terça-feira, 29 de julho de 2008

As usinas do Rio Madeira

Gilberto Alves da Silva*

No dia 11 de dezembro de 2006, escrevi no Jornal da Ciência o artigo "Recuperação da Soberania da Amazônia". Enfocava este, o assédio das grandes potências pela a Amazônia, traduzido em argumentos falaciosos dos seus líderes e por pressões das várias ONGs internacionais e, o mais chocante, também nacionais. Informações extra-oficiais das Forças Armadas, afirmam que existem em todo o país mais de 100 mil ONGs sendo uma boa parte de origem estrangeira com atuação em áreas que se relacionam com o meio ambiente e as questões indígenas. Pela falta de controle deste setor, não se pode precisar o número destas na Amazônia. Com o intuito de solidariedade às etnias desta região ou da defesa do meio ambiente, muitas ONGs estrangeiras corrompem os silvícolas para apropriarem-se dos seus conhecimentos e obter informações sobre a riqueza do subsolo, como também, a avaliação dos princípios ativos dos remédios naturais utilizados pelos índios. Não é difícil perceber-se que qualquer desenvolvimento nacional na região estará sujeito a pressões contrárias por parte destas organizações. Dentro deste clima, pode-se citar a construção das usinas hidrelétricas Santo Antônio e Jirau, do Rio Madeira. Elas fazem parte de um grande projeto para o desenvolvimento sustentável da região, integração nacional e melhoria da vida das populações de Rondônia, Acre, Amazonas e Mato Grosso. Como benefícios gerados por este empreendimento tem-se a integração da infra-estrutura energética e de transporte entre o Brasil, Bolívia e Peru; acréscimo de 4.225 Km de navegação fluvial a montante de Porto Velho; geração de energia; consolidação de Pólos de Desenvolvimento do Agrobusiness na região Oeste; interligação elétrica dos estados de Rondônia, Acre, Matogrosso (oeste) ao Sistema Elétrico Integrado Brasileiro. Possibilita-se a navegação até o Alto Guaporé, em Mato Grosso, o que permitirá uma integração rodoviária com a hidrovia Paraguai-Paraná, o que facilitará a criação de um Sistema Multimodal de transporte entre Iquito (Peru) e Buenos Aires, com uma grande importância para a integração Sul-Americana. Se houver um pouco mais de ousadia, poder-se-á pensar no projeto de integração, a grande hidrovia, que conectará as bacias do Orenoco e Amazona ao Prata, levando a uma hidrovia de 9.800 Km, do Caribe ao Rio da Prata. Todas estas possibilidades devem ser bem conhecidas dos opositores que se aproveitam das falácias para obstaculizar a construção das eclusas, na tentativa de jogar por terra projeto de tamanha importância e envergadura. Utilizam, também, deste artifício contra as barragens por causa das inundações decorrentes de suas construções. Entretanto, as áreas de inundações dos reservatórios são bastante reduzidas, sendo pouco superior àquelas que ocorrem nos períodos de cheias dos rios, o que diminui os impactos ambientais diretos e a necessidade de desapropriações. O projeto contempla barragens de até 15 metros de altura e a utilização de turbinas geradoras de modelo avançado, tipo bulbo, que são usuais em baixas quedas d'água. Encontramos usina deste tipo no Rio Danúbio, na Áustria, a usina de Freudenau com seu canal de navegação, numa região altamente industrializada e dos mais elevados níveis de vida e proteção ambiental. Ela tem uma queda de 8,8 metros e gera uma potência de 293 MW. Por tudo que foi dito, pode-se concluir que o Complexo Hidrelétrico - Hidroviário do Rio Madeira está sofrendo pressões pelos movimentos ambientalistas internacionais e, mesmo, nacionais, pela sua abrangência, pois ele permitirá a recuperação da nossa soberania na Amazônia, hoje compartilhada com os interesses das grandes potências, porque possibilitará a integração Sul-Americana, o que representará um grande passo no desenvolvimento de todo continente sul.

* Gilberto Alves da Silva, ex-subsecretário de C,T&I do RJ e prof. aposentado da Coppe/UFRJ

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