas não descartou a possibilidade de conflito com os produtores de arroz.
“Para nós o clima está pacifico, mas ninguém sabe o que eles [agricultores] estão programando, o que eles estão preparando”.

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