quarta-feira, 30 de julho de 2008

Os imigrantes

Itamaraty: perdeu na livre circulação de coisas, agora pense um pouco na circulação de seres humanos (principalmente brasileiros)
Leio o Ari Cunha, no Correio Braziliense, e vejo que trás assunto muito atual e importante. Com o título de O mesmo ritmo do coração, sua coluna mostra que o Brasil - inclusive por força constitucional - sempre recebeu bem perseguidos políticos e refugiados e excluídos sociais de todas as partes do mundo. Ao longo de nossa História, tal característica nos ajudou a sermos, na prática, o que em outras partes do mundo só existe no papel, nas elucubrações acadêmicas, ou seja, um paraíso de conviência das diferenças que só existente em documentos com teores prescritivos de utopias, como a “Declaração dos Direitos do Homem”. Ari lembra que foram vários os grupos de refugiados acolhidos pelo Brasil: “O Programa de Reassentamento Solidário recebeu palestinos que estavam no campo de Rewished, na Jordânia, e outro grupo que conseguiu abrigo provisório na Síria. Além do Conare, o Comitê Nacional para os Refugiados, coordenado pelo Ministério da Justiça, a Cáritas Arquidiocesana e o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) participaram da operação. São quase 4 mil refugiados reconhecidos vindos para o Brasil de 69 países”. Muito oportuna a coluna, pois se há um país no mundo que representa a fraternidade entre os povos, este somos nós. Há pouco, comemoramos os 100 anos da imigração japonesa. Mas recebemos, também, italianos, africanos, alemães, polacos, libaneses e uma infinidade de outros povos. Tirando os irmãos africanos, que vieram escravizados (são os únicos que podem reclamar...), todos foram muito bem recebidos. São por posturas como esta que somos, apesar de uma minoria elitista com “complexo de vira-lata” achar o contrário, o melhor País do Mundo, a síntese do que há de melhor por aí. Se a semente da fraternidade humana existe, está com certeza no nosso Brasil. O racismo, aqui, é apenas devaneio de pseudo-esquerdistas americanófilos de buteco. Apesar de ter idiota que, depois de estudar em universidades estrangeiras e receber uns trocados de certas ONGs internacionais, ainda persiste em importar conflitos étnicos e raciais que aqui não existem. Pura subserviência e mau-caratismo! Ou engajamento servil na balcanização do Braisl. Por outro lado, é absolutamente inaceitável o que sofrem de constrangimentos e humilhações nossos patrícios no exterior. As leis restritivas de imigração impostas pelos EUA e pela Europa aos brasileiros são uma afronta não apenas ao bom senso, mas à História daqueles povos. E o Itamaraty e seus almofadinhas apátridas não fazem nada. Preocupam-se, por pura subserviência às transnacionais aqui instaladas, com a livre circulação de produtos, com coisas, mas não fazem nada para garantir a circulação digna de seres humanos. Ou mesmo, a integridade física dos brasileiros no exterior. Não vejo nos jornais nenhuma "Rodada Doha" para discutir isto.
Por outro lado, países que pregam tanto a tal “globalização” e o deificado “livre comércio” para estuprar nossa economia, deveriam rever suas posturas com relação aos brasileiros que os visitam. Os governos de países como a Itália, a Espanha, a Alemanha deveriam tratar os brasileiros com “pão de ló”, como dizia dona Maria José, minha mãe. Isto porque, nos séculos XIX e início do XX, quando passavam por dificuldades estruturais, quando enfrentavam fome generalizada, quando sofriam os efeitos terríveis de guerras e revoluções que eles mesmos provocaram, foi para o Brasil que mandaram (ou expulsaram?) seus filhos. Ou seja, com a imigração, ficaram livres de seus compatriotas excluídos em suas próprias pátrias. Era um problema a ser eliminado. Isto fez com que as tensões sociais em suas sociedades diminuíssem, o que permitiu a necessária tranqüilidade social e política que fizeram com que se tornassem países socialmente desenvolvidos. A imigração era um cano de escape eficiente para se evitar sublevações contra a ordem estabelecida. Em outras palavras, os descendentes de seus filhos expulsos se tornaram brasileiros e, por não mais estarem em seus países de origem, ajudaram a construir não só o Brasil, mas, contraditoriamente, também o progresso daqueles que os abandonaram, que os renegaram. Por isto, meus caros amigos internautas dos EUA e da Europa - que sei que nos acessam constantemente - é imperativo moral de vocês que pressionem seus governos a tratar, no mínimo, com dignidade os brasileiros. Brasileiros de origem africana e índia, mas também italiana, russa, polaca, portuguesa, espanhola, japonesa, coreana, chinesa, etc... Ao invés de ficarem dando pitaco em nossas florestas e em nossos problemas sociais, pressionem seus governos de merda para que deixem de servir às transnacionais e sirvam aos seus próprios povos. Exijam que lutem por uma globalização que não seja de mão única, onde o dito “Primeiro Mundo” tem livre acesso às nossas riquezas, mas fecham a livre circulação de seres humanos. Caso contrário, que sumam do Brasil as "Telefônicas" da vida, os "Santanders" e coisas do gênero. Ficaríamos muito melhores sem estes vampiros.

Quem são nossos novos imigrantes

Em quatro anos, a entrada de estrangeiros decididos a morar no país cresceu 51%. Como entender o significado desse movimento migratório
Solange Azevedo
Hoje, os estrangeiros que entram legalmente no Brasil pertencem a dois grupos principais. O primeiro são os estudantes, que vêm em busca de uma capacitação profissional melhor que a oferecida em seu país de origem. O segundo são os profissionais qualificados, vindos de várias partes do planeta para trabalhar em empresas que oferecem boas colocações em áreas de ponta, como a petroquímica. Quem pertence a esses grupos não pode ser chamado de imigrante clássico, pois não planeja morar definitivamente por aqui.
(...)
Mudar de país em busca de uma boa oferta profissional é outra característica da economia globalizada. “Estima-se que cerca de 200 milhões de pessoas vivam fora de seu país de origem em busca de oportunidades e renda”, diz Paulo Sérgio de Almeida, coordenador de Imigração do Ministério do Trabalho. “O crescimento do número de estrangeiros no Brasil também é decorrente do aumento dos investimentos no país.”
(...)
A Petrobras, hoje a terceira maior empresa das Américas em valor de mercado, é uma das companhias brasileiras que mais atraem profissionais com o perfil de Andersen. De cientistas a mergulhadores, eles são contratados para trabalhar nas mais diversas áreas. Além da indústria do petróleo, empresas de telecomunicações, como a Nokia e a Lemcon, também têm trazido estrangeiros para trabalhar no Brasil. No ano passado, o Ministério do Trabalho deu autorização para 1.589 filipinos atuarem no Rio de Janeiro. Segundo a Embaixada das Filipinas em Brasília, muitos são engenheiros com contratos temporários. Outros são missionários católicos, ligados a ordens como os Franciscanos e as Irmãs de Maria.
(...)
A Polícia Federal registra 877 mil estrangeiros no país, somadas todas as nacionalidades. Cerca de 35 mil são bolivianos. Muitos foram beneficiados por um acordo de regularização migratória firmado entre os governos do Brasil e da Bolívia. Susana Quise Chino, de 25 anos, é um dos beneficiários. “Entrei no Brasil pelo Paraguai, em 2004, com meu ex-marido”, diz. “Com o acordo, coloquei meus documentos em ordem e pude ficar mais tranqüila.” Em La Paz, ela era recepcionista de uma loja. Em São Paulo, tornou-se costureira. Começou trabalhando cerca de 16 horas por dia, seis dias por semana. O salário era de R$ 150 por mês. Entre 2002 e 2007, mais de 600 mil bolivianos emigraram, a maioria mulheres.
(...)
Com o Brasil se firmando no papel de líder da América do Sul e se abrindo para o mundo como um país de grandes oportunidades, a tendência é que esse fluxo de estrangeiro aumente. Sejam eles estudantes como a cabo-verdiana Daisy, advogados como o norueguês Andersen ou subempregados como a boliviana Susana. O Brasil parece ter se transformado em uma nova terra prometida para todos eles.
Veja a matéria completa nas bancas. Para acessar o portal da revista, clique em:
Época

Sobre o assunto, não deixe de ler também:

Patrulhados no exterior
Artigo - João Cláudio Garcia
Correio Braziliense


Dois casos envolvendo imigrantes clandestinos brasileiros nos Estados Unidos chamaram a atenção nesta semana. Um dos ilegais brincou com a sorte num país em que a lei costuma ser cumprida à risca. Sem documentos, foi parado em uma barreira policial na última sexta-feira, em Massachusetts, e alertado para não voltar a dirigir sem carteira, sob ameaça de ser preso e deportado. Mas ele repetiu o erro, desta vez supostamente com cigarros de maconha no veículo. Recusou-se a parar na barreira, tentou fugir e acabou morto a tiros.
Uma segunda personagem, de Governador Valadares, tornou-se celebridade em Nova Jersey ao ganhar US$ 125 milhões em uma loteria. O detalhe é que, como ela estaria em situação irregular no país, não pôde aparecer para pegar o dinheiro. Episódios como esses reforçam o paradoxo da política migratória dos Estados Unidos: o país precisa de mão-de-obra barata para setores como construção civil, mas luta para proteger o mercado em profissões de maior qualificação. É um cenário distinto do observado no Canadá — que oferece facilidades na tentativa de atrair trabalhadores de alto nível — e semelhante ao da Europa, onde também há carência de empregados para os postos de menores salários. (...)

Nenhum comentário:

Postar um comentário