terça-feira, 11 de maio de 2010

Campanha malthusiano-hedonista contra a Igreja Católica: um instrumento geopolítico canalha

O que está por trás dos ataques ao Papa

Editorial da revista do Movimento de Solidariedade Ibero-americana

A farta e frequentemente insidiosa exposição midiática global dos casos de pedofilia envolvendo integrantes da Igreja Católica tem muito menos a ver com pautas jornalísticas que com a agenda político-estratégica do Establishment oligárquico anglo-americano, que se encontra ostensivamente mobilizado para neutralizar ou reduzir a influência do Vaticano e, principalmente, do Papa Bento XVI, nos desdobramentos da crise civilizatória em curso. Em especial, como temos relatado nestas páginas, os estrategistas do Establishment estão incomodados pela atuação direta do Papa em três áreas cruciais:

1) as discussões sobre os princípios que devem nortear uma nova economia mundial (ver nota);

2) a reaproximação com a Igreja Ortodoxa Russa;

e 3) a abertura e integração na Igreja Católica de um grande número de anglicanos que estão abandonando a confissão (especialmente na África, à qual o Papa tem dedicado grande atenção e propõe que seja considerado um "pulmão espiritual do mundo", como ressaltou em sua visita ao continente e no Sínodo dos Bispos para a África, em 2009).

Evidentemente, não se trata de uma "conspiração" coordenada a partir de um centro, mas de um processo que, uma vez colocado em marcha, adquire rapidamente uma dinâmica própria e agrega outros interesses, como a patética tentativa do biólogo inglês Richard Dawkins e do escritor Christopher Hitchens de abrir um processo contra Bento XVI, uma maldisfarçada maneira de promover os seus livros sobre ateísmo.
De fato, é um insulto à inteligência de qualquer pessoa minimamente informada sugerir que os mais virulentos ataques a um pontífice ocorridos desde Lutero e o advento do Iluminismo estejam ligados às práticas condenáveis de prelados corrompidos, alguns velhos de décadas, que, ademais de não constituírem novidades, não diferem em proporção dos ocorridos nos demais setores da sociedade, inclusive, dentro de outras confissões religiosas - que, não obstante, jamais causaram semelhante impacto midiático.
Já em 1996, no livro Pedophiles and Priests: Anatomy of a Contemporary Crisis (Pedófilos e sacerdotes: anatomia de uma crise contemporânea, Oxford University Press), o historiador Philip Jenkins discutia em profundidade o problema dos abusos sexuais contra menores nas instituições religiosas, constatando que ele ocorria em todas elas - mas, curiosamente, envolvendo um menor número de católicos que os não-celibatários de outras confissões.
Nos EUA, como as igrejas geralmente pagam compensações financeiras às vítimas comprovadas dos abusos, todas fazem vultosos seguros para garanti-las. Em 2007, as três seguradoras que atuam com a maioria das igrejas protestantes estadunidenses afirmavam receber em média mais de 260 casos de abusos sexuais contra menores de 18 anos praticados por integrantes daquelas igrejas. A reportagem do Chicago Sun-Times (15/06/2007) sobre o assunto afirma também que desde 1950 houve 13 mil denúncias críveis de casos semelhantes contra clérigos católicos, uma média de 228 por ano.
Na comunidade judaica estadunidense, uma breve visita ao sítio do The Awareness Center: The International Jewish Coalition Against Sexual Abuse/Assault, sediado em Baltimore, proporciona uma boa idéia da dimensão e gravidade do problema.
Um revelador artigo publicado em 1°. de abril último no sítio russo Pravda.ru ("Quando se confunde a árvore com a floresta"), de autoria do escritor não-católico português Artur Rosa Teixeira, não apenas denota o atento interesse que o assunto vem despertando na Rússia, como também vai direto ao ponto. Em suas palavras:
De fato, as recentes notícias de pedofilia, que envolvem sacerdotes católicos, têm contornos de uma campanha de ataque à hierarquia católica, muito para além da objectividade informativa que a deontologia jornalística impõe, independentemente da sua gravidade moral. Tais notícias suscitam desconfiança sobre a sua "bondade" até entre os não católicos como nós. Embora discordando da doutrina da ICAR [Igreja Católica Apostólica Romana], em alguns aspectos, reconhecemos no entanto a importância capital do seu papel na nossa História, na defesa dos valores éticos que enformam a nossa cultura judaico-cristã e a sua acção social meritória em prol daqueles que têm sido vítimas da usura e da ganância da oligarquia internacional, que é afinal a mais interessada em destruir o catolicismo e a religião em geral, já que constituem um obstáculo sério à consecução do seu objectivo final, que é o de reduzir a Humanidade à condição de escravos robotizados. (...)
Um dos aspectos que nos leva a desconfiar da "boa vontade" destas notícias é o facto de focalizarem em exclusivo os casos de Pedofilia de clérigos católicos, quando se sabe que este vício é transversal à sociedade. Encontramo-lo em todos estratos sociais e até nas famílias. O pedófilo é em princípio muito próximo da vítima e da sua confiança, ou seja, não é um estranho… podendo ser até um pai, um tio, etc. Quando se argumenta que os padres devido ao celibato a que estão obrigados são mais propensos à pederastia, como insistentemente se procura justificar a tentação dos abusos sexuais, esquece-se que o pederasta nem sempre é solteiro e muitas vezes é tido como "bom" chefe de família, portanto uma pessoa aparentemente normal. (...)
E compreende-se. O actual Sumo Pontífice, coerente com os princípios da Igreja Católica, tem desenvolvido uma tenaz resistência contra as propostas contra-natura e fracturantes, veiculadas por organizações laicas apostadas em impor uma visão sexista e hedonista da Sociedade, reduzindo o homem à sua condição animal para negar a sua dimensão espiritual. Tais organizações não surgiram obviamente por "geração espontânea", nem vivem do ar… Foram criadas e são apoiadas à sorrelfa por fundações ditas filantrópicas como a da família Rockfeller. Os interesses financeiros das mesmas estão ligados a um vasto leque de sectores económicos, que vão desde a banca, o petróleo, a indústria farmacêutica, a indústria militar, etc, aos meios áudio visuais, incluindo a "mídia", a qual evidentemente cumpre uma agenda ditada pela Elite Global à qual pertencem. (...)
A superação da presente crise civilizatória global só será possível com uma reordenação da economia mundial com novos critérios que reorientem as políticas econômicas e financeiras de cada país para os reais interesses da grande maioria de suas populações, o que exigirá a retirada do controle do sistema financeiro das mãos da alta finança internacional. Nesse contexto, torna-se imperativa a integração físico-econômica da Eurásia, que só será possível com um verdadeiro diálogo de civilizações - de fato, o eixo eurasiático representa um corte transversal de todas as civilizações do planeta. Este processo é igualmente fundamental para o estabelecimento de uma base socioeconômica para a estabilização política da região centroasiática, atualmente engolfada pelos conflitos no Afeganistão e Paquistão.
Em todos esses processos, o Vaticano de Bento XVI tem atuado com empenho, embora sem receber sequer uma fração ínfima da atenção atribuída aos escândalos sexuais. Os estrategistas do Establishment oligárquico têm pleno entendimento disso e, em consequência, deflagraram a ofensiva contra a única instituição global que tem se oposto decididamente à ordem mundial malthusiana e exclusivista que lutam por preservar.

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