BRB vendido até dezembro
Vicente Nunes
Correio Braziliense
Valor do negócio deve ser acertado até setembro, no máximo, e Banco do Brasil já prepara processo de incorporação tecnológica e das atividades. Absorção deve ser feita junto com a Nossa Caixa, de São Paulo O Banco do Brasil já preparou a bateria de fogos. O objetivo é alardear as compras do Banco Regional do Brasília (BRB) e do paulista Nossa Caixa, que, se tudo correr conforme o planejado, serão fechadas até dezembro. O BB está tão certo disso que está finalizando os processos tecnológicos para absorver as duas instituições e treinando pessoal para que a incorporação das atividades dos dois bancos estaduais se dê de forma rápida e sem traumas. Pelo calendário traçado, o ponto crucial para que as operações sejam fechadas — os preços de compra — será definido ainda em agosto, no mais tardar, na primeira quinzena de setembro. “As consultorias contratadas pelo BB e pelos governos do Distrito Federal e de São Paulo estão dando os últimos retoques nos levantamentos”, diz um dos principais envolvidos nos negócios. “Tudo leva a crer que não haverá grandes distorções nos preços de avaliação, facilitando o consenso”, afirma.
Por quer o Banco do Brasil quer o BRB
Chumbo grosso contra o delegado
Mirella D´Elia
Correio Braziliense
Deputados da oposição suspeitam que o governo tentará desqualificar o depoimento de Protógenes Queiroz na comissão do GrampoA oposição acredita que o governo vai reunir munição pesada para tentar desqualificar, na CPI do Grampo, o trabalho do delegado da Polícia Federal (PF) Protógenes Queiroz. Responsável pelo inquérito, ele foi afastado das investigações da Operação Satiagraha, em que foram presos o banqueiro Daniel Dantas, o investidor Naji Nahas e o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta. O depoimento do delegado está previsto para a próxima quarta-feira. A CPI vai cobrar de Protógenes explicações sobre sua atuação à frente do caso e detalhes sobre as interceptações telefônicas que foram feitas pela PF. A intenção é apurar se houve erros ou abusos durante as investigações. Os deputados também vão querer ouvir do próprio delegado as razões para sua saída do caso. Oficialmente, ele diz que foi para fazer um curso, mas, em entrevistas, fez críticas à cúpula da instituição e defendeu a autonomia da PF.
Chumbo grosso contra o delegado
Vão sobrar só três bancos estaduais
Correio Braziliense
Saneamento das instituições regionais custou R$ 100 bilhões aos cofres públicos nos anos 1990 Na avaliação do Banco Central, ao absorver bancos estaduais, como o Banco do Estado de Santa Catarina (Besc) e Banco do Estado do Piauí (BEP) que estão em curso, o Banco do Brasil está fazendo um favor para o país, devido ao histórico de desmando e de corrupção que marcou a gestão dos bancos estaduais ao longo de décadas. No final dos anos 1990, quando foi feito o processo de renegociação das dívidas estaduais pelo governo federal, o saneamento das instituições regionais custou mais de R$ 100 bilhões aos cofres públicos por meio do Proes. Depois de fechadas as operações do BRB e da Nossa Caixa, restarão três bancos estaduais no país: Banpará, do Pará, o Banestes, do Espírito Santo, e o Banrisul, do Rio Grande do Sul, esse, já no radar do BB.
Vão sobrar só três bancos estaduais
De repente
Artigo - Rubem Azevedo Lima
Correio Braziliense
De repente, por motivos estatísticos, o Brasil se vê em pleno ano de 1947, que também teve déficit negativo igual ao de hoje em suas contas externas, mas sem nenhuma das vantagens relativas daqueles tempos, a começar pela segurança pessoal de que todos desfrutávamos, então, além da qualidade melhor de seus políticos. Essa volta brusca ao passado não é o biscoito mágico de Proust, mas a mágica da economia do governo, com os problemas causados pela corrupção que lavra no país e a pilhagem, ao que se diz, até do ouro aqui produzido levado para o exterior sem pagar impostos. Sobre políticos, conforme a Justiça vem verificando, não são poucos os que recorrem ao que há de pior em seus estados para tentarem eleger-se este ano. O Rio de Janeiro — hoje considerada a cidade mais poluída pela corrupção eleitoral e política —, em 1947 deu posse a 50 vereadores eleitos em dezembro de 1946, que formariam um dos melhores legislativos municipais do país, até hoje, independentemente de suas diferenças ideológicas.
De repente
Democracia, Judiciário e associações de magistrados
Artigo - Aiston Henrique de Souza
Correio Braziliense
Juiz eleitoral da 1ª Zona de Brasília e diretor-geral da Escola da Magistratura do Distrito Federal O direito de associação (art. 5º, inciso XVII, da Constituição) representa a faculdade conferida aos cidadãos de se reunirem para tratar de interesses comuns sem que o Estado possa intervir. É uma manifestação do status negativus. Os juízes também se organizam em associações, que, de regra, cuidam de questões que escapam ao âmbito de seus interesses estritamente profissionais, a exemplo do recente debate sobre a investigação da vida pregressa de políticos com vista a registro de candidaturas a cargos eletivos. Indaga-se por que isso acontece. Na sociedade atual, caracterizada pelo reconhecimento de extenso rol de direitos aos cidadãos, os juízes têm um papel de fundamental importância, por lhes ter sido atribuída a função de dar efetividade a esses direitos. O Estado brasileiro é comprometido com um dos principais fundamentos do regime de democrático — o princípio da proteção judicial, que é o primado do Estado de direito. Não é possível um Estado de direito sem leis e sem juízes independentes e imparciais que as apliquem e lhes garanta efetividade, sendo este um dos principais aspectos das cartas de direitos, como o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos, a Convenção Americana de Direitos Humanos, dos quais o Brasil é signatário e o art. 5º. da CF do Brasil (inciso LV).
Democracia, Judiciário e associações de magistrados
Após fusão, Bolsa brasileira dá início à expansão global
DENYSE GODOY
Folha de S. Paulo
BM&F Bovespa vai propor parcerias a Bolsas da Colômbia, do Chile e do Peru para dupla listagem de empresas
A NOVA BOLSA brasileira, surgida da fusão entre a BM&F (Bolsa de Mercadorias e Futuros) e a Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo), é a terceira maior do mundo em valor de mercado e deseja ocupar um lugar entre as principais praças de negociação de produtos financeiros que existirão no futuro. Segundo especialistas, serão três: uma na América do Norte, uma na Europa e outra congregando os países hoje emergentes. A estratégia da companhia para ganhar a importância que os analistas vislumbram para ela começa na América Latina. Como explica Edemir Pinto, diretor-geral da BM&F alçado há dois meses ao posto de diretor-presidente da nova Bolsa, aquisições estão fora dos planos. Pelo menos por enquanto. A idéia é compartilhar com as Bolsas do Peru, do Chile e da Colômbia os conhecimentos brasileiros em gerenciamento de risco e regulação e propor a listagem de empresas desses países na BM&F Bovespa. "O que temos que fazer é criar um grande mercado aqui na América do Sul e na América Central, e a BM&F Bovespa tem tudo para ser esse centro de liquidez", disse Pinto em entrevista exclusiva à Folha. Parcerias semelhantes com a Argentina e o México virão depois. A seguir, os principais trechos da entrevista.
Após fusão, Bolsa brasileira dá início à expansão global
NOVA SECRETÁRIA DA RECEITA QUER MAIOR NÚMERO DE ALÍQUOTAS NO IR
ENTREVISTA DA 2ª
LINA MARIA VIEIRA
Para substituta de Jorge Rachid, duas alíquotas apenas sobrecarregam muito aqueles que ganham menos
ANDREZA MATAIS
Folha de S. Paulo
ENTREVISTA DA 2ªLINA MARIA VIEIRA
Para substituta de Jorge Rachid, duas alíquotas apenas sobrecarregam muito aqueles que ganham menos
A nova secretária da Receita Federal, Lina Maria Vieira, 57, diz em sua primeira entrevista no cargo que considera necessário aumentar o número de alíquotas do Imposto de Renda das pessoas físicas. Hoje existem duas: 15% e 27,5%. O aumento do número de alíquotas sempre foi defendido pelo PT, mas encontrava resistência de Jorge Rachid, demitido na quinta-feira.
PRIMEIRA MULHER a assumir a Receita Federal, Lina Maria Vieira, 57, diz que será uma "leoa com os sonegadores, com os maus contribuintes". Em sua primeira entrevista no cargo, na manhã do último sábado, ela disse à Folha que considera necessário ampliar o número de alíquotas do Imposto de Renda das pessoas físicas, atualmente de 15% e 27,5%. "Acho, sim, necessário aumentarmos a progressividade na tributação do Imposto de Renda das pessoas físicas."
NOVA SECRETÁRIA DA RECEITA QUER MAIS ALÍQUOTAS DO IR
Argentina recorre ao BNDES para comprar avião da Embraer
CLÓVIS ROSSI
Folha de S. Paulo
O secretário de Transportes da Argentina, Ricardo Jaime, anunciou que iria nesta semana a São Paulo para negociar a compra de aviões da Embraer para a Aerolíneas Argentinas. A informação passou a constar, para a mídia argentina, da pauta da qual o presidente Lula e os empresários que o acompanham tratariam durante a visita ao país, embora até ontem Jaime não tivesse combinado nada com as autoridades brasileiras, como seria usual.Se houver negócio, será uma mostra de como os dois países seguiram rumos diferentes.Em artigo para o jornal "Perfil", Alberto Ferrari Etcheberry, ex-diretor do Centro de Estudos Brasileiros da Universidade San Martín, lembra que que, em 1989, a Embraer e a Fábrica de Aviões de Córdoba fizeram acordo para a produção de aviões para cerca de 100 passageiros.
Argentina recorre ao BNDES para comprar avião da Embraer
Golpe na democracia
Artigo - Marcos Cintra
Folha de S. Paulo
A Justiça Eleitoral liquidou a forma mais democrática e barata de propaganda política: a internet
IMAGINE uma democracia ideal.Você com liberdade total para analisar a proposta do seu candidato, no momento que lhe fosse mais oportuno. Nada de horário político obrigatório, nada de bueiros entupidos com santinhos dos candidatos, nada de muro pichado ou poluição sonora. Todos os candidatos, ricos e pobres, com direitos e recursos iguais para transmitir suas idéias. Essa democracia ideal já existe em alguns lugares do mundo. No Brasil, ainda não. Aqui, a Justiça Eleitoral "legislou" por meio da resolução nº 22.718/2008, que acabou por liquidar a forma mais democrática, barata e ecologicamente correta de propaganda política: a internet.Quem tem bastante dinheiro não se aflige com a resolução nº 22.718, pois pode comprar propaganda em jornais e em revistas ou imprimir centenas de milhares de folhetos.Afinal, a nova legislação preservou o ranço das campanhas políticas antigas, dominadas pelos coronéis, pelo poder econômico e pelos currais eleitorais.
Golpe na democracia
O Alienista
Artigo - Fernando de Barros e Silva
Folha de S. Paulo
Em baixa na PF, Protógenes Queiroz está em alta na opinião pública. Seu afastamento do caso Daniel Dantas & Naji Nahas, cujas circunstâncias e motivações não foram bem esclarecidas, teve o efeito de redimir os erros do inquérito obtuso que produziu. Fora da investigação -não talvez pelos bons motivos-, o delegado ficou à vontade para assumir, com e sem razão, o papel de vítima dos poderosos e paladino da moralidade.Feito celebridade, Protógenes encontrou um palanque para seu discurso cívico-messiânico, no qual o jargão de delegacia vem embolado com clichês da esquerda e rudimentos mal assimilados de sociologia. Não deixa de sugerir um personagem de Glauber Rocha, sempre entre a política e o delírio, numa luta encarniçada do bem contra o mal.Em entrevista ao repórter Rubens Valente, nesta Folha, Protógenes se põe como "porta-voz do grande grito contra a corrupção no país", um "instrumento" do povo que se sentia "oprimido" pelos corruptos. Não é difícil imaginá-lo deputado em 2010 ou na lista dos mais vendidos do próximo Natal.
O Alienista
O presidente do Cade
Artigo - João Grandino Rodas
Se substituições no Cade já atraem grande interesse, com maior força desta vez, em que se prevê a mudança de 4 dos 7 conselheiros
A previsibilidade das regras do jogo propiciada pelas agências reguladoras, em razão de facilitar a vinda de capitais estrangeiros, contribui para aumentar a concorrência, beneficiando o consumidor. A recente experiência brasileira comprova isso. A existência desses organismos de Estado será fundamental no futuro próximo, em que nosso país terá de lutar para ser menos atingido pelas inconsistências da economia internacional.Embora o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) não seja, a rigor, uma agência reguladora, o acima dito lhe serve como uma luva.Sendo a concorrência um dos pilares da economia capitalista, é basilar a existência de uma legislação antitruste apta a cumprir sua finalidade, bem como a de intérpretes e aplicadores apropriados, mesmo na esfera administrativa.
O presidente do Cade
Versalhes
Artigo - Roberto Luis Troster
Folha de S. Paulo
O modelo atual de política econômica, acompanhado por um cenário externo favorável, está mostrando sinais de esgotamento
LUIS 14 , o Rei Sol, construiu em Versalhes palácios e jardins deslumbrantes e transferiu a capital política e administrativa francesa para lá, em 1682. Sem paralelos anteriores por sua grandiosidade, é considerada até hoje uma das maravilhas arquitetônicas do mundo. Brasília nasceu em 1960, majestosa e esplêndida, com pose e pinta de capital. Sua localização, no cerrado, levaria o progresso a todas as regiões brasileiras.Versalhes era ostentosa e sua manutenção era uma hemorragia dos ganhos da indústria e do comércio franceses da época e drenava cerca de um décimo do total de suas receitas. Os custos de conservação de Brasília são altos. Dados da ONG Transparência Brasil apontam que um minuto de trabalho do Congresso brasileiro custa R$ 11.545, o orçamento do Legislativo é superior a R$ 6 bilhões, o triplo que o da França, o quádruplo que o do Reino Unido e o equivalente a 150 mil casas populares por ano. Notável.Em Brasília, houve uma concentração de poder e de renda. A população de Brasília cresce a taxas superiores às do crescimento da população do Brasil e sua renda ascende a taxas mais altas. Em 1985, a renda por habitante de Brasília era um terço superior à média brasileira; 15 anos depois, era mais que o dobro.
Versalhes
Assuntos polêmicos aguardam votação
Gazeta Mercantil
Passado o período oficial de recesso parlamentar, uma agenda repleta de assuntos polêmicos aguarda o retorno do Congresso ao trabalho sem, contudo, ter muita chance de avançar além da discussão nas comissões. Aliado ao esvaziamento natural do Legislativo em período eleitoral por conta das campanhas nos municípios, entra em cena o peso político das matérias em questão para atrapalhar a discussão de uma pauta controversa. É o caso, por exemplo, da reforma tributária. Relator da PEC que altera o regime tributário do país, o deputado Sandro Mabel (PR-GO) só vê chances da proposta chegar ao plenário a partir de outubro. O chamado esforço concentrado, que prevê sessões deliberativas da Câmara em duas semanas de agosto, mais outras duas em setembro, não seria suficiente para a apreciação da proposta, avalia o deputado. "Depois das eleições, quando o Congresso voltar a trabalhar normalmente, a reforma deve ser o primeiro item da pauta", diz acreditar Mabel, que conta ter passado todo o período de recesso viajando pelos estados em busca de um consenso entre governadores, capaz de levar a PEC ao plenário com o mínimo de sobressaltos. "Conseguimos acordos importantes com os municípios, conquistamos o apoio de parlamentares da oposição e atendemos a reivindicações de peso dos estados."
Assuntos polêmicos aguardam votação
Lula assina decreto do Fundo Amazônia
Gazeta Mercantil
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, sexta-feira, que o Brasil irá "cumprir com suas obrigações" na área ambiental e criticou os países que não assumem a responsabilidade pela despoluição do planeta. "Nem todo mundo cumpre com seu dever. O Protocolo de Kyoto está assinado há muito tempo e muitos países, que muitas vezes tentam dar lição, sequer assinaram o protocolo", disse Lula ao discursar na cerimônia de assinatura, no Rio de Janeiro, do decreto que cria o Fundo Amazônia; do documento que revisa o Protocolo Verde; e do encaminhamento ao Congresso Nacional do projeto de lei sobre o Fundo Nacional sobre Mudança do Clima. Lula afirmou que as discussões sobre meio ambiente do G-8 foram vazias, porque em períodos próximo às eleições os políticos falam apenas em despoluir. "Tem gente que é tão radical, que quando você fala ‘preciso cuidar do meio ambiente’, ele responde, não, vou cuidar do ambiente inteiro, meio ambiente para mim é pouco".
Lula assina decreto do Fundo Amazônia
Juro errado também inibe a confiança do investidor
Gazeta Mercantil
O cenário econômico internacional convive com a certeza de que o Brasil efetivamente alcançou a condição de integrante do privilegiado conjunto de países cujas decisões importam no contexto global. Desde os anos 1970, o País freqüenta sucessivos rankings que o colocam entre as dez maiores economias industrializadas do planeta. Essa posição nas tabelas da riqueza mundial, no entanto, não reunia suficiente cacife para impor definições que realmente representassem os interesses econômicos nacionais, ou para garantir espaço decisório para o País nos fóruns internacionais. O motivo dessa falsa exposição de poder econômico era tanto a imensa dívida social como a frágil situação financeira brasileira, construída por décadas de instável estrutura macroeconômica. Moeda desacreditada, inflação alta e frágil desenvolvimento construíam uma relação dívida pública/PIB que só inspirava desconfiança nos investidores nacionais e internacionais.
Juro errado também inibe a confiança do investidor
Ribamar Oliveira - Mais uma trava no endividamento
O Estado de S. Paulo
Uma nova batalha está sendo travada para melhorar o controle do endividamento de Estados e municípios. Esta semana, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado deverá apreciar um projeto de resolução que altera a metodologia de cálculo do comprometimento da receita corrente líquida com o pagamento de juros, amortizações e demais encargos da dívida consolidada. Se o projeto for aprovado, a obtenção de empréstimos por parte de governadores e prefeitos ficará mais difícil. O projeto é de autoria do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), e muda a resolução 43 do Senado, que estabelece regras para o controle sobre o fluxo de endividamento. Quando um Estado ou município solicita um empréstimo interno ou externo, o Ministério da Fazenda analisa se as obrigações a serem assumidas não comprometerão mais do que 11,5% da receita corrente líquida com o pagamento de juros, amortizações e demais encargos de sua dívida. Esse é o limite estabelecido pela resolução 43, que garante o controle sobre os débitos estaduais e municipais. O limite não pode ser ultrapassado. Atualmente, o cálculo do Ministério da Fazenda é feito pela média anual dos cinco exercícios financeiros subseqüentes ao da contratação do empréstimo, incluído o da própria apuração. O líder do governo alega, em defesa de seu projeto, que a metodologia em vigor abre a possibilidade de as operações de crédito com carência serem autorizada, ainda que os efeitos a partir do sexto ano, não medidos atualmente, resultem na extrapolação do limite.
Ribamar Oliveira - Mais uma trava no endividamento
A 'blindagem' do Pronera
editorial
O Estado de S. Paulo
Depois de conseguir recursos públicos para custear sua estrutura de ensino por meio de um programa do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), o Movimento dos Sem-Terra (MST)agora se mobiliza para tentar tornar esse repasse permanente e definitivo. As verbas que recebe para financiar cursos universitários destinados a formar seus quadros são provenientes do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera), criado em 1998 por portaria do então ministro do Desenvolvimento Agrário, Raul Jungmann, no governo Fernando Henrique Cardoso. A medida tinha por finalidade “ampliar os níveis de escolarização formal dos trabalhadores rurais assentados”, especialmente nas áreas de alfabetização, ensino fundamental e ensino profissionalizante. A partir do primeiro mandato do presidente Lula, o Pronera mudou de orientação, passando a privilegiar o ensino universitário. E metade de seu orçamento, que passou de R$ 9 milhões, em 2003, para R$ 54 milhões, em 2008, hoje é usada para dar formação superior aos militantes do MST, por meio de cursos especiais, cujos integrantes não são submetidos ao crivo do vestibular das universidades públicas, sendo indicados pelas comunidades rurais com ligação com a reforma agrária. O problema é que, da mesma forma como se converteu em prioridade do atual governo, o Pronera pode ser relegado para segundo plano. E, como foi criado por portaria ministerial, ele pode ser extinto por meio de outra portaria, no próximo governo. É esse o receio do MST. A entidade tem medo de perder a fonte de recursos no caso de vitória de um candidato da oposição, na sucessão de Lula, em 2010. “Um programa desse porte necessita de maior estabilidade jurídica. Um governo que não quer dar muita importância à questão da educação em áreas da reforma agrária pode não revogar o programa, mas matá-lo de inanição, cortando suas verbas”, diz a coordenadora do Pronera, Clarice dos Santos.
A 'blindagem' do Pronera
Mato Grosso do Sul
ARTIGO - Denis Lerrer Rosenfield
O Estado de S. Paulo
Parece não haver mais limites para a ação da Funai de demarcação de terras indígenas, como se o País fosse um imenso território virgem suscetível de qualquer reconfiguração territorial. Um Estado federativo passaria a reger-se por portarias e atos administrativos do Poder Executivo que criariam “nações” que, doravante, conviveriam com “outros Estados”. Não estaria longe o dia em que essas “nações” passariam a tratar a “nação brasileira” em pé de igualdade, solicitando, inclusive, reconhecimento internacional e autonomia política. Em 14 de julho deste ano, a Funai editou seis portarias visando à demarcação de terras indígenas em Mato Grosso do Sul. As portarias abrangem 26 municípios e dizem respeito a uma área potencial total de 12 milhões de hectares, correspondendo aproximadamente a um terço do território estadual. Em sua redação, as portarias não visam especificamente a uma propriedade ou área determinada, mas têm abrangência tal que qualquer propriedade poderia vir a ser atingida. Há uma ameaça real que paira sobre toda essa região, criando uma insegurança jurídica prejudicial aos produtores, aos trabalhadores, aos investimentos e à própria autonomia do Estado de Mato Grosso do Sul. Observe-se que se trata de uma área extremamente fértil, povoada, rica em recursos, com produtores lá instalados há décadas, com títulos de propriedade e uma situação perfeitamente estabelecida. De repente, o que se considerava uma situação estável, segura, se vê subitamente em perigo graças a atos administrativos da Funai, que passa a considerar esse Estado como um molde aguardando uma nova forma, imposta de fora. Ressalte-se que uma portaria, que é um ato do Poder Executivo, passa a legislar sobre o direito de propriedade e o pacto federativo, sem que o Poder Legislativo interfira minimamente nesse processo. Um funcionário de terceiro escalão passa a valer mais do que um deputado, um senador e, mesmo, um governador de Estado. Há, evidentemente, uma anomalia em questão.
Mato Grosso do Sul
Rachid caiu por não ser 'gente nossa'
ARTIGO - Marco Antonio Rocha
O Estado de S. Paulo
Está difícil o espírito de camorra desencarnar do PT. O episódio da demissão do secretário da Receita, Jorge Rachid, foi apenas mais um na linha dessa velha tradição do partido. Uma conhecida máxima do futebol recomenda que não se mexe em time que está ganhando. O presidente Lula, apreciador fervoroso do ludopédio, deve ser também um grande cultor dessa filosofia. No entanto, não conseguiu resistir às manobras da camorra, ainda articulada nos porões do PT e, afinal, defenestrou Rachid. Motivo? Aparentemente, nenhum. Nem de ordem técnica nem de natureza política. O homem é uma espécie de Luxemburgo do time fiscal. Pouquíssimos gostam dele, ao que parece. Mas muitos põem a mão no fogo por sua competência técnica e funcional. E o fato é que, no jogo da arrecadação federal, teve muito mais vitórias do que derrotas. Mesmo aceitando, certamente de mau grado, as iniciativas de desoneração fiscal adotadas como políticas de governo - das quais nenhum auditor gosta, principalmente os de carreira - Rachid conseguiu sucessivos recordes de receita, que agora bancam a gastança governamental. E, como se sabe, há poucas coisas tão importantes para qualquer governo, desde os tempos bíblicos, quanto um eficiente coletor de impostos.
Ancelmo Gois - O terceiro de Lula
O Globo
No livro "Lula na Literatura de Cordel", lançado sexta, no Rio, com a presença do próprio presidente, voltou a tese do terceiro mandato.
Diz um versinho do cordelista Marcus Lucenna: "Mas o povão votaria/ Em Lula mais uma vez/ Ele já ganhou duas vezes/ E eu garanto a vocês/ Que o Lula ganha de novo/ E tendo apoio do povo/ Ele pode ganhar três."
É. Pode ser.
Ancelmo Gois - O terceiro de Lula
O gigante socialista
Artigo - Paulo Guedes
O Globo
Para espanto de nossos formadores de opinião, o Brasil foi chamado de "gigante socialista" pelo repórter MacMargolis, na última edição da revista "Newsweek". "Carinhosamente, com naturalidade, sem críticas ou julgamentos", observa Patrícia Carlos de Andrade, do Instituto Millenium, em artigo da sexta-feira no "GLOBO". "O gigante socialista é o resultado de décadas de trabalho de intelectuais, políticos, comunicadores, professores e religiosos... forjando opiniões em escolas, universidades, igrejas, jornais, revistas, programas de rádio e de televisão", alerta a economista com curso de Ph.D. em economia na Universidade da Pensilvânia.
Esse tipo de advertência já fora formulado por Keynes, em sua então revolucionária "Teoria geral do emprego, dos juros e da moeda" (1936): "As idéias dos economistas e dos filósofos políticos, certas ou erradas, têm mais importância do que geralmente se pensa. Na realidade, o mundo é governado quase exclusivamente por elas. Homens de ação que se julgam livres de qualquer influência intelectual são em geral escravos de algum defunto economista. Autoridades insanas, que ouvem vozes no ar, destilam suas utopias inspiradas em descuidados escritos de anos atrás. No domínio da filosofia econômica e política, as idéias que funcionários públicos, políticos e mesmo agitadores aplicam aos acontecimentos atuais têm pouca probabilidade de serem as mais recentes." Para um de meus acadêmicos prediletos, Paul Samuelson, Prêmio Nobel de Economia em 1970, "do ponto de vista puramente teórico, Karl Marx é um pós-ricardiano menor". Construiu o enorme edifício da exploração dos trabalhadores sobre os alicerces estreitos e pantanosos da teoria do valor-trabalho. Mas, como autor do materialismo dialético e da teoria política da luta de classes, sensível ao ranger impessoal das engrenagens capitalistas, teve uma influência extraordinária sobre a história das idéias. Transcendendo a esfera econômica, teve mais influência que os mais influentes economistas, o brilhante Keynes inclusive.
O gigante socialista
Morales tem alta aprovação perto de referendo
O Globo
Com 59% de apoio, presidente da Bolívia teria mandato ratificado
A aprovação da população ao presidente boliviano, Evo Morales, subiu em julho para 59%, o nível mais alto em nove meses, segundo uma pesquisa publicada ontem. A divulgação da pesquisa coincidiu com a etapa final da campanha para o polêmico referendo de 10 de agosto, revogatório de mandatos de Morales e dos governadores. Esse nível de aprovação garantiria a ratificação do presidente, que chegou ao poder em janeiro de 2006 com apoio eleitoral recorde de 53,7%, mas encontrou forte resistência da direita, representada pelos prefeitos. A partir do referendo, Morales espera relançar suas reformas de cunho indígena e socialista, que incluem medidas de nacionalização da economia e extinção de latifúndios.
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