Esta semana as centrais sindicais fizeram manifestação defronte ao Banco Central, em Brasília, contra a alta dos juros. Todas, menos a principal, a CUT, cujos dirigentes ignoraram solenemente o protesto. Pelo jeito, concordaram com mais esse abominável aumento que, queira ou não o governo, determinará recessão e desemprego. Fosse nos tempos do sociólogo e a CUT estaria enchendo a Praça dos Três Poderes de militantes. Como Lula está no poder, e a elevação dos juros terá sido autorizada por ele, melhor ficarem calados. Fosse apenas essa a evidência de pusilanimidade da CUT e ainda seria absorvível, em nome dos meandros da política. O problema é que desde a primeira posse de Lula que a central vem se omitindo, mesmo quando se encontram em jogo os interesses do trabalhador. Não se ouvem protestos contra a alta dos juros, como também não diante do fato de a atividade especulativa render muito mais do que a atividade produtiva. Ainda agora, no episódio Daniel Dantas, a CUT mais parecia um túmulo. Aquele que foi um dos movimentos políticos mais importantes da América Latina transformou-se num zero à esquerda, optando por curvar-se à ideologia neoliberal em função da ida de seu líder maior para a presidência da República, bem como do descumprimento de seus ideais e de suas promessas.
Um tipo novo de vergonha
Declarou-se o ministro Mangabeira Unger "envergonhado" com o montante recebido da Brasil Telecon e de Daniel Dantas pelos serviços que durante sete anos prestou à empresa e ao banqueiro como procurador de seus interesses, nos Estados Unidos. Com todo o respeito, mas vai ter vergonha assim no inferno! Pelo relatório do delegado Protógenes Queiroz, o atual ministro do Futuro recebeu dois milhões de dólares. Mangabeira admite apenas um milhão, que mesmo nesses tempos de desvalorização da moeda americana fariam a felicidade de qualquer brasileiro. O grave na história é que fica tudo por isso mesmo, quer dizer, um ministro encarregado de planejar o futuro confirma um passado obscuro, empregado de um dos mais controvertidos banqueiros nacionais, acusado de lavagem e evasão de dinheiro, gestão fraudulenta, formação de quadrilha, lesão ao fisco e quanta coisa a mais? O presidente Lula pode ter perdoado Mangabeira Unger de haver defendido, não faz muito, o seu impeachment como chefe de um dos mais corruptos governos nacionais. Ao escrever o referido artigo, estaria o futuro ministro seguindo instruções de Daniel Dantas?
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