sexta-feira, 25 de julho de 2008

Saúde Pública


“A CORDA SEMPRE ARREBENTA NO LADO MAIS FRACO”


MPF quer tirar fotos de 'advertência' de maços de cigarro
Agência Estado
O Ministério Público Federal (MPF) em Santa Catarina entrou ontem, dia 24/07, com ação civil na Justiça contra a União e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para desobrigar a utilização de imagens de "advertência" nos maços e em propagandas. O procurador João Marques Brandão Neto alega que as fotos atingem “o fundamento constitucional da dignidade da pessoa humana”.

Para ele, as imagens trazem cenas chocantes e demonstram falta de respeito com todos. “Como a campanha foi estendida para além das embalagens de cigarro, ao entrar em qualquer lanchonete, loja de conveniência, restaurante ou bar, os cidadãos são aterrorizadas pela foto de um cadáver com o crânio rachado ou um feto morto dentro de um cinzeiro", afirma.

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Meus comentários:

Na verdade, a notícia trás realmente algumas questões que eu, como fumante crônico, gostaria de compartilhar com os amigos leitores deste Blog:

1º) Absolutamente ninguém discorda do fato de que fumar seja um péssimo hábito. E que, acredito eu, realmente faz muito mal para a saúde. Certamente, na minha consciência de pai, não gostaria que meus filhos fumassem.

2º) Partindo da premissa anterior, é fato, também, que o Ministério da Saúde tem, no mínimo, a obrigação de combater o hábito do tabagismo. A grande questão é: deve-se atacar o consumidor ou o fornecedor? A decisão individual de fumar, subjetiva, portanto, é a verdadeira causa dos altos índices de morte pelo tabagismo, ou, pelo contrário, a disponibilização industrial e midiática do fumo, como produto formalmente aceito E ESTIMULADO (pois paga impostos e coisa e tal...), é o verdadeiro fator do problema crônico de saúde pública? Devemos aceitar a visão de que se trata apenas de uma decisão foro íntimo das vítimas fumantes ou se trata de uma indústria altamente poderosa e influente que deve ser combatida como tal?

3º) Pelo menos até a minha geração (tenho 40 anos) a chamada “Indústria do Tabaco”, capitaneada no Brasil pela transnacional “Souza Cruz” , pelo que eu saiba, nunca sofreu qualquer limitação legal ou mesmo política por parte das autoridades constituídas, responsáveis pela saúde pública. Pelo contrário, recebeu apoio, isenções, subsídios e grande apoio das autoridades. Isto tem lá a sua lógica pelo simples fato de que, principalmente na Região Sul, sempre gerou emprego, impostos e renda. Embora se possa argumentar que a transnacional estrangeira possa também espoliar os produtores de fumo da região ou que acaba prejudicando o País com suas remessas obscuras de lucros para a filial, não se pode falar que tenha um papel inexpressivo na economia brasileira ou que seja, formalmente, ilegal, como são os narco-traficantes que lidam com maconha, coca , heroína e coisas afins. Pelo contrário, o peso econômico é substancial e dentro dos "padrões legais". Em outras palavras, pelo que sabemos, diferente da indústria de entorpecentes ilegais, como a maconha e a cocaína, não obtém lucro com o crime ou a infração.

4º) A cada dia, lemos e ouvimos noticiários e propagandas informando que “todos os estudos demonstram” que “FUMAR FAZ MAL À SAÚDE”. Eu realmente acredito nisto. Piamente. E acredito não tanto pelo que ouço dizer, mas pela constatação empírica: quando dou uma corrida pequena, depois de anos como fumante, não tenho o mesmo desempenho de antes. E sei que não se trata apenas do efeito da idade. Em outras palavras: é óbvio que fumar (tabaco) faz mal.


5º) Se isto é uma verdade inquestionável – e eu sei que é…- a pergunta que fica é simples: “por que somos nós (as vítimas, que fomos logrados pela Indústria Tabagista e pelo Governo, ou seja, nós os viciados), submetidos há anos aos estímulos externos, às propagandas ostensivas (aceitas pelas autoridades), às convenções sociais, aos interesses de arrecadação de todos os sucessivos governos, os que, hoje, têm que ser punidos, estigmatizados, marginalizados, maltratados, criminalizados, vilipendiados, excluídos e punidos?


6º) A questão do vício sempre esteve presente em absolutamente todas as sociedades, em todos os tempos e contextos sociais diferentes. Até as revoluções burguesas liberais que moldaram os direitos individuais do Mundo Contemporâneo, não havia muita escolha. As pessoas se drogavam ou tinham hábitos que eram impostos ostensivamente pela casta, pelo estamento, pela religião ou pela estrutura social ao qual pertencia. Com as revoluções liberais dos séculos XVII, XVIII e XIX, conseguimos a grande conquista do mundo contemporâneo: a liberdade de escolha. E liberdade sempre implicou na sua contrapartida: a responsabilidade. A questão passou a ser, teoricamente, uma questão de decisão individual. Esta, guardadas as devidas proporções, passou a ser, teoricamente, prerrogativa não da casta, do estamento ou do Estado, mas do indivíduo. Portanto, a escolha ou não do mal hábito, passou a ser prerrogativa da consciência de cada um. Eram os benefícios e as responsabilidades da liberdade. Com o tempo, as coisas evoluíram. Percebeu-se que, além da conscientização de pessoa a pessoa, havia a necessidade de mudanças estruturais em qualquer tipo de atuação que se preocupasse com a saúde pública. Ou seja, uma coisa é querer evitar que uma pessoa se matasse, outra coisa era querer evitar que uma sociedade inteira fosse, cronicamente, suicida. Era a percepção de que em saúde pública, as soluções deveriam também ser "públicas". E aí entra a questão mais importante: por que o governo, ao invés de querer influir ditatorialmente nas escolhas de cada indivíduo, hoje, não atua no que realmente interessa: quem fornece a droga: no caso, a “Souza Cruz”. Por que, sendo cientificamente comprovado que o ato de fumar é inexoravelmente prejudicial à saúde, simplesmente não se fecha a empresa fornecedora de cigarros? Por que não se corta o mal pela raiz? Por que se criminaliza a vítima, o viciado, o usuário de um produto legal e que paga impostos, para se poupar o verdadeiro criminoso: a indústria tabagista?

7º) Resposta: porque não têm culhão para isso. Preferem nos criminalizar, preferem colocar a culpa na subjetividade decisória de cada fumante, do que ter que tomar decisões eficazes que realmente importam. É mais fácil e cômodo culpar a vítima do que punir o poderoso vilão. Parece aquela história canalha dos que condenam uma jovem ingênua por ter sido vítima de estupro de um canalha qualquer, quando dizem: “foi culpa dela. Que estava fazendo ali, naquele horário e com aquelas roupas?”

8º) Eu aceitaria de bom grado, sinceramente, mesmo fumando há 20 anos, chegar numa padaria, pedir um cigarro e ouvir do atendente: “não se vende mais cigarros. Sinto muito”. Seria muito mais eficiente para minha saúde do que a atual marginalização fascista a que sou submetido, mesmo pagando meus impostos.
9º) Paro agora mesmo de fumar, desde que a "Souza Cruz" seja imediatamente fechada.

10º) Da próxima vez que for a uma padaria para comparar cigarros, não quero ver mais os efeitos da droga estampados nos cartazes, mas apenas um cartaz decisivo dizendo: "O FUMO É TERMINANTEMENTE PROIBIDO DE SER VENDIDO". No dia em que isto acontecer, me tornarei um fanático anti-tabagista e serei o primeiro ex-fumente a querer fazer campanha ostensiva contra o fumo.
Mas...
TEMPORÃO! LULA! DESAFIO QUE FAÇAM ALGO CONTRA A "SOUZA CRUZ". PODEM ME RESPONDER COM AÇÕES CONCRETAS? CORTO MINHA GARGANTA SE TIVEREM CULHÃO PARA TANDO.
E...Ponto final.
Aliás, confiram, na matéria a seguir, a hipocrisia a que chegaremos...
Proibição ao fumo faz Café virar templo religioso para louvar a Deus através da fumaça

Os fumantes já devem ter percebido que mais restrições a seu vício surgem todos os dias.
Um café na Holanda pode ter a solução perfeita para essas almas incompreendidas que só querem encher um pouco o corpo de nicotina e espalhar o amor na forma de sinais de fumaça pelo mundo. Finalmente, os fumantes perseguidos, como um dia foram os judeus pelo faraó, podem encontrar um pedacinho da terra prometida na "Única e Universal Igreja dos Fumantes de Deus".Desde quarta-feira, o café, agora igreja, tenta burlar a nova legislação holandesa que proíbe o fumo em lugares fechados. Usando a liberdade religiosa constitucionalmente garantida, a nova ordem religiosa venera a fumaça, o fogo e a cinza, e ato de fumar será parte essencial de seus rituais.Os fiéis que se converterem receberão uma autorização por escrito permitindo que fumem nas dependências do estabelecimento.Outros cafés pretendem também se juntar a essa “reforma” e exibirão em suas fachadas um certificado com os dizeres "a comunidade da igreja dos fumantes é livre de fumar para honrar Deus na santa paz".
Espero que o caro leitor se pronuncie a respeito...Aliás...colocaremos uma pesquisa na coluna do lado direito de nosso Blog para averiguar o que acham nossos leitores a respeito. Confiram...

Um comentário:

  1. "...é óbvio que fumar (tabaco) faz mal."

    Hehehehehe.. e o que é que nao faz mal fumar?

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