sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Economia global: "re-humanização" é urgente
Geraldo Luís Lino

Ao se completar um ano desde o início da crise dos mercados imobiliários dos EUA, em agosto de 2007, é evidente que o sistema financeiro internacional em sua presente forma está irremediavelmente condenado. Nos últimos doze meses, o que temos presenciado não é uma mera crise conjuntural passível de ser solucionada com as "regras do jogo" prevalecentes, mas um beco sem saída para todo um paradigma econômico-financeiro baseado no pressuposto da hegemonia dos "mercados livres", como já reconhece um número crescente de especialistas. Com uma nova emergência surgindo a cada semana, exigindo ações "tapa-buraco" das instituições centrais do sistema para evitar um colapso generalizado, em paralelo com a disseminação dos efeitos da "financeirização" na economia real - como a inflação nos preços dos alimentos e do petróleo -, está claro que uma mudança de rumo é imprescindível e urgente. E tal mudança terá que contemplar uma reforma generalizada do sistema financeiro global, de modo a recolocá-lo novamente a serviço da economia real - ou seja, das necessidades reais dos seres humanos.
Em suma, é preciso "re-humanizar" a economia, com a conseqüente reorientação das políticas públicas para tal finalidade. E quem acha que isso é ilusório, basta recordar que o reconhecimento da necessidade de proteger os camponeses indianos e chineses contra uma competição externa prejudicial foi uma das causas da derrocada da Rodada de Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC).

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