sábado, 23 de agosto de 2008

A sombra dos EUA paira sobre a soberania do Brasil
Por Eduardo Patriota Gusmão Soares

Com uma crise batendo à porta, os EUA se voltam para as riquezas da América do Sul. A reativação da IV Frota Naval é tudo, menos sinal de que eles querem nos proteger. A ameaça a soberania já valeu até conversas entre os altos comandantes do exército e o Presidente da República
Numa palestra, o geofísico João Victor Campos disse que nos Campos de Carioca, Tupi e Júpiter são estimadas reservas de cerca de 90 bilhões de barris de petróleo, em uma área de extensão de 800 km que vai de Santa Catarina ao Espírito Santo e de 200 km de território marítimo do País. Com o preço do petróleo em cerca de US$ 100 o barril, esta riqueza pode chegar a US$ 10 trilhões, o que daria para levar o Brasil a um grau de desenvolvimento muito melhor se for explorada a contento pelos nossos administradores públicos.

Como se nota, o Brasil começa a despontar como uma grande fonte de energia para alimentar o mundo. Energia é algo fundamental. Os recentes conflitos entre Rússia e Geórgia, são mais por causa do controle energético da região, do que outra coisa. A própria guerra do Iraque, bem se sabe, foi uma busca insandecida por petróleo, a principal matriz energética mundial. Como quem está no topo, de lá não quer descer, os EUA já vislumbram um jeito de pôr as mãos na "energia" que emana das camadas pré-sal brasileiras. O atual vice-presidente dos EUA, Dick Cheney, um dia já presidiu uma empresa norte-americana de exploração petrolífera, a Halliburton. Esta mesma empresa está administrando o Banco de Dados de Exploração e Produção (BDEP), da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), sem ter passado por processo licitatório. Curiosamente, lembram-se do notebook "roubado" com informações sigilosas da Petrobrás? Advinhem no contêiner de qual empresa o notebook estava? E como bem notou o geofísico, "(...) a ANP não tem poder regulador da legislação nacional, mas serve para impor interesses estrangeiros nos assuntos relativos ao petróleo ferindo a soberania brasileira." Ainda mais estranho, é o fato dos EUA terem recentemente ativado a IV Frota Naval, que patrula as águas do Sul. Criadas em 1943 e desativadas em 1950, a frota tem 22 navios: quatro cruzadores com mísseis; quatro destróieres com mísseis; 13 fragatas com mísseis; e um navio-hospital. Segundos os EUA, o navio ficará em missão de paz para patrulhar e garantir o comércio mundial, já que 90% dele é feito através de navios. Oras, mas quem tem o poder de garantir a segurança, também tem o poder de barrar a passagem. E, como se sabe, os EUA são peritos em arrumar desculpas para guerras, conflitos, intervenções armadas, etc. Com uma crise energética, alimentar e financeira se agigantando sobre os EUA, vemos pairar sobre o fraco cone sul a sombra da maior potência militar de toda a história da humanidade.

Tristemente, nossos comandantes da Marinha foram falar com o presidente Lula que eles "não possuem condições de cumprir os deveres constitucionais". Em bom português: aqueles navios não estão ali passeando e, no caso de um ataque, não temos como nos defender. Afinal, eles gastam quase US$ 600 BILHÕES por ano com suas forças militares. O Exército brasileiro deve receber dotação orçamentária de R$ 2,628 bilhões em 2008, dos quais R$ 2,069 bilhões para gastos com custeio e R$ 559 milhões para investimento. Só podemos torcer para que a crise nos EUA tenha fim. Senão, seremos tragados para alimentar a insaciável máquina do Tio Sam.

Ivan Cosme Pinheiro

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