Se o governo não tiver atuado ontem e não atuar hoje, até a meia-noite, amanhã o caos voltará aos aeroportos do País. Mais do que anunciada, está decidida a greve dos aeroportuários, caso não atendidas suas reivindicações, mais do que salariais, justas. Porque a categoria também exige a demissão dos diretores da Infraero, uma anomalia raras vezes vista nos movimentos de paralisação de atividades públicas.
Prometem os dirigentes grevistas não interromper o tráfego aéreo, situação na qual ninguém acredita, mantendo equipes teoricamente capazes de fazer funcionar a atividade, ainda que com os previsíveis atrasos e cancelamentos de vôos, sem esquecer o tumulto e as filas de atendimento de passageiros, liberação de bagagens e similares.
A pergunta que se faz é se não daria para autoridades públicas e grevistas terem contribuído para evitar a crise com data anunciada, já que há mais de uma semana os dirigentes da categoria formalizaram a disposição de fazer greve.
Mais uma vez, sofrerá a população, dentro dessa secular distorção universal de as greves penalizarem o cidadão comum, ainda que pela doutrina estabelecida desde os tempos de Ramsés II greve se faça contra patrão, não contra o povo.
No caso dos transportes públicos, pior ainda. Quantas vezes assistimos cidades sem ônibus, trens e metrôs, numa balbúrdia infernal para se chegar aos empregos, escolas e hospitais, quando seria muito mais lógico que todos os veículos funcionassem, só que com as catracas abertas, sem cobrar passagem? Os empresários não resistiriam 24 horas sem faturamento, mas o que se verifica é uma espécie de conluio entre patrões e empregados, cujo resultado final sempre leva ao aumento das tarifas, penalizando ainda mais os usuários.
Seria difícil estender essa lógica aos aviões, mas se a alternativa é o caos nos aeroportos, que se busquem outras soluções. Até ocupações militares. Menos a repetição dos abomináveis espetáculos de multidões espremidas nos saguões de aeroportos, desinformadas, dormindo no chão entre malas, crianças, fome e sede.
Tempo ainda há, até a meia-noite de hoje, mesmo diante do fato de que aqueles que realmente podem decidir não estão nem aí. Raramente as altas autoridades viajam em aviões de carreira. O Aerolula e os jatinhos da FAB não deixam ninguém mentir, sem esquecer os aviões particulares de empresas poderosas, potentados e até políticos.
Confira a coluna completa do Carlos Chagas, no “Tribuna da Imprensa” de hoje:
http://www.tribunadaimprensa.com.br/coluna.asp?coluna=chagas
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